sábado, 26 de abril de 2008

Noite de São João

A rua Leopoldo Machado era uma ladeira, mas uma ladeira pequenina e a casa em que morávamos era a última de um conjunto de sobradinhos.....n o sobrado da direita morava a minha madrinha dona Benedita, e a casa do lado esquerdo era de um senhor pernambucano de nome João....o seu João tinha uns 6 filhos e as duas caçulas a Ana e a Carmo eram jovens adolescentes de seus 14 e 16 anos...(mas pra mim , eram mulheres já)...elas adoravam dançar o frevo e uma vez elas ensaiaram eu a Dalva ...e um dia fizeram umas saias de papel crepom bem rodada e um guarda-chuva também de papel crepom...e fomos com elas e mais algumas pessoas dançar o frevo na rua Omachá.....depois de muito tempo é que fiquei sabendo que era um bloco de carnaval....mas naquele tempo eu era criança por demais, para me dar conta disso.......mas o que o seu João gostava mesmo, era de falar das festas juninas de Pernambuco, mas ele falava tanto, mas tanto, que meu pai teve a idéia de fazer uma festança no dia de São João.....na nossa casa, embaixo da escada, tinha um quartinho de despejo....nossa! ele ficou lotado de fogos de artifício.....meu pai mandou fechar a rua, fez uma fogueira enorme e começou a festa de São João......na frente da nossa casa, tinha uma senhora negra, que carinhosamente, nós chamáva-mos de vó Maria, ela então fez o quentão...( saudades vó Maria, da senhora só tenho boas recordações....)e tome brincadeiras...eu lembro nitidamente de um fogo de artfício em especial...era uma espécie de roleta, que meu pai colocava na paredes e este ia girando...fazendo com isso, lindos movimentos de luzes......quando chegou meia noite, e a fogueira estava em brasa....o seu João rezou, tirou o sapato e atravessou as brasas descalço....ah! foi o momento mais bonito da festa...todos bateram palmas e o seu João chorou agradecido, abaçando meu pai....tenho este momento gravado na minha memória...mas é tão nítido que parece que aconteceu ontem......
A festa acabou, tudo foi limpo...e...eu e o Jomar queríamos fazer a nossa fogueira.....e tome a pegar pauzinhos para fazê-la...tudo pronto começamos a colocar fogo...e....nada da fogueira acender...vai daí que o Jomar mandou eu ir buscar o litro de alcool lá em casa, para ativar o fogo, como todo pau mandado...fui correndo...e ele me ordenou que jogasse o alcool na fogueira e assim fiz, só que não sei como , o fogo subiu, entrou na garrafa e esta explodiu na minha mão...e um pedaço do gargalo transpassou meu dedo indicador...nossa que dor, que medo,quanto sangue...com medo de apanhar e tomar injeção, saí correndo pela rua, com o vidro no dedo e sangrando adoidado...e tome a Jurema dar voltas pelo quarteirão....berrando feito uma louca...e com o vidro no dedo e sangrando......até que o seu João me cercou, me pagou na marra e me levou na farmácia que ficava na Omachá...isto comigo esperneando feito uma cabritinha....lógico que era medo de tomar injeção......graças a Deus, não fiquei com nenhuma sequela no dedo...mas tenho até hoje a cicatriz...na no dedo ....com na bunda...(este imaginário , é lógico)devido as chineladas que levei da minha mãe....

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