segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

eita cafezinho bom!


Olha eu novamente aqui...não adianta, tem dias que volto ao passado mesmo, e, hoje é um desses dias.....
Meu pai, não permitia que nós tomássemos café de jeito nenhum.....café era só para os adultos lá em casa......mas, quando íamos para Lorena, minha saudosa e amada tia Mariúcha, sempre dava um pouquinho para mim.
Ela tinha uma espécie de jarra elétrica, nela, minha tia esquentava a água e depois coava o café em um lugar que não lembro mais o nome, era uma armação de algum material que não sei qual é, verde e com o coador de pano...e o café caía num bule de esmalte verde também...acho que era um conjunto....aí, bem escondida da minha mãe, ela dava para mim uma caneca de café com algumas bolachas Maria.....e isso ficou escondido no fundo da minha memória....
O tempo passou e eu por não tomar café em criança, não peguei o gosto pela bebida em questão...passo anos sem colocar tomar e sem sentir falta....café na minha casa é para visitas, as vezes preciso jogar fora o pó que coloco na geladeira...porque na minha cabeça ele estraga...rsrsrsrsr
Hoje, fui fazer café para o pedreiro, que está arrumando o piso aqui de casa...e na hora em que senti o cheirinho do café coado, lembrei da minha tia Mariucha, e como sempre tenho bolacha Maria na minha casa, pois é a bolacha que mais gosto....não deu outra....tomei café e comi a bolacha como fazia lá em Lorena...molhando a bolacha no café.......que delícia...e saborei sonhando que estava na cozinha da minha tia, e quando vi, estava chorando de saudades....
Saudades dos meus pais, saudades dos meus tios e primos e ....saudades de uma época maravilhosa, onde havia uma integração maior entre os parentes...onde podíamos ir passar férias nas casas do parentes distantes, e éramos muito, mas muito bem recebidos....e fiquei pensando...vá fazer isso hoje....hoje todos estão mais preocupados em ter....ter....ter.....e por isso não sobra mais tempo para ser.....ninguém mais tem tempo para uma convivencia tranquila...para voce ir visitar alguém, tem que telefonar antes, pedindo permissão, caso contrário as pessoas chamam voce de sem educação....
Como isso foi acontecer? eu lembro que as vezes chegavam conhecidos assim de sopetão em casa...e era uma alegria tão grande....nos perdíamos em beijos e abraços....era aquela correria para fazer uma senhora mesa e oferecer o melhor que tínhamos em casa...brincávamos, ríamos, conversávamos.....e nunca passou pela nossa cabeça que nossas visitas estavam invadindo a nossa privacidade....
O tempo passou, a moral e os costumes se transformaram....e eu fico pensando...que pena, que não podemos voltar no tempo....por mais que a modernidade nos favoreça, eu sem sombra de dúvida, ainda prefiro o passado...pois lá a felicidade era simples.....

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Os pestinhas

Não adianta, vira e mexe, os acontecimentos do meu dia a dia, me remetem ao passado.....
Ontem a noite, eu e o kaka, depois de gastar uma latinha de aerosol de inseticita nos pernilongos e os danadinhos não morrerem, ficamos a matá-los na base da toalhada...e teve uma hora que ao tascar uma senhora toalhada em um, e ele morrer, sem querer comecei a gritar..consegui...consegui...
.e na mesma hora, assim como num ralâmpago voltei ao passado......
Meu pai tinha asma, e por isso, ele era alérgico a vários produtos químicos, quer ver meu pai ter crises horrorosas de asma, era encerar a casa com ele por perto......o mesmo acontecia com o inseticida....então para livrarmo-nos dos pernilongos, meu pai comprava o espiral cobra..... eita coisa horrorosa, a casa ficava toda esfumaçada...mas era a única coisa que meu pai não era alérgico.....
Um dia meu pai teve uma crise violenta de asma, e quando fomos dormir, ele não aguentou a fumaça do espiral cobra......com isso , os pernilongos estavam fazendo a festa em nós....é, estavam....pois eu e a Dalva, não aguentando as razantes que os pestinhas davam nos nossos ouvidos, resolvemos matá-los na base da toalhada também....e toca nós duas a ficar pulando de uma cama para outra batendo nos ditos cujos....a princípio começamos light....sem fazer barulho...mas aos poucos fomos ficando entusiasmadas...e a cada pernilongos que matáva-mos fazíamos a comemoração, gritando...".mais, um!...dessa vez eu ganhei,.....eu matei dois de uma vez."...e não nos apercebemos que meus pais estavam escutando o barulho.....em dado momento, meu pai levanta, bravo, mas põe bravo nisso, pois além de ter ficado a tarde toda em crise, precisava descansar para ir trabalhar no dia seguinte......e aquela noite os pestinhas dos pernilongos chuparam um sangue quentinho, quentinho...pois levamos umas belas chineladas do meu pai, em plena madrugada.....
O dia amanheceu, e não lembro qual dos meus irmãos, resolveu fazer o cemitério dos pernilongos.....eu só sei, que um deles foi no quintal que ficava atrás da cozinha , e fez um círculo de gis no chão, com o desenho de uma cruz.....e toda a vez que ele pegava um pernilongo morto no chão, colocava alí no cemitério...rsrsrsrsrsr...o cemitério ficou cheio, mas infelizmente não durou muito, pois minha mãe ao lavar os quintais impiedosamente destruiu o cemitério...rsrsrsrsrsrs

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

A boneca

Ontem recebi um email sobre a década 50/60, e lá tinha de tudo um pouco, músicas de Celi Campello a Ray Conniff...mostrava fotos do rintintin, da lassie....fotos dos cantores da jovem guarda e fotos dos atores de vários seriados...e...tinha também uma foto da dorminhoca....boneca feita de pelúcia que ficava sobre as camas...furor entre donas de casa e adolescentes....pois nas bonequinhas, colocávamos nossa camisolas.....aí como era de se esperar, voltei ao passado e, lembrei da encrenca em que me envolvi por conta dessa bonequinha...rsrsrsrsr..
Eu vivia pedindo para a minha mãe comprar uma boneca dorminhoca para mim, mas ela, sei lá porque, não gostava de nada encima da cama...ela não admitia que ficássemos no quarto durante o dia, para ela o quarto era só para se dormir e não admitia mesmo que levássemos nossas amiguinhas ao nosso quarto e muito menos no quarto dela.....ai de nós se sentássemos na cama....minha mãe ficava brava mesmo......com isso ela não comprava a bendita boneca.....
Um dia, toca a campainha e fui atender...era uma mulher com uma boneca dorminhoca nos braços, dizendo que...se vendêssemos uma cartela de uma rifa todinha, ganharíamos 1 boneca...simples não? e tanto a mulher falou que era facílimo vender a bendita rifa, que enchi a paciencia da minha mãe para deixar eu pegar 2 cartelas....assim eu a Dalva teríamos uma dorminhoca na cama....minha mãe, não permitiu e ainda me deu uma bronca dizendo que ela não queria nada encima das camas...mas eu fiquei inconformada, e na hora que minha mãe entrou, sai bem de mansinho e fui atrás da bendita mulher, dizendo que minha mãe resolveu permitir que eu pegasse as cartelas para vender ....e com as duas cartelas de rifa nas mãos lá fui vender.....só que era assim....voce raspava o quadradinho...um quadradinho era 5 centavos...outro poderia ser 5 reais...(isso no dinheiro da época)...com isso ninguém queria comprar,.....e o medo de ter que pagar uma quantia enorme?...e eu correndo casa por casa da minha rua e das ruas por perto....e consegui vender menos da metade de uma cartela.....como não consegui vender mais, deixei a cartela de lado com o dinheiro e, esperei pela mulher....assim eu devolveria a cartela e devolveria o dinheiro para minhas vizinhas.....tudo isso, sem ninguém da minha casa saber.....
E a mulher chegou no dia combinado....só que, ela queria o dinheiro das duas cartelas..o que fazer? apavorada chamei minha mãe e expliquei o que fiz, minha mãe ficou muito brava, como a mulher foi entregar rifas para uma menina de 12 anos sem o consentimento dos pais? e, tentou argumentar com ela dizendo que ela recebesse as cartelas de volta, que ela, minha mãe, iria devolver o dinheiro aos vizinhos que compraram....mas a mulher estava irredutível...queria porque queria o dinheiro das duas cartelas, e tanto a mulher falou e tanto a mulher falou, que minha mãe fez a seguinte proposta a ela...minha mãe pagava o que restava da cartela e ela não precisaria dar a boneca para mim.,ficava pela segunda cartela....e assim foi feito....só que a mulherzinha também não quis dar a boneca para a ganhadora, dizendo que era pelo prejuízo da segunda cartela que não vendi......rsrsrsrsr....e aquele dia apanhei da minha mãe, pois além dela pagar por algo que não iria usar, ainda teve que devolver o dinheiro para os vizinhos que compraram um número da rifa......rsrsrsrsrsrsr.....
Acho que esta foi uma surra bem merecida...rsrsrsrsrsrs.....sem querer virei uma dorminhoca, mas com a bunda vermelha, pelas chineladas que levei......
Mas como mãe é mãe, e apesar de ser durona a minha percebeu que fiz o que fiz pela vontade de ter a bendita boneca...passado uns tempos ganhei uma, mas com uma condição.......eu teria que fazer as camas de todos por um mes.....e foi assim que tive a minha boneca dorminhoca, furor de todas as adolescentes da década de 60.....rsrsrsrsrs

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

NOSSA SENHORA APARECIDA

Ultimamente , ando muito preguiçosa para escrever minhas saudades...não sei bem o motivo....mas porque ontem, foi o dia em que nós os católicos Brasileiros homenageamos a nossa padroeira, Nossa Senhora Aparecida voltei no tempo, pois lembrei que temos uma foto que tiramos com um lambe-lambe, bem em frente a igreja velha de Aparecida......e só fomos lá, para agradecer uma graça alcançada por minha tia Lídia..
A minha prima Regina, filha da minha tia Lídia, ficou muito doente, e para fazer um tratamento rigoso ela e minha tia, vieram ficar em nossa casa....acho que elas ficaram morando em minha casa durante um mes, a uma mes e meio.....e eu deveria ter meus 12 anos.....
Eu lembro que nesta época estava fazendo furor o cantor Adilson Ramos, e ele cantava maravilhosamente bem a música "relógio" e minha prima Regina não podia escutar a música que chorava....criança boba do jeito que eu era...não tive dúvidas, pedi para a minha professora de piano ensinar para mim a música....ela então ensinou-me....só que eu não tocava em casa, pois queria fazer uma surpresa para a Regina....e com isso ensaiava na casa da dona Yara...e todo o dia, lá ia a Jurema pra casa da dona Yara....quando vi que estava dominando a música sem erro algum.....chamei mi nha prima e toquei...toquei muito....coloquei a alma enquanto tocava...pra que? minha prima quase teve uma sincope de tanto chorar, e com isso pela primeira vez na minha vida, apanhei por tocar muito bem ...rsrsrsrsr....
Nesse dia minha tia, ajoelhou-se no chão lá de casa e também chorando pediu a Nossa Senhora que curasse a filha....acho que ela pediu com tanto fervor, que não passou uns 10 dias e olha a Regina melhorando a olhos vivos...e mais uns dias após , eis a Regina totalmente curada....com isso fomos todos à Aparecida do Norte com minha tia e minha prima agradecer a Nossa Senhora, por esta graça.....
Acho que faz mais de uns 30 anos que não vejo minha prima, sei que ela é professora de física lá em taubaté....mas mesmo assim continuo amando esta prima querida.....
Esta minha saudades é acima de tudo para homenagear a mãe de Jesus e nossa mãe, Maria....que por ser encontrada por pescadores lá rio rio Paraíba recebeu o nome de Senhora Aparecida, e que por seus milagres passou a ser a padroeira do Brasil....
"Ó Maria mãe de Jesus e minha mãe, abençoe o meu planeta, meu país, meus familiares e todos os meus amigos, derrame sobre todos nós a luz do seu coração imaculado"

sábado, 27 de setembro de 2008

As vendedoras

Quando morávamos na rua Leopoldo Machado, para irmos à escola, tínhamos que obrigatoriamente passar pela rua Jaborandi......e nesta rua bem em frente a rua Leopoldo, tinha uma casa com um jardim enorme e muito bem cuidado, com muitas roseiras e margaridas...minhas duas paixões...e neste jardim ficava solto um lindo pavão...que muito exibido, toda a vez que parávamos para ficar admirando-o, ele abria sua maravilhosa calda e andava pra lá e pra pra cá todo garboso....muito lindo mesmo....mas nessa rua um pouquinho mais abaixo e do outro lado, tinha uma fábrica ou depósito, não sei bem ao certo o que era....eu só sei, que uma tarde quando voltávamos da escola, a Dalva viu um cartaz que dizia que eles estavam comprando garrafas vazias.....oras, foi a conta.....a Dalva no ato arquitetou mil planos com o dinheiro que receberia das vendas das ditas garrafas, e a partir daquele dia, olha a dona Jurema e dona Dalva indo nas casas dos conhecidos pedindo garrafas vazias...rsrsrsrsrs....o que a Dalva fazia com a parte que cabia a ela?...comprava gibis, oras...e eu? eu comprava sorvete de coco queimado na venda do japones , lá na rua Caquito, sem contar que ia também na quitanda de outro japones, lá na rua Monsenhor Emílio Teixeira, uma travessa da rua Omachá, comprar uma fruta chamada jatobá e as famosas bolachas japonesas.....até hoje vira e mexe eu compro estas bolachas...elas são uma delícia...mas são caras, as danadas....rsrsrsrs......outro dia comprei jatobá e fui feito uma goderona comer...meu Deus! como o nosso paladar modifica com o passar dos anos....eu achei a fruta horroroza...rsrsrsrsrsrs.....
Mas deixa estar, que mudamos de casa e fomos morar na rua Esmael Dias.....e lá fizemos amizade com a Lêda e Soninha, filhas da dona Elza.....era assim...a Dalva brincava mais com a Lêda, e eu com a Soninha....um dia a Dalva bolou um cirquinho, acho que já contei a estória dele....mas vai que a Dalva é muito minuciosa...gosta que tudo saia do jeito que ela imagina.....e ela colocou na cabeça que teríamos que ter roupas especiais para a apresentação...e quis fazer saias de papel crepom.....e nós éramos umas 10 meninas para a apresentação....mas a Dalva queria que em cada apresentação, nós trocássemos de saias....foi aí que ela lembrou que vendíamos garrafas lá na Leopoldo...e combinou com a Lêda de sair para vender jornais, e assim teríamos dinheiro suficiente para fazer todas as saias.....o que as duas fizeram então...pegaram todos os jornais da minha casa e da casa de Lêda, amarraram no banquinho que tinha atrás das bicicletas delas e combinaram, que no dia seguinte logo após a saída da escola elas iriam procurar quem comprasse os benditos jornais...
No dia seguinte, mal elas chegaram da escola, tiraram os uniformes e nem almoçaram....foram embora a cata de possíveis compradores dos jornais....e o tempo vai passando...passando...e nada das duas voltarem.....a minha mãe e a dona Elza, já estão de cabelos em pé....quando o pai da Lêda chega do serviço, isso as 17 horas horas e fica sabendo que a filha estava fora de casa desde ao meio dia e meio....o homem ficou doido e no ato chamou a polícia....com isso, olha a aglomeração dos vizinhos na nossa porta......meu pai estava viajando nesta ocasião...tinha ido visitar nossos parentes lá em Floripa.....
A rua ficou movimentadíssima, cada um dando uma opinião sobre o que estaria acontecendo....eu muito da escandalosa, chorava feito uma doida...gritando...eu quero minha irmã!...eu quero minha irmã!....isso até levar uns tapas da minha mãe...ai sosseguei o facho...rsrsrsrs....
O pai da Lêda estava hiper nervoso e no nervosismo culpava a dona Elza , pelo sumiço da filha, e na hora em que os dois estão batendo boca, o meu irmão Dário vê as duas chegando lá perto da ponte...aí foi aquela correria...todos correram ao mesmo tempo em direção as duas......e elas....suadas e rindo feito duas tontas.....pois é muito comum na Dalva, quando ela fica nervosa, desatar a rir....rsrsrsr....e o que aconteceu com elas?
Diz a Dalva e a Lêda que elas foram andando de bicicleta a cata de ferro-velho...e pergunta aqui, pergunta alí...foram andando...andando....e se perderam...até que chegaram em um ferro-velho e um homem disse saber aonde tinha uma pessoa que comprava só jornais e que pagava muito bem...e foi levando as duas para um lugar ermo...a Dalva disse que no ato desconfiou e falou pra Lêda que não iria seguir mais adiante....e a Lêda mais ingênua queria por todo o custo seguir o homem....o que fez a Dalva então....pegou os jornais da sua bicicleta jogou no chão e disse para a Lêda que ela iria embora.....e que se a Lêda quisesse ir com o homem , que fosse sozinha.....aí a Lêda resolveu acompanhar a Dalva.....e as duas se safaram de uma possível tragédia.....
Com isso, nossas mães deram o dinheiro para que as duas comprassem os papeis para a confecção das saias...antes porém as duas levaram uns bons tapas.....mas no fundo minha mãe ficou feliz ao perceber que a filha seguia muito bem as recomendações dadas por ela......

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Estórias da minha mãe

Ontem, depois que fiz um bolo de aniversário para o meu filho Fábio, resolvi entrar no computador e ler as minhas "saudades".....li uma boa parte dos meus textos e como sempre acontece, meus pensamentos foram embora para o meu passado...e.... lembrei das estórias sobre nossa família que minha mãe sempre contava ....em quase todas eu faço parte, mesmo que indiretamente, mas tem uma estória em que eu e a Dalva somos as atrizes principais...rsrsrsrsr....se bem que, nem eu nem ela recordamos....mas como meus pais sempre contavam a mesma estória, acredito piamente.....

Quando meu pai voltou da segunda grande guerra, ele comprou uma pequena chácara nas imediações da Hortolândia...lá na Penha....naquela época, aquela região era quase desabitada, e para chegar até a chacrinha, meus pais eram obrigados a atravessar uma pequena ponte de um riozinho e tinham que subir uma ladeira bem íngreme.....nesta chácara nasceram o José Carlos e a Dalva...mas...quando minha mãe estava grávida de 7 meses terceiro filho(eu), era época das chuvas de março...(eu nasci em maio), com isso vira e mexe o rio transbordava....uma noite quando meu pai estava voltando do serviço ,estava caindo o maior toró, na hora em que ele estava atravessando a ponte, esta simplesmente foi levada pela enxurrada juntamente com ele....dizia meu pai para nós, que a salvação dele, foi chegar perto da margem, pois assim ele se agarrou nos matos existente por lá, e a muito custo conseguiu se safar.....com isso, minha mãe ficou apavorada e não quis mais morar lá de jeito nenhum.....o que fez meu pai então...procurou outra casa, alugou a chácara e eles foram morar bem em frente ao portão principal do cemitério da Penha...encima de uma farmácia...onde eu nasci......minha mãe contava que todas as quartas-feira passava o homem que vendia peixe, tocando uma sinetinha....e que meu irmão José Carlos por adorar peixe, na hora que escutava a bendita sineta, ia correndo para a janela da sala que dava pra rua e ficava gritando..."peceloooooooo....peceloooooooooooooooooooo....
cá!...mamãe qué pece" rsrsrsrsrsrsr...até hoje meu irmão adora um peixinho, tanto é que comprou um barco para poder pescar mais a vontade.....
Meu pai era Comandante da gloriosa e extinta Guarda Civil de São Paulo, com isso, ele foi destacado para Bauru...e lá foi a família toda....em Bauru é que começam as minhas lembranças...lembro perfeitamente da casa, do nascimento do meu irmão Dário, da praça e de um rapazinho que morava bem em frente, que eu e a Dalva vivíamos chamando-o de Zé-tatu...o porque disso não me perguntem....mas dessa estoria que meus pais contavam, eu realmente não lembro....
Dizia minha mãe, que numa ocasião houve uma fuga de presos, lá da delegacia que meu pai comandava...e que, um deles depois de alguns dias em liberdade, seqüestrou eu e a Dalva....minha mãe estava de dieta do meu irmãozinho e tinha deixado eu e a Dalva aos cuidados de uma babá......mas sabe-se lá como, nós duas fomos roubadas....e toca a Guarda-Civil em peso a nossa procura...dizia minha mãe, que fomos encontradas um dia depois em uma estação ferroviária de uma cidade vizinha....dizia ela que , o ladrão estava tocando um violão , enquanto eu e a Dalva ficávamos cantando e dançando...e as pessoas com isso davam esmolas pro delinqüente....rsrsrsrsrsrsr.....realmente dessa estória eu não lembro mesmo...mas como era minha mãe que contava, não posso duvidar......

Fico pensando cá com meus botões, minha vida foi muito movimentada mesmo......vivi com uma intensidade tão grande a minha infância e adolescência, que fico pensando...... minha vida poderia muito bem virar uma novela....não das 8 que são dramáticas, mas uma novela-comédia da 7 horas.....rsrsrsrsrsrsr

sábado, 13 de setembro de 2008

Minha tia Chiquita

Hoje está caindo uma chuvinha gostosa aqui em São Paulo, e como é sábado e minha casa está em dia, fiquei um pouco mais na cama....e naquela madorna boa....fiquei relembrando dos meus tios-avós por parte do meu pai.....todos moravam no vale do paraíba, então quando íamos passar nossas férias em Lorena...tínhamos contato e, muitas vezes eles ficavam em minha casa quando vinham para São Paulo.
Minha vó Risoleta tinha 5 irmãos....o mais velho o tio Iberaldo, o tio Etulen, o tio Zizinho, o tio Cicinho e a minha tia Chiquita...todos eles eram bem brancos , altos e quase todos loiros....sim, porque minha Chiquita tinha os cabelos bem negros.....acho que ela tingia....
Mas dos 5, a que mais se destacou para mim, foi minha tia Chiquita......professora aposentada e viúva sem filhos, vira e mexe ia passar uma temporada conosco....ela era uma senhorinha a parte....gabava-se de receber a pensão da guerra do Paraguai....acho que o pai dela ou avô foi herói dessa guerra...não sei ao certo qual deles foi...e por isso a tia Chiquita recebia esta pensão........
Mulher asseiadíssima, suas roupas íntimas, que ela mesmo fazia, cheiravam a perfume......muito branca com aqueles cabelos negros, ela se destacava pelos seios enormes....eu ficava maravilhada de ver como eram grandes....ela também tinha um dom especial.....sabia interpretar sonhos, e com isso vivia ganhando no jogo do bicho..rsrsrsrsrsrsrs...mas os seios....que grandes!
Na rua Pedro Alegretti, quase esquina com a rua Leopoldo Machado , tinha uma cabeleireira e esta senhora fazia aquelas balas de coco, a famosa bala de noiva......eu adorava comer...um dia pedi dinheiro pra minha mãe e fui comprar, como a tia Chiquita estava passando uma temporada conosco, dei umas duas balas para ela...e...ela adorou...com isso vira e mexe...ó a Jurema indo comprar bala com o dinheiro da tia Chiquita......
Um dia a tia Chiquita mandou eu ir comprar dois pacotinhos de balas....deu uma pra nós e ficou com o outro para ela...e toca a comer....e por isso ficou meia ruim ....minha mãe no dia seguinte foi com a Dalva na rua Oriente e eu fiquei em casa fazendo companhia pra minha tia....e ela piorando...eu deveria ter meus 8 para 9 anos......então ela pediu que eu fosse comprar erva-doce na venda para fazer um chazinho...eu prontamente fui....mas peguei cominho ao invés da erva-doce...cheguei em casa e a pedido dela, fui fazer o chá.....ela bebeu e.....piorou terrivelmente......ela vomitava e tinha desinteria......eu fiquei apavorada...pois minha mãe não estava em casa... e sem ninguém pra acudir a minha tia...comecei a ajudá-la a tirar a roupa suja.....foi quando eu vi......os famosos seios dela......rsrsrsrsrsrs.....ô dó!...os seios dela eram de tamanho normal....só que ela por não confiar em banco e com medo de ser roubada , o que fazia....ela própria confeccionava o seu soutien e na parte entre o bojo e o tecido, minha tia fazia dos dois lados uma espécie de bolso....assim todos pensavam que ela tinha seios enormes........e ela ficava protegendo seu rico dinheirinho 24 horas por dia......fiquei proibida por ela de comentar o assunto...mas quando minha mãe chegou corri pra ela contando bem alto o que eu tinha descoberto.....minha tia ficou muito brava comigo, primeiro porque pelo que ela disse pra minha mãe, quase a matei e depois por eu ter contado em altíssimo tom de voz o grande segredo dela.......assim que ela melhorou ela voltou para sua casa lá em cruzeiro....tempos depois nós fomos visitá-la e tudo foi esquecido....só não esqueci o cheirinho bom que ela tinha e, a casa maravilhosa da minha tia....casa bem antiga com o teto muito alto e aqueles móveis coloniais todos entalhados...as camas eram tão altas que para subirmos nelas, tinha uma espécie de banquinho....e os colchões? eram de penas de ganso ou pato...não sei ao certo, eu só sei, que conforme deitávamos os colchões afundavam de tão macios....nossa que saudades!
Fico pensando que eu e meus irmãos fomos privilegiados, pois conhecemos quase todos os nossos parentes e tivemos uma convivência tranqüila...pelo menos com o pessoal do vale do paraíba foi uma convivência muito boa mesmo.......a família da minha mãe ficava muito distante, pois eles moravam no sul.....meus tios também eram maravilhosos, mas não tivemos tanta convivência como com os parentes do meu pai......
Saudades, dos que já estão em outra dimensão....a tia Chiquita, o tio Chico, a tia Mariúcha, meu primo Carlinhos, tio Iberaldo, tio Zizinho, tio Cicinho...saudades.....
saudades mesmo.......passei meus melhores anos de vida ao lado de voces.....se eu pudesse daria um senhor beijo em cada um , assim bem apertado e com aquele senhor abraço.......

terça-feira, 9 de setembro de 2008

O mico

Esta noite sonhei que estava conversando com meu pai via fone.....e conversa vai conversa vem, ele disse-me para ler mais, pois eu estava ficando burrinha pela falta de leitura......
Acordei e fiquei lembrando dele e para não perder o costume, voltei ao passado......
Meu pai adorava ler, tínhamos uma biblioteca em casa, e muitas vezes o que ele fazia.....pegava seu travesseiro, chamava eu ou a Dalva, fazia com que sentássemos no sofá, colocava o travesseiro nas nossas pernas e deitava lendo e pedia para que fizéssemos cafuné enquanto ele lia.......como ele usava muita brilhantina, quando era a minha vez de ficar fazendo cafuné nele...o que eu fazia? oras, fazia um monte de trancinhas.....e elas ficavam em pé, devido a oleosidade...rsrsrsrs....aí eu desmanchava tudo, para refazer novamente.....até que ele dormia....nossa que saudades!
Mas meu pai era bravo...poe bravo nisso, e controlava tudo o que líamos...quando a Dalva entrou para a escola normal, a professora dela pediu para a classe fazer um trabalho sobre o livro..." O cortiço"....ela então pediu dinheiro a minha mãe e foi comprar o livro juntamente com as amigas......chegou em casa e começou a ler.....nisso meu pai chegou do serviço e quis ver o que ela estava lendo.....quando ele viu qual era o livro...esse homem virou uma fera......como a professora dava um livro desses pra garotinha dele ler? ela só tinha 15 anos....nossa, meu pai no dia seguinte foi com tudo na escola.....e foi aquele bate boca com o diretor e a professora....conclusão.... o trabalho foi suspenso...rsrsrsrsrsrsr
Mas não era só isso que meu pai controlava não.....quando tínhamos 15 para 16 anos a sensação do momento eram as revistas....capricho, ilusão e sétimo céu.....imagina só se essas revistas entravam na minha casa? de jeito nenhum isso acontecia....só líamos mesmo quando íamos nas casas das nossas amigas ou quando meu pai estava trabalhando....rsrsrsrs....
adolescente é fogo, quando proíbem aí é que queremos saber qual o motivo...rsrsrsrsrsr...
Com tudo isso, e por eu ser uma criança e adolescente meia aérea....dei muito vexame vida afora....quer dizer dei muito micos....eu sempre falei antes de pensar....muito espalhafatosa vivia criando situações embaraçosas....até hoje preciso me controlar, caso contrário , ó o mico sendo formado.....
Mas o pior mico de todos os tempos eu dei lá em Lorena....eu deveria ter meus 14 para 15 anos...não lembro ao certo....mas que ficou marcado na estória da família...ah! isso ficou.....
Meu primo Carlinhos um dia me convidou para ir com ele até o clube da Mantiqueira, pois ele estava preparando o baile do dia 15 de agosto...festa tradicional de Lorena....isso deveria ser lá pelas 5 ou 6 horas da tarde...na saída do clube ele encontrou com seu amigo de infância, o Julinho...e começa a conversar...e eu do lado...e o Carlinhos vira e mexe falava...." aquele pederasta"....eu nunca tinha escutado esta palavra na vida e não resisti e perguntei pro Carlinhos o significado da palavra......aí do jeito bonachão dele, ele como sempre fazia, desmanchou meus cabelos e disse..." ô Jô, minha menina...pederasta é um rapaz bonito muito educado e que se veste muito bem"...fique feliz com a explicação....estamos em plena praça principal de Lorena...que a esta hora está lotada.....nisso quem eu vejo? o Heitor....o rapaz mais cobiçado de Lorena, um verdadeiro pão....estava ele com um terninho da marca "calhambeque"...lindo...lindo..lindo de viver.....eu querendo aparecer, não tive dúvidas, levantei os braços e comecei a gritar...."ô pederasta! ô Heitor pederasta, voce vai no baile ?"meu primo me deu um senhor puxão e saiu a toda comigo da praça...rsrsrsrsr....ô dó!
Acho que o rapaz quis me matar, não lembro....só sei que este mico que eu dei, ficou nos anais da família ...rsrsrsrsrsrs...

sábado, 6 de setembro de 2008

Superstições

Hoje na hora do meu banho, notei um pontinho branco na minha unha...esfreguei, esfreguei, mas não saiu...aí fiquei olhando o pontinho branco e para não perder o costume, viajei para o passado......
Lembrei que quando eu era criança, esses pontinhos brancos significavam....presente a vista......rsrsrsr...que felicidade quando aparecia um nas unhas....eu pelo menos, ficava impaciente para que a unha crescesse logo e assim o presente "aparecer"...enquanto isso não acontecia ficava imaginando o que iria ganhar e quem iria me dar......
Esse tipo de superstição não foi o único que nós as crianças acreditávamos...
Como minha mente viaja mesmo...lembrei da loira que ficava nos banheiros com uma lâmina gilete para cortar nossos pescoços......meu Deus! que medo eu tinha de ir para a escola.....um dia estava morrendo de vontade de ir no banheiro, mas e o medo? então fui conversar com a minha professora, a irmã Jacinta.....e contei do meu medo....ela então me deu a maior bronca dizendo que no nosso colégio a loira nunca iria entrar, pois ali era um colégio cristão...a partir daí fiquei mais sossegada, mas fui conversar seriamente com a mãe da minha amiguinha cuquita, pedindo a ela, para colocar a cuquita no colégio que eu estudava,pois alí não teria perigo da loira querer pegá-la....a cuquita estudava na escola estadual...rsrsrsrsr....ô dó!
Quando eu tinha meus 13 para 14 anos, fomos passar as férias de julho na casa da minha tia Mariúcha...lá em Lorena.....num sábado, meu primo Carlinhos foi no cinema assistir um filme sobre o conde Drácula....... o tempo passava e nada do Carlinhos voltar para casa.....minha tia ficando muito preocupada, pediu ao meu tio Chico ir ver o que estava acontecendo...e não deu outra.....os rapazes que moravam depois do cemitério de Lorena, não tinham coragem de ir para casa e estavam todos na praça, e meu primo em solidariedade estava junto com os amigos....o que meu tio fez então...levou os rapazes para dormir la na casa dele...a casa ficou lotada de rapazes.....mas mesmo assim a praça de Lorena teve muitos hóspedes aquela noite...rsrsrsrs......
Talvez porque o filme fosse muito violento e fez muito sucesso....começou a correr o boato que tinha um vampiro na Penha.....aí o negócio ficou feio, pois eu morria de medo.....eu implorava para minha irmã deixar eu dormir com ela..e...nada....então não tive dúvidas, peguei uma faca e risquei uma cruz na cabeceira da minha cama e dormia com uma cabeça de alho embaixo do meu travesseiro......
O tempo passou, casei, e quando fui morar em Florianópolis meu pai perguntou se eu iria querer uma cama de solteiro...eu mais que depressa aceitei, pois pensei no Ricardo que estava crescendo....quando a cama chegou, comecei a rir, pois era a minha cama, com a cruz riscada na cabeceira.......mais uma vez o tempo voou e um dia meu filho Raul chegou em casa chorando dizendo que não iria mais para a escola., eu preocupada perguntei o porque...e ele entre soluços disse que o amiguinho dele viu uma loira no banheiro e que ela correu atrás dele com uma gilete nas mãos.....rsrsrsrsrsrsrsr....
até convencer o menino que a loira não existia, levou um bom tempo.....
Fico pensando...o tempo passa e a loira do banheiro continua firme assustando as crianças nas escolas.....e ela é tão real e famosa, que até no livro do Harry Potter tem a menina fantasma que fica no banheiro.....rsrsrsrsrsr.....
O tempo pode até passar,mas as superstições ficam no imaginário popular.

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Anos dourados

Meus irmãos dizem que sou saudosista ao extremo, mas como não ser, se nasci e fui criada nos "anos dourados"?....época de encanto e magia, onde certos valores, festas e tradições eram respeitados.......
Esta noite,depois de um dia tranquilo, deitada na minha cama, escutando o ressonar do kaka, voltei mais uma vez no tempo....e lembrei dos valores que se perderam no tempo......
Lembrei que era costume e dever das crianças beijar as mãos e pedirem a benção dos pais, tios, padrinhos e avós......e que estes colocavam as mãos nas nossas cabeças e respondiam..." que Deus a abençoe!"
Uma vez, lá em Lorena entrei correndo na casa da minha tia Mariúcha e não pedi a benção do meu tio-avô Iberaldo...homem grandão, gordo, bem branco e com uma voz de trovão que assustava....nossa! como ele ficou bravo,ele sentiu-se ofendidíssimo pela falta de respeito, e a partir daquele dia por castigo, todo a vez que eu o via, era obrigada a pedir a benção pra ele ajoelhada...exagero? pode até ser...mas este era o costume da época....os mais velhos não passavam as mãos nas nossas cabeças quando cometíamos alguma falha...éramos repreendidos mesmo...e com isso todos os da minha geração tiveram uma educação sólida.....
E fiquei pensando também nas festas e dias santos, como era diferente as comemorações naquela época....
Lembro que no natal, quase todas as famílias, armavam presépios, uns grandes outros pequenos....mas todas as casas tinham o seu presépio e sempre as portas dessas casas ficavam abertas para a visitação.....eu e a Dalva, quando íamos para a escola nessa época entrávamos em todas essas casas...e ficávamos olhando..... tinha uma casa em especial, que ficava no final da rua Caquito, que era uma maravilha...tinha trenzinho dando voltas em todo o presépio, tinha um riozinho que se movimentava , um homem que socava um pilão...isso no ritmo das águas.....nossa era lindo demais.....e sempre que ficávamos olhando, antes de sair rezávamos uma Ave-Maria........pena que essa tradição tenha acabado.....quando chegava o dia 24 de dezembro a meia noite, assistíamos a missa do galo...e íamos dormir, na esperança que o bom velhinho deixasse nossos presentes debaixo da árvore de natal....árvore , que tinha um monte de velinhas e que minha mãe acendia um pouquinho antes da meia noite..... dizia ela, que era para iluminar o caminho do menino Jesus...assim Ele viria abençoar a nossa casa.....meu Deus! quanta devoção, quanto romantismo.......que saudades!
E a sexta-feira da paixão então?no rádio não se tocava músicas normais...era só músicas clássicas, os santos das igrejas eram revestidos com um pano roxo...isso graças a Deus ainda continua sendo feito.....minha mãe assim como todas as donas de casa, não fazia carnes neste dia...ou era bacalhau ou sardinha.....algumas pessoas e minha mãe estava incluída , não varriam a casa...em sinal de respeito...as tres horas da tarde, rezávamos e minha mãe sempre chorava.....naquele tempo se respeitava a sexta-feira santa....e no sábado de aleluia ao meio dia...era aquela correria para malhar o judas....todas as crianças tinham seu pedaço de pau, geralmente um cabo de vassoura, e saíamos em grupo a cata de um judas pendurado nos postes das ruas e malhávamos sem dó nem piedade....saíamos felizes da vida...pois tínhamos cumprido nossa missão...rsrsrsrsr...chegava o domingo de páscoa...nossa, que correria pela casa, para descobrir o ninho do coelho.....isso eu fiz por muitos anos com meus meninos...tentei passar para eles, todos os valores que meus pais transmitiram aos filhos......
E o dia 27 de setembro? dia de São Gosme e São Damião...nossa, era outro dia de festa total.....as freiras faziam sorteios de brinquedos para nós..um dia ganhei um palhacinho de pano...só a cabeça era de porcelana....uma graça!.....e quando saíamos da escola íamos de casa em casa , recebendo doces....as vezes formava uma fila enorme diante de determinada casa e nós alí firmes, esperando os doces...que alegria......Quando meus filhos eram pequenos , na nossa rua só tinha eles de crianças, mas mesmo assim uma vizinha, a dona Terezinha, montava uma senhora mesa de doces para os tres...era até engraçado, pois tinha tanto doce que eles não conseguiam comer....e sempre sobrava quase tudo....meus meninos graças a dona Terezinha comemoraram o dia dos santinho protetores das crianças.....
Se eu fosse escrever todas as festas, valores e tradições que ficaram esquecidos, ficaria escrevendo...escrevendo...
escrevendo.....uma pena.....pois tenho certeza de que toda a violencia atual nada mais é que a falta dos valores perdidos no tempço....

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Caminhos quase suaves....

Na minha infância, praticamente não existia perigo algum, com isso eu e minha irma Dalva, íamos sozinhas para a escola...mas estas idas e vindas, por sermos crianças normais, sadias, levadas e intensas, foram marcadas por vários momentos engraçados, só um acontecimento que foi meio dramático, mas neste acontecimento eu já era adolescente.....mas vamos as minhas lembranças.....
Sempre que chovia, eu e a Dalva íamos para a escola com nossa capa azul-marinho e um guarda-chuva também azul-marinho....imposição das freiras.......até nosso agasalho de frio era um modelito escolhido por elas, era um casaquinho de lã azul-marinho e nos punhos e na barra, tinha duas carreiras de lã vermelha intercaladas com uma carreira de lã azul -marinho.....este casaquinho era muito bonito,mas como naquele tempo São Paulo garoava demais e o frio era mais intenso...só ele não aguentava o repuxo não, e mesmo assim, não podíamos ir com outra blusinha de lã, ...o que fazia minha mãe então....enchia a gente de agasalhos por baixo do uniforme......ô dó! parecíamos aqueles bonecos de panos bem gordas e só a cabeça de porcelana.....rsrsrsrsrs....
Em uma esquina da rua Caquito, existia uma farmácia, e bem em frente a ela, tinha um bueiro, e a tampa deste bueiro estava meia solta e com um pedaço quebrado, aparecendo os ferros. Sempre que passávamos por ali, desviávamos.....mas um dia em que estava chovendo muito e talvez por andar toda encolhida , sem querer pisei na tampa, e esta mexeu....doidinha do jeito que eu era, achei gostoso...e pulei pro outro lado...e a tampa mexeu novamente....ah! foi a conta, me perdi pulando de um lado pro outro...parecia uma gangorra...e nesse pula prá lá, pula pra cá...a tampa vira de vez, e eu caí lá dentro.....que susto! olha eu e a Dalva berrando em plenos pulmões...o farmacêutico saiu em plena chuva para me resgatar...eu estava toda arranhada nas pernas , pelos ferros...e toda suja....o senhor me levou para casa e tive que ficar de molho por uns dias....pois além das pernas machucadas, peguei uma senhora gripe........
No largo da Penha existia uma filial das lojas Pernambucanas e minha mãe ia sempre lá comprar tecidos para fazer nossos vestidos e shorts para os meninos, com isso ela formou uma amizade bem bacana com as vendedoras e gerente...e sempre que ela ia lá, eu e a Dalva íamos também......
Um dia pra não perder o costume, quando estávamos indo para a escola, eu e a Dalva brigamos...coisa normal entre nós duas naquela época...rsrsrsrsrs...aí fiz pirraça pra ela...fiquei parada enquanto ela andava....e ela durona e tinhosa do jeito que ela era...não tava nem aí pra mim....quando a perdi de vista, me apavorei e saí correndo atrás dela....e nessa correria tropecei e caí de cabeça no poste de ferro que ficava bem enfrente as casas Pernambucanas....eu só escutei o tóiiiiiiiiiiimmmmmmm! rsrsrsrs e caí desmaiada...rsrsrsrsrsr..... voltei a mim com um senhor galo na testa e as vendedoras dizendo umas pras outras....."mas essa não é a menina da dona Marina?"...conclusão...lá fui eu outra vez pra casa, com um galo na testa......acho que sou meia doida devido a tantas pancadas que levei na cabeça....rsrsrsrsrsr....
O tempo passou, fui estudar no Liceu Santo Afonso e lá conheci a Márcia, e ficamos muito amigas , mas amigas mesmo...e por incrível que pareça tínhamos muitos assuntos para conversar...e tempo de menos para ficarmos juntas...como ela morava no bairro do Cangaíba, o que eu fazia...vira e mexe ia com ela até o largo da Penha, pois era alí que ela pegava o ônibus....
Naquele tempo estava na moda, usar fichário...moça que era moderna usava fichário e prancheta....chic nos úrtimos!...
Um dia, quando saímos da escola, eu e a Márcia conversamos, conversamos e como tínhamos muito ainda para conversar, resolvi acompanhar minha amiga até o ponto do ônibus.....falamos, falamos...passou uns três a quatro ônibus, quando vimos que já era uma hora da tarde...apavorada dei um beijo nela e estou indo embora pra casa a passos ligeiros, quando vi um senhor que estava na minha frente cair ...ele bateu com a cabeça no chão e saía muito sangue...só que o senhor estava tendo um ataque epilético...eu nunca tinha visto até então alguém tendo uma crise de epilepsia....e me desesperei....comecei a gritar para as pessoas irem acudir o homem....mas naquele tempo, existia muito preconceito e medo em relação aos epiléticos, todos achavam que a saliva que eles soltavam era altamente contagiosa...com isso ninguém ia ajudar .....e eu nervosa...nervosa, vendo o sangue escorrer e o homem se contorcer.....gritei, gritei pedindo socorro e nada....aí não tive dúvidas, joguei meu fichário com prancheta e folhas no chão..e fui tentar ajudar o homem...mas ele se debatia por demais e eu cai no chão também....aí era o homem tendo um ataque epilético e eu tendo um ataque histérico, pois queria ajudar e não conseguia.....quando o carro da polícia chegou eu estava muito mais atacada que o homem...e nós dois fomos encaminhados para o hospital da Penha......mais tarde minha mãe foi informada do ocorrido e foi me buscar.....nesse dia fiquei muito mal mesmo.....a imagem do homem não saia do meu pensamento, e eu só chorava.... e mais uma vez, precisei ficar de molho por uns dias...aí a Márcia ia conversar comigo lá em casa.....na verdade ela ia pra levar as matéria dadas, mas quem lembrava de matérias?...nós queríamos era jogar conversa fora.....
Graças a Deus atualmente não existe tanto preconceito em relação aos epiléticos.....mas mesmo assim, fico boba ao ver como é difícil ser diferente ou ter alguma doença dita contagiosa, neste mundo doido......

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Meus pais

Minha mãe sempre contava que, antes do meu irmão Jose Carlos nascer, ela tentou por 6 vezes ser mãe, mas infelizmente ou os bebezinhos morriam antes de completar 1 ano, ou a gravides não chegava ao final......com isso ela vivia rezando para realizar seu grande sonho......até que o Zezinho, como dizia ela...vingou.....com isso, sem querer, ela pendia mais pro lado dele...ele era o seu pequeno milagre......tudo em primeiro lugar era para ele.....e quando nós nascemos, ele sentiu-se um pouco dono de nós....principalmente da Dalva e de mim......
Quando ficamos mocinhas e íamos nos bailinhos na nossa rua...ele ficava vigiando.....e só pelo olhar que ele mandava para nós...já sabíamos que vinha bronca.....um verdadeiro tirano...rsrsrsrsrsrs
Mas o que quero contar mesmo, são as manias dos meus pais.....
Talvez pelo medo de perder-nos , eles eram hiper rigorosos na alimentação e na higiene......na minha casa existia uma fartura em frutas e alimentos ricos em vitaminas...todos os dias em nossas refeições tinha verduras cozidas e legumes...e mais de uma variedade por refeição....a minha casa era limpíssima.....e não era permitido que tivéssemos animaizinhos, meu pai leváva-nos 2 vezes ao ano, para tirar radiografia dos pulmões...nesse dia era festa....pois a casa em que ficava localizado o aparelho de raio x, era lá nas imediações do bairro higienópolis...uma mansão bem antiga, com jardins imensos e bem cuidados...eu lembro que eu e a Dalva ficávamos andando pelas ruinhas desse lindo jardim.....lembro até que uma vez fomos vestidas com uma saia xadrez tipo escocesa, com uma blusinha de cambraia branca com bordadinho na golinha redonda, meias soquetes e sapatos estilo boneca.....nossa que saudades!
Minha mãe, uma vez por semana fazia aquela faxina em nós..rsrsrsrs....geralmente era de sábado, pois ela gostava que fôssemos impecáveis para a missa no domingo.....então o que ela fazia? pegava uma bucha vegetal e esfregava nossos pescoços, depois disso passava um algodão com leite de colônia...isso ardia!....depois cortava nossas unhas e limpava por dentro...e sempre reclamava, que as minhas eram as mais sujas....ô dó!...depois vinha as orelhas...e limpa que limpa....os meninos iam para o barbeiro, cortar os cabelos, estilo americanos zero... e o Darinho sempre fazia seu escândalo a parte, com medo da máquina...e nós as meninas, era minha mãe que aparava as pontas dos nossos cabelos....nunca tivemos cabelos compridos na infância...minha mãe não deixava, pois naquela época ainda não tinha os benditos cremes rinse, e os cabelos compridos davam muito trabalho para desembaraçar......
E quando a saúde pública passava dando vacina então? naquela época a saúde pública fazia vacinação em massa...indo de casa em casa...nossa, a Jurema corria dando voltas pelo quarteirão com medo das injeções...uma vez eu e o Jomar ficamos escondidos debaixo da cama dele, pensando que com isso nos livraríamos da vacina..rsrsrs... lêdo engano...rsrsrsrsrs......
Eu lembro que já naquela época minha mãe deixava as saladas de molho no vinagre...isso lá Leopoldo Machado.......eu nunca suportei comer fígado nem salada de agrião....ui!...só de pensar fico arrepiada...até hoje não gosto mesmo....mas era obrigada a comer...nunca consegui escapar desse tormento.....
Meu pai era quem dava as infeções em nós...e infelizmente ele tinha uma mão hiper pesada..se a injeção dói....com meu pai dando, doia mais ainda.........
Minha mãe sempre misturava no nosso feijão uma colherzinha de óleo de fígado de bacalhau., nós éramos tão acostumados a isso, que uma vez acabou o vidrinho e ela não colocou....os 4 de uma vez só, pedimos o peixinho...rsrsrsrs... sentimos falta..... ô dó!.rsrsrsrsrsr...
e o cálice de biotônico fontoura? era em todas as refeições.......
Graças a Deus, tivemos uma vida tranquila nesse sentido...meus pais eram muito zelosos conosco....rigorosíssimos.....
talvez pela educação deles....eles não conseguissem demonstrar todo o amor que sentiam por nós....quer disser, em parte...pois meu pai sempre foi mais aberto nas demonstrações de carinho....mas minha mãe, talvez por ser mais contida, não era assim tão dada a demostrações de carinho...pra ela o importante era que estivéssemos bem alimentados, bem limpos e estudando em bons colégios.....rígidos...isso eles eram.....mas eu sempre agradeço por esta rigidez...pois assim eles conseguiram formar 4 pessoas para o bem.....pois graças a Deus, os 4 filhos dos meus pais deram certo.....e só posso agradecer a eles....
Pai, mãe.....obrigada mesmo pela educação que os senhores deram a nós......

sábado, 23 de agosto de 2008

O caçulinha

Quando fui para escola, meu irmão caçula, o Dário , ficou praticamente sozinho o dia todo.....pois na parte da manhã ficávamos estudando e a tarde, nós, os tres irmãos mais velhos íamos para a aula......com isso ele ficava chorando o tempo todo querendo alguém para brincar com ele...pois apesar de ser mais velha que ele e gostar de uma rua....eu também adorava brincar com meu irmãozinho, e ele era um amorzinho, aceitava tudo que era invenção minha em matéria de brincadeiras....
Minha mãe com dó dele, foi até o colégio das irmãs matriculá-lo, mas infelizmente não foi possível, pois lá não tinha maternal, ainda.....como minha mãe não era mulher de entregar os pontos, saiu a cata de uma escola para ele...e achou.....na rua Caquito tinha uma escola particular bem pequena e a dona desta escola, aceitou o Darinho mesmo ele tendo 3 para 4 aninhos.....
Minha mãe então comprou o uniforme e o material exigido pela diretora......
Na segunda-feira seguinte, olha minha mãe com o Dário pelas mãos indo rumo ao colégio...rsrsrsrsrs....só rindo mesmo.....pois seu eu chorei com medo de que ela não fosse mais me buscar....o Dário fez um escândalo a parte.....esse menino, gritava, esperneava, chutava a diretora... e....mordia a coitada na hora que ela tentava pegá-lo para entrar em sala de aula.....rsrsrsrsrs...e isso aconteceu durante uma semana...aí não teve jeito, minha mãe foi obrigada a tirá-lo da escolinha, pois ele berrava o tempo todo que lá ficava.....ô dó!
Aí não tendo com quem brincar, olha o Darinho vendo tv....e ele adorava o marinheiro Popeye.....e vibrava quando o Popeye ficava forte, depois de comer o espinafre que saia da latinha depois de espremida.
Um dia, sabe-se lá como, o Darinho pegou uma lata de leite vazia , que minha mãe tinha jogado no lixo..e com ela na mão, foi na geladeira , pegou um monte de verdura, misturou com um montão de porcaria que achou pela casa e....guardou....tudo isso sem a minha mãe saber.....
No dia seguinte na hora do desenho, lá estava ele com a sua lata na mão...e na hora que o Popeye comeu o espinafre dele, o Darinho comeu a mistureba que ele fez......o dia passou e olha meu irmão ficando com febre...meu pai que era um chorão de marca maior quando os filhos ficavam doentes, começou a se desesperar, pois o menino só piorava....era vomitando e tendo desintiria... aí.,não teve jeito, e olha meu pai levando o Dário no Dr.Ricardo, lá no largo da Penha.....e foi constatado uma senhora infecção intestinal.....e ficou o ponto de interrogação...o que ele comeu? e toca meus pais a investigarem...até que o Dário contou a estória da misturaba.....aahahahahahahah.
....tadinho, pensando em ficar forte feito o Popeye, teve é que tomar um monte de in jeção dada pelo meu pai.....e meu pai tinha uma mão pesada a beça para aplicar as benditas injeções.....
Nossa, que saudades do meu irmão pequeno, ele era hiper mimado...quando queria uma coisa, não tinha jeito....ele era dessas crianças que se jogam no chão espernando, até conseguir o que querem....mas mesmo assim ele era muito querido mesmo.....
Dário continuo amando muito voce.....voce continua sendo o meu irmãozinho, apesar da nossa idade....as vezes fecho meus olhos e vejo voce com os cabelos cortados no estilo americano zero, com seu shorts curtinhos , suas botinhas kiker e seus olhinhos rasgados, parecendo um indiozinho......... ....voce sempre foi o mais bonito dos 4....vontade de voltar ao tempo só para pegar voce no colo novamente e ver as dobrinhas que voce tinha nos bracinhos e perninhas...lindo...lindo...lindo......
beijos meu irmão querido....

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

As gazeteiras

Eu e meus irmãos, entramos para a escola com seis anos de idade.....fizemos o prezinho, para depois entrar no primeiro ano primário.
Quando a Dalva entrou na escola, minha mãe levou-a durante um mes e depois, era meu irmão Jose Carlos que a levava...
Aí chegou a minha vez, e eu dei trabalho.....pois na minha cabecinha infantil achava que nunca mais iria ver a minha mãe, como eu era hiper agarrada a ela, não tinha jeito...chorava, chorava e chorava.....e foi assim durante um bom tempo, até que minha professora não aguentando mais tanto chororo, fez uma troca de alunas com outra professora, a irmã Bernadete....pronto! aí fiquei em paz.....com isso minha mãe deixou de levar-nos à escola e o meu irmã Jose Carlos voltou a sua antiga posição...companheiro das irmãs na ida ao colégio......
Quando entrei para o primeiro ano primário, eu e a Dalva depois de algum tempo, passamos a ir sozinhas.Minha mãe ensinou-nos um montão de regras básicas, e como naquele tempo não havia tanta maldade como hoje em dia....minha mãe ficava despreocupada em casa.....
Naquele tempo tínhamos aulas aos sábados....esse era o dia em que tínhamos aulas de canto, religião, artes manuais...era um dia light.....e nesse dia também, minha mãe fazia faxina na copa e na cozinha......
A Dalva,leitora assídua de gibis, principalmente da Luluzinha, um dia teve uma brilhante idéia......fazermos uma gazeta....pois ela pensou....será que na nossa escola também tinha o famoso caça gazeteiros igual ao gibi de luluzinha? Grande Dalva, mentora das brincadeiras mais geniais e das artes mais cabeludas...rsrsrsrsrsrsrs..
E assim pensando, ela bolou para o dia de sábado a nossa gazeta escolar....tudo bem planejadinho na cabeça dela , ela guardou segredo, ficando na dela.....e assim chegou o grande dia.....quando estávamos na metade do caminho, ela me perguntou , se eu gostaria de ir brincar no clube esportivo da Penha...oras, era a mesma coisa de perguntar se a abelhinha queria flor, para tirar seu néctar e assim confeccionar o mel mais puro.....rsrsrsrs...no ato aceitei a idéia, e lá fomos nós, felizes da vida...eu já estava até vendo mentalmente qual o brinquedo que iria primeiro......mas fomos barradas na porta.....impossível entrar sem a companhia de um adulto....totalmente tristes voltamos, e quando chegamos na porta da escola, esta já estava fechada...e agora o que fazer?. A Dalva não tinha pensado na possibilidade de algo dar errado......então ficamos andando a esmo pelo centro da Penha, entrando nas lojas de brinquedos , saindo...entrando nos bares pra ir no banheiro, saindo....até que cansadas, voltamos para casa......isso deveria ser umas 3 horas da tarde......
Quando chegamos em casa, minha mãe, juntamente com a ajudante dela, estavam em plena faxina na copa e escutando um rádio-teatro.....acho que era assim que se chamava......
Minha mãe, na hora que nos viu, começou a fazer um montão de perguntas...porque voltaram antes da hora, porque as irmãs não avisaram que sairíamos mais cedo aquele dia...e perguntava, perguntava ...e nós duas nos enrolando pra responder....até que minha mãe não ficou satisfeita com nossas resposta, trocou-se e foi no colégio......conclusão.....
aquele dia levamos umas belas chineladas...e olha o Zezinho voltando a nos levar novamente para a escola.....rsrsrsrsrsrsrsr
Só depois de alguns meses é que minha mãe teve novamente confiança em nós, e assim pudemos voltar a ir para a escola sozinhas.......
Mas nossas idas ao colégio teve vários fatos engraçados e interessantes.....pois nós éramos levadas a beça...e vira e mexe, aprontávamos algo...rsrsrsrsrs

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Jurema.....sobrenome?...furacão

Bem em frente ao nosso sobradinho, morava uma vizinha que carinhosamente tratávamos de vó Maria....talvez por ela ser uma das primeiras proprietárias da rua, o terreno da sua casa era enorme....e nele moravam....ela na casa da frente, logo a seguir a casa da sua filha, a dona Miúda e nos fundos tinha mais uma casa enorme , que a vó Maria alugava.......mas a casa propriamente dita da vó Maria era pequena, e ela vivia ali com seus dois netos, o Doro e a Alaíde....
Eu adorava ir brincar lá, e todas as vezes que isso acontecia, a Alaíde fazia doce de açúcar queimado.....ela derretia o açúcar em uma panelinha e depois jogava encima da pia, que já estava previamente untada com manteiga.....eu deveria ter uns 6 ou 7 anos nessa época....
A cozinha da vó Maria era minúscula, e ela sempre tinha encima da pia uma tina de barro com água potável.....um dia fui brincar lá e não tinha ninguém.....naquele tempo era comum deixar a porta só encostada....então o que fiz eu? oras,entrei e fiquei bisbilhotando toda a cozinha, pensando que talvez encontrasse um pouco do doce , que a Alaíde tinha feito no dia anterior....procurei, procurei e nada....aí tive uma luz... o doce poderia estar encima da pia....peguei então uma cadeira e fui mexer por lá...e mexe daqui, mexe dali,.e a tina de barro cai no chão...e se espatifa todo, espalhando água por todos os lados....apavorada, coloquei a cadeira no lugar e, pernas pra quem te quer.....saí numa carreira só....e fui brincar na casa de um menino que morava acima da casa do seu Fernando.....
Este menino era filho único.. e como ele ficava o tempo todo sozinho , quando eu aparecia por lá, a mãe dele ficava feliz ...com isso eu aproveitava pra me esbaldar brincando com um brinquedo interessantíssimo que ele tinha ...era um conjunto com vários moldes dos personagens do Walt Disney , a mãe desse menino que não lembro o nome, fazia uma porção de gesso, e nós ficávamos entretidos colocando nos moldes para uns 10 minutos depois retirar os bonequinhos....depois a mãe dele deixava a gente pintar com guache.....uma delícia.....
Mas aquele dia eu estava elétrica, pois já tinha aprontado e não tive paciência para fazer os lindos moldes...nisso, vi na varanda da casa do menino, uma cadeira de balanço....pronto...descobri a pólvora, sentei na bendita cadeira, e toca a balançar, e cada vez mais rápido...do jeitinho que eu estava....a mil......e balança que te balança...e vai, e vai, e vai...até que....a cadeira virou e eu cai...bati a testa no chão e a balança por cima de mim..a partir daí foi um chororô só....chorava o menino assustado, chorava eu de dor, pois no ato da queda fez um senhor galo na minha testa., e chorava a mulher....talvez de arrependimento de ter deixado eu entrar na casa dela...rsrsrsrsrsrs.....ô dó!
A mulher me pegou no colo e me levou pra minha mãe....que fez uma compressa de gelo, me deu uma bronca e não me deixou dormir.......to quietinha, assistindo desenho..... e quem aparece em casa? a vó Maria....pois ela ficou sabendo da queda, e foi ver como eu estava...eu? na minha....quietinha......
conversa vai, conversa vem....olha a vó Maria se queixando com a minha mãe,que entrou um gato na casa dela fez a maior bagunça na cozinha, e ainda quebrou a tina da água....mas ela falava pra minha mãe, olhando diretamente pra mim...rsrsrsrsrsrsr....eu? saí de fininho...não esperei pra ouvir o resto da estória, pois eu tinha certeza que se eu ficasse por alí....tudo terminaria numas belas chineladas.......
Realmente não lembro o que aconteceu logo a seguir...acho que ficou por isso mesmo.,....mas de uma coisa eu tenho certeza....toda a vez que eu ia brincar com o menino, ou ele estava dormindo, ou ele ia sair com a mãe......rsrsrsrsrsr
Hoje em dia fico pensando cá com meus botões.....o que seria de mim , se um dos meus meninos fosse a metade do que eu fui......meus Deus! acho que pediria demisão do cargo de mãe....pois pelo que me lembro, eu não fui uma criança normal....eu fui o próprio furacão.......

domingo, 17 de agosto de 2008

Navios Negreiros

A minha mente funciona assim, uma lembrança puxa a outra......e relendo o texto que escrevi sobre a apresentação da Dalva, novamente voltei no tempo, e lembrei das festas grandiosas que a irmãs faziam ao término de cada campanha das santas missões.
As festas quando as apresentações contavam com muitos alunos , eram feitas no pátio interno, onde tinha uma gruta de Nossa Senhora de Lourdes....os pais ficavam nas galerias que rodeavam os pátios...era um empurra , empurra, pois todos queriam ver e tirar fotos de suas crianças.....
Em quase todas as festas eu e a Dalva participávamos das apresentações, ora fazendo parte do coral, ora dançando.....como quase sempre fiz parte do coral, lembro que ficávamos nas escadarias que ia para outro pátio e a professora de música ficava embaixo regendo.....o uniforme era o mesmo do dia a dia....mas impecável.......coisa que nunca acontecia comigo, pois moleca do jeito que eu era, o meu sempre ficava em desalinho....rsrsrsrsrsrsrsr
Mas quando as apresentações eram mais lights, a apresentação se dava no auditório do colégio, que na realidade era um pequeno teatro.....
De todas as apresentações que participamos 3 ficaram gravadas na minha memória.....e vou descrevê-las....
Uma vez a minha professora que não lembro o nome, ensaiou eu e mais 3 meninas a música "O homem de braço de ferro", música que estava na moda...e a nossa fantasia era uma espécie de pinguim...rsrsrsrsrsr....uma saia pregueada de cetim branco, uma blusa de tergal também branca, um fraque de cetim preto, cartola preta, uma bengala também preta e um sapato de verniz estilo boneca preto......como foi a costureira da família da professora quem fez as fantasias, as irmãs não puderam dar palpites....e chegou o grande dia da festa, nós 4 estávamos lindas e bem ensaiadinhas....mas quando a diretora a irmã Maria Clara nos viu, ficou histérica, pois as saias estavam 5 dedos acima do joelho...e ela queria porque queria desmanchar as barras, e a professora se colocou na nossa frente, dizendo que não....eu sei que foi o maior bate boca entre as duas......só conseguimos dançar, porque o vigário da Penha veio ao socorro da professora moderninha.....rsrsrsrsrsrsrsr....

A Dalva quando estava no quarto ano primário dançou o coco juntamente com mais meninas.....dança do nosso folclore.....ela ficava ensaiando lá em casa na nossa sala de jantar o tempo todo e com isso aprendi a música que era mais ou menos assim...."esta nega é do coco do estabiro biro biro.,esta nega é do coco do estabiro biro biro uá.....e olha o coco penero ê...e olha o coco penero uá...." e quando ela falava a palavra coco, elas batiam com os cocos que levavam nas mãos....ora encima , ora embaixo.....foi muito bonito mesmo......
Mas de todas as apresentações que fizemos na escola a mais bonita, a que mais marcou para mim, foi uma apresentação que a Dalva fez no Liceu Santo Afonso....
Meu pai foi uma pessoa a parte, muito sensível, adorava ler, tocar instrumentos e principalmente adorava declamar....vira e mexe olha ele declamando suas poesias preferidas para nós, e como ele declamava bonito!.....empostava a voz e ia embora, perdido nas emoções.....e a Dalva seguiu os passos dele...um dia para fazer uma surpresa para meu pai, ela ensaiou o "Navios negreiros"...e declamou lindo, lindo......aí, como tinha uma festa na escola, ela aproveitou e fez uma apresentação do poema......ela ficou em pé com o uniforme impecável no pátio superior do Liceu, enquanto os pais e alunos ficavam no pátio inferior...e ela colocou o coração e a emoção na voz ao declamar o lindo poema.....eu nesse dia fiquei com o coração explodindo dentro do peito de tão emocionada e de orgulho, e ficava cutucando todos a minha volta dizendo...ela é minha irmã...ela é minha irmã......
A Dalva outro dia disse que sou muito saudosista, mas pergunto...como não ser, se passamos por momentos tão lindos na nossa infância e juventude?
Minha irmã querida, são estes momentos lindos que levaremos para a posteridade e não posso guardar só para mim, quero que nossos filhos e netos saibam que fomos felizes.....

sábado, 16 de agosto de 2008

Bom dia café!

Quando a dona Maria foi embora para Portugual, uma jovenzinha recém casada veio morar no sobradinho acima do sobradinho do Jomar., a dona Yolanda.Como todas as jovens recém casadas, a casa dela primava pela limpeza , pelos móveis novinhos e pelos bibelôs enfeitando tudo...uma lindessa!
Todos que iam na casa dela, eram obrigados a deixar os sapatos na porta de entrada e colocar uma espécie de sandálias de panos feito por ela, pois ela não admitia que o pó da rua maculasse o chão que brilhava mais que espelho. Fora essa esquisitice, ela era um amor de pessoa.Assim como minha madrinha , ela também era professora e ainda sem filhos tomou-se de amores pela minha irmã, a Dalva....pois a Dalva ao contrario da Jurema levada e bagunceira, era quietinha e hiper estudiosa.....e aonde ela ia, olha a Dalva indo também, com isso minha mãe convidou-a para ser madrinha de crisma da minha irmã, convite aceito na hora....naquele tempo, madrinha de crisma também tinha uma importância enorme, pois a crisma nada mais é que a confirmação do batismo....e quando fomos crismadas a dona Yolanda e a dona Benedita , mandaram fazer para cada uma de nós , um vestido lindíssimo....com um laçarote enorme nas costas....e fizeram aquela festa para nós duas.......
Um dia a dona Yolanda começou a ensair suas alunas para uma festa que iria ter na sua escola, e eu e a Dalva íamos na casa dela ver o ensaio.....só que teve um dia, que uma das alunas faltou e a Dalva, mesmo tímida do jeito que era, ficou no lugar da menina, e dançou tão bem, mas tão bem, que a dona Yolando colocou-a para fazer parte da dança.....e a partir daquele dia, olha a Dalva fazendo parte do ensaio......e chegou o dia da apresentação.......
A dona Yolanda até aquele dia , fez mistério a respeito da fantasia que elas iriam usar....no dia da festa, ela levou a Dalva para sua casa e vestiu-a......a Dalva ficou lindíssima...a roupa era assim......uma saia bem rodada de chita de flores coloridas, uma blusa branca de manguinha bufantes de gola mas acentuada e aberta na frente com botõezinhos forrados do mesmo tecido e na cabeça um lenço do mesmo tecido da saia e não tinha sapato...as meninas estavam descalças e com uma peneira enorme.....
Como eu gostaria de saber descrever a coreografia....mas vou tentar.....
A música era essa......" bom dia café...o café que a gente toma, e que tem o doce aroma...é o café do meu Brasil...bom dia café...verdeado ou moreno, meu cafezinho pequeno, que gostoso que voce é...bom dia café, de manhã que coisa louca delicia nossa boca, bom dia ó meu café!." e por aí afora......
As meninas juntamente com a Dalva, conforme a música ia tocando , levantavam a peneira e faziam de conta que estavam sacudindo as folhas que vinham juntamente com o café.....aí elas viravam de costas umas para as outras e formavam uma roda enorme, enquanto uma ia subindo sacudindo a peneira as outras iam descendo.....outras vezes elas colocavam a peneira na cintura e formavam outra roda dançando com as mãos na saia, mexendo as mesmas, pra lá e pra cá.....lindo...lindo....lindo!
A última vez em que estive na casa da Dalva, lá em Florianópolis, ficamos as duas tentando lembrar todos os passos da coreografia.....
O tempo passou, a dona Yolanda teve 5 filhos, mas a lembrança boa do seu amor pela Dalva ficou.......amor que fez com que ela colocasse minha irmã para dançar com suas alunas.....nunca mais vimos a dona Yolanda, pois ela voltou para sua terra, Minas Gerais....mas a imagem da jovem linda e amorosa ficou no meu coração.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

As castanholas

Parece mentira, mas quando eu era pequena, tive todas as doenças ditas infantis e, infelizmente uma atrás da outra, fui da gripe asiática até a caxumba...........só não tive a poliomielite, graças a Deus!..mas de resto, marquei ponto em todas.....hoje em dia isso não acontece mais, devido as vacinas.
Minha mãe sempre contava que quando fiquei com caxumba dos dois lados,,ela estava sem nenhuma auxiliar e para piorar, ela pegou uma gripe fortíssima ficando com pneumonia.
Como não tínhamos parentes morando em são Paulo, minha mãe era obrigada a cuidar dos filhos pequenos, da casa e do marido, mesmo doente..... a sorte dela é que a nossa vizinha de frente a vó Maria, vira e mexe ia dar uma forcinha pra ela....eu lembro que uma quarta-feira lá foi ela ardendo em febre para a feira .....lá então, conversando com uma feirante e falando da minha caxumba , esta senhora ensinou a ela passar uma pomada preta , que não sei o nome e colocar por cima uma folha de fumo, pois como disse a feirante a dor ia para a folha, porque caxumba doí e como doí.....se era científico ou não, não sei....só sei que olha a minha mãe passando a bendita pomada e depois colocando a folha de fumo no meu pescoço, para logo em seguida, amarrar uma fralda do meu irmão Dário, com o nó no alto da cabeça....rsrsrsrsrsrsrsr.....
Mas nessa mesma feira, minha mãe viu um par de castanholas e comprou para me dar de presente.....nossa, eu vibrei quando vi....e a partir daquele dia eu ficava dia e noite tocando as benditas castanholas.....
Quase no final da nossa rua com a Pedro Alegretti, morava uma família de espanhóis e, quando eu fiquei melhorzinha, fui mostrar aos meus amiguinhos que eu também tinha uma castanhola e com isso a mãe deles começou a ensinar eu e a menina , que realmente não lembro o nome, a tocar e a dançar flamengo...e ficávamos assim um bom período entretidas a brincar.....
Bem em frente da casa dos meus amiguinhos espanhóis, tinha outra família , com uma menininha de seus 4 aninhos chamada Tânia, como os pais dessa menina trabalhavam, quem cuidava dela era a avó....um dia esta senhora chamou-me para ir brincar com a netinha, e lá fui eu com minhas castanholas a tira-colo...brinquei, brinquei e vira e mexe olha eu tocando ....acho que infernizei tanto a senhora com o barulho que ela disse que a Tânia iria dormir e mandou-me embora....tudo bem, fui pra minha casa , brinquei um pouco no jardinzinho, quando me deu vontade de comer paçoquinha, pedi dinheiro pra minha mãe e fui na venda do seu Oswaldo, que ficava na esquina da pedro alegretti com a leopoldo Machado, comprei o doce , e aí resolvi dar uma volta no quarteirão, subi a pedro alegretti e ia virando a Vicentina alegretti, quando vi a Tânia de mãos dadas com um homem, quando vi os dois, fiquei realmente brava, pois a avó da menina disse que ela ia dormir e eu alí, vendo a menina passeando ... na hora fiquei injuriada e, voltei e fui reclamar para vó da Tânia....a senhora em questão na hora que eu falei, foi para dentro de casa , voltando logo em seguida com as mãos na cabeça gritando feito louca e saiu pela rua...eu não entendi nadica de nada.....mas eu lembro que foi a maior confusão, o seu Oswaldo e mais outros homens que estavam na venda correram feitos loucos gritando.....aí eu comecei a tremer, pois pensei que eu tinha aprontado alguma arte da grossa e que iria resultar numas boas chineladas.....mas qual! sem querer livrei a Tânia de um tarado....e por uns bons tempos fui hiper paparicada por esta família.....
As minhas castanholas de tanto eu tocar, um dia simplesmente sumiram.....rsrsrsrsrsrsr.......
...minha mãe não entendeu a artista que existia dentro de mim.....só escutava o barulho que eu fazia..... ô dó! rsrsrsrsrsrsrsrsrsr

terça-feira, 5 de agosto de 2008

esquerda-direita

Na esquina da rua Pedro Alegretti com a av. Amador Bueno da Veiga, existia um colégio particular, era um colégio pequeno....ia do prézinho ao quarto ano primário.
A dona dessa escola um dia foi na minha casa pedir ao meu pai a espada dele emprestado, pois ela iria fazer uma comemoração do dia 7 de setembro...meu pai prontamente emprestou.
Passaram-se uns dias, eu estava brincando tranquilamente no jardinzinho, quando escuto uma música diferente, saí no portão para ver da onde vinha aquela música, e vejo os meninos da rua correndo para a rua Pedro Alegretti, curiosa do jeito que eu era, fui atrás.
Aí vi algo que me deixou encantada.A dona do colégio colocou encima de um caminhão todo enfeitado , uma poltrona enorme de encosto bem alto mesmo e nela ficava sentado, um amiguinho meu que morava na Rua Omachá, vestido de D.Pedro e....com a espada do meu pai na cintura...logo atrás vinha uma banda.....então sob o comando do maestro a banda parava de tocar, o caminhão também parava de andar e meu amiguinho levantava da cadeira, puxava a espada gritando em plenos pulmões....."Independência ou morte"......
nossa! mesmo não entendendo o significado de tudo aquilo eu fiquei tão emocionada que chorei.....era a primeira vez na minha vida que eu via um desfile....eu só tinha 6 anos...ainda hoje, quando fecho os olhos e vejo novamente a cena, fico emocionada...lindo...lindo....lindo...

O tempo passou e quando eu estava no terceiro ano primário minha professora , a irmã Jacinta, levou-nos para o pátio do colégio colocou-nos em fila e começou a ensinar e a ensaiar uns passos.....esquerda-direita.....esquerda-direita...bate com a perna esquerda bem forte e com a direita mais devagar...esquerda-direita.....e todos o dia durante um bom tempo, olha o ensaio do esquerda-direita....
A irmã Jacinta um dia deu para nós um bilhete em papel mimeografado, onde o colégio pedia para que fosse comprado uma saia branca pregueada, um par de tênis e uma boina...e minha mãe comprou......até aí eu não tinha atinado nada, para mim era só folia, e assim foi ate´o dia em que a irmã Jacinta, disse que teríamos que estar no colégio no sábado as 8 horas da manhã com o novo uniforme .....e no sábado um pouco antes das 8, olha a Jurema toda prosa no novo uniforme....e assim fui para o meu primeiro desfile...
A formação do desfile era assim.......
Na frente ia uma menina com um uniforme maravilhoso fazendo acrobacias...a baliza....logo atrás vinha as portas-bandeira...e minha irmã Dalva, sempre carregava a bandeira do Brasil....linda, que orgulho!....depois vinha as bicicletas enfeitadas com papéis coloridos , em seguida vinha a fanfarra , para depois vir o pelotão de alunos marchando...esquerda-direita...esquerda-direita....para mim foi a glória! eu me senti a própria desfilando, e quando passava por algum conhecido, aí é que eu batia com força o pé esquerdo no chão....toda cheia de si...rsrsrsrsrs
Quando fui estudar no Liceu Santo Afonso fiz parte da banda marcial, tocando caixinha....ô época boa! pois foi a época dos flertes...era um olho no maestro e outro olho nos rapazes...os gatinhos da Penha.....
Eu adorava desfilar...esquerda-direita....
Somente o meu filho caçula, o Fábio curtiu desfilar como eu.Da quinta série até a conclusão do segundo grau, ele participou da fanfarra, tocando piston....e toda a vez que ele ia desfilar eu acompanhava tirando fotos e curtindo a criançada marchando...esquerda-direita....esquerda-direita.....

domingo, 3 de agosto de 2008

A enxurrada!

Choveu!
Depois de quase um mes, finalmente está chovendo em São Paulo.Estamos em plena madrugada e acordei com o barulhinho gostoso da chuva.
Levantei fui tomar água e fiquei escutando o ritmo cadenciado da água caindo e como sempre acontece minha mente foi embora para minha infância.....e lembrei que sempre, logo após as chuvas, fazíamos barquinhos de papel e íamos colocá-los na enxurrada que se formava , pois morávamos em uma ladeira....fazíamos a maior gritaria, disputando e vendo qual o barquinho que ganhava a corrida...e ficávamos brincando até a água ir acabando e nada mais sobrar.....
Mas um dia , eu estava brincando na casa de uma amiguinha, lá na rua Pedro Alegretti, quando começou uma senhora tempestade de verão...com direito a vento forte, trovoadas e raios.
A mãe da minha amiguinha que não lembro o nome, deveria ter muito medo de raio, pois ela cobriu todos os espelhos da casa com um pano, e toda a vez que caía um raio, a mulher começava a gritar...".Minha Santa Barbara me ajude!"....e gritava, gritava....e eu ficando apavorada com a gritaria da mulher e da minha amiguinha....
Uma hora em que caiu um raio e fez um senhor barulho do trovão, a mulher começou a se descabelar e a gritar feito uma doida.... aí, eu mais apavorada que ela, pensei ....." eu quero é a minha mãe!"...e não tive dúvidas saí correndo, debaixo de chuva mesmo..
No começo, me assustei com os pingos fortes da chuva, mas aos poucos fui adorando sentir a chuva caindo em mim. Quando cheguei perto do portão de casa, olhei e vi a enxurrada...e não sei porque, tive uma idéia brilhante, fui até o começo da rua, na esquina com a rua Omachá, e desci com tudo na enxurrada....nossa que delícia! e fiz isso, uma...duas...três vezes......
Somente porque Anjo da guarda existe mesmo, minha mãe foi na janela do quarto dela ver a chuva....e me viu fazendo a barbaridade, ela não teve dúvidas, saiu com tudo na rua, me pegou pelas orelhas.... e aquele dia, eu levei uma boa surra......rsrsrsrsrsrsrs..bem merecida....rsrsrsrsr..
Mas deixa estar, que a sensação da chuva molhando o meu corpo foi muito gostosa, e vira e mexe quando chovia, olha a Jurema indo pro quintal ficando debaixo da chuva, eu abria os braços e olhava para o alto, enquanto que a chuva caindo ia me molhando toda.....e sempre minha mãe me dava uns tabefes...mas eu não me incomodava não.....eu amava brincar na chuva....
O tempo passou...cresci....casei e tive meus meninos....quando eles eram pequenos, um dia caiu uma deliciosa chuva de verão, aí não resisti, peguei os 3 e fui para o quintal, e fiquei brincando com eles debaixo da chuva.....minha sogra ficou horrorizada, pois ela falou que eu não tinha juízo nenhum e que os meninos poderiam ficar doentes.....eu? eu fiquei é feliz, por que meus filhos experimentaram as mesmas sensações que eu tive quando criança... com a chuva molhando os nossos corpos.......

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

O meu primeiro amor....

Eu tenho uma vizinha, que vira e mexe toca os cds dela no último volume....mas hoje, eu até que gostei....pois ela ficou tocando o cd dos sucessos da jovem guarda.....e aí escutei a música "O meu primeiro amor" com o Renato e seus blue caps........ah, não deu outra! voltei ao passado assim, num piscar de olhos.....e lembrei do meu primeiro namorado, o Nelsinho.....
Até meus 14 anos e meio, eu nem pensava em namoros....vivia brincando de boneca, casinha ...e aprontando uma arte atrás da outra.....mas como toda a jovenzinha , chegou o dia que o romantismo despertou em mim....e eu fazia cadernos e mais cadernos de poesias, e vivia pensando como seria o meu príncipe encantado.....
Um dia, estava calmamente na janela do quarto da minha mãe, quando vi um rapaz entrando na rua com o uniforme da aeronáutica...e este rapaz entrou no primeiro sobradinho da rua.....eu fiquei extasiada, pois ele era lindo....e fiquei pensando...quem seria o moço......assim como quem não quer nada, perguntei para o meu irmão quem era ele.....e o Zezinho me chamou de trouxa, pois era o Nelsinho, amigo dele..... aí fiquei matutando, como era possível que aquele moleque se transformasse num principe encantado assim de uma hora para a outra? e a partir daquele dia, olha a Jurema toda a tarde na janela espiando a chegada do rapaz....e todo o dia era aquela tremedeira quando ele aparecia.....rsrsrsrsrsrsr..
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Nessa época eu e minha irmã começamos a ir nos bailinhos no quintal da casa do Luiz Carlos, e eu nunca era tirada para dançar, pois era toda desengonçada, magra...magra...só tinha pescoço......
Um dia o Márcio, irmão da Cuquita, veio convidar-nos para num bailinho que ele iria dar na casa dele...na vila irma...na nossa rua também.....e lá fomos eu e a Dalva....e pra não perder o costume, olha ninguém me tirando para dançar....quando começa a tocar a música "o meu primeiro amor", quem aparece me convidando para dançar? é...o Nelsinho.....nossa, se eu ficava dura com receio dos rapazes, aquela hora então eu parecia uma tábua gelatinosa....pois além de tremer, eu não conseguia acompanhar os passos do meu amado......mas parece que ele não se importou, porque depois da seleção ficamos conversando e dançando...e isso foi o baile todo...e quando terminou ele perguntou se poderia nos acompanhar...o que aceitamos felizes da vida.....e assim começou o meu primeiro namoro.....só que estávamos em 1966, época em que os pais tinham completo controle das nossa vidas e, minha mãe não permitia que eu saisse com ele....então o que fazíamos...todos os dias ele ia com um amigo conversar comigo e com a Dalva na nossa porta.....e todo o dia ele me levava um chaveirinho ou um presentinho qualquer....com isso começei a minha primeira coleção....de chaveiro....
Um dia ele pediu permissão pra minha mãe , para que déssemos uma volta no quarteirão...e ela deixou ...e lá fui eu toda desengonçada de mãos dadas com o Nelsinho....subimos a rua esmael dias....andamos pela general sócrates , fomos na rua do correio...e quando estávamos voltando na rua general sócrates, quem vinha vindo?...rsrsrsrsr...a minha mãe, apavorada pois estávamos demorando....ahahahahah.....ô dó!
Minha mãe fazia um tratamento dentário na rua guaiauna, num prédio de 4 andares...e um dia eu e o Nelsinho fomos com ela...como o barulho do motorzinho estava me deixando nervosa, fui conversar com o Nelsinho perto da escada...e....num rasgo de audácia, dei um beijo no rosto dele.....e sai correndo pra dentro da sala de espera...e fiquei lá, tremendo feito uma vara verde, com o coração saindo pela boca, apavorada........... o que ele poderia pensar de mim?.....terminada a tortura da minha mãe, fomos embora....e naquela noite quem conseguia dormir? eu não! pois estava por demais emocionada.....esse foi o único beijo que dei no Nelsinho......
Quando eu fiz 15 anos pedi para que meu bolo fosse em forma de coração, pois assim poderia mostrar a todos o quanto eu gostava do Nelsinho....ele me deu de presente uma correntinha de ouro com uma medalhinha, mas infelizmente não pode comparecer a festa, pois estava de serviço no quartel....minha festa foi linda, mas eu estava completamente jururu pela ausência do meu príncipe encantado......
Não lembro porque terminamos o namoro, mas faço uma idéia...rsrsrsrs....depois dele tive outros namoradinhos ., mas o mais marcante para mim foi o Nelsinho, pois eu estava saindo da infância e tudo para mim era novidade, e nosso namoro foi marcado por um profundo romantismo e ingenuidade......

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Mistériossssssssssss........

Hoje lembrei de um fato ocorrido comigo, quando eu tinha meus 11 ou 12 anos.....não sei explicar o que aconteceu....na época eu fiquei hiper assustada e ainda hoje quando lembro, tenho calafrios.......
Quando eu era pequena e até mesmo na minha adolescência, eu adorava dormir com a minha mãe...toda oportunidade que tinha, olha a Jurema indo com tudo pra cama dela.....quando ela acordava cedinho para fazer o café da manhã , o que eu fazia ? pegava o travesseiro dela e tirava mais uma sonequinha...porque eu amava o cheirinho dela que ficava na fronha.....antes de dormir, minha mãe sempre passava leite de colônia do rosto.....e o perfume ficava impregnado no travesseiro....nossa que saudades!
Meu pai tinha um primo que morava na rua recife, primeira travessa da rua guaiauna, o Jorge...que vira e mexe ia lá em casa.....para nós era uma maravilha, pois como ele trabalhava em uma papelaria, toda a vez que ele ia bater um papinho com meu pai, ele sempre levava algum artigo escolar para nós...e sempre com uma novidade, com isso éramos os primeiros da escola a ter os últimos lançamentos escolares...
Um dia o Jorge apareceu lá em casa para conversar com meu pai, eram umas 7 horas da noite, e trouxe para nós um globo terrestre pequeno....muito bonito...o suporte do globo era de madeira, uma belezinha mesmo....mas naquela noite meu pai estava trabalhando, então o Jorge ficou conversando com a minha mãe na sala....e nós participando da conversa....o Jorge era muito palhaço e rimos, rimos muito com ele aquela noite....quando foi lá pelas 10 horas , ele foi embora e, eu aproveitei para dormir com a minha mãe......
O jogo de quarto da minha mãe era hiper moderno, lindo mesmo....os criados mudo , eram grudados na cabeceira da cama....e minha mãe sempre colocava no lado dela o relógio despertador....aqueles bem antigos que tinham uma espécie de sino no alto...e que quando tocavam o quarteirão inteiro escutava de tão barulhento que era......
Estava eu toda feliz ao lado da minha mãe, quando escutei um barulhinho embaixo da cama...parecia que tinha algum bichinho roendo o estrado da cama....assustada falei pra minha mãe que tinha um bicho alí....ela pacientemente levantou-se , acendeu a luz...e toca a procurar o bicho...e nada.....mais sossegada voltei a deitar...não deu uns 5 minutos , olha o barulho novamente...e novamente fiz minha mãe procurar o tal bicho , quando estávamos a duas a olhar debaixo da cama, o despertador começou a tocar....assim ,do nada....nossa que susto!
Minha mãe no ato bateu no pininho para ele parar de tocar e eu vi que eram meia noite em ponto......aí, comecei a tremer e a chorar...minha mãe não entendendo nada, perguntou pra mim o porque do chororô....quando eu disse entre soluços...".mãe, a tia Carlota morreu".....tia Carlota era esposa do irmão da minha mãe, o meu tio Vitor, e era a melhor amiga da minha mãe, quando solteira.....minha mãe até me deu uns tapas, pois achou que eu estava falando besteira e gorando a saúde da minha tia e grande amiga dela.
No dia seguinte, juntamente com meu pai, chegou um telegrama avisando da morte da minha tia......meus pais foram ao enterro dela , lá em Curitiba......e até hoje fico pensando....como será que fiquei sabendo? que mistério é esse, que até hoje ninguém deu uma explicação razoável para mim?...eu heim?!?!?!

domingo, 27 de julho de 2008

Clube Esportivo da Penha

Domingo!
Domingo é o dia da semana que mais gosto e tenho escrito na memória de minh'alma, como dia dos momentos mais felizes da minha infância....pois minha mãe depois de limpar a cozinha do almoço, pegava os 4 filhos e saía a passear.
Como ela era uma mulher sábia, cada domingo era um passeio diferente....em um domingo íamos na chácara da minha tia nenem, no outro íamos visitar as amigas dela (naquele tempo era comum visitar os amigos...assim...sem avisar. ) ...íamos a parques e a um montão de lugares diferentes.
Um domingo minha mãe levou-nos no centro da cidade, e pela primeira vez vimos uma escada rolante...lá na galeria Prestes Maia......que alegria!...que folia!......minha mãe ficou parada esperando e vendo nós...... subindo e descendo... ...rsrsrsrsr... ficamos fazendo isso um tempão....estou fechando os olhos e vendo a nossa alegria e escutando a nossa gritaria....domingo memorável aquele...maravilhoso!...
Mas o que eu gostava mesmo, era quando ela nos levava no Clube Esportivo da Penha...era tudo de bom...pois lá tinha gangorra, escorrega, e o brinquedo mais gostoso do mundo para mim....a balança....
O meu irmão Jose Carlos podia ir na piscina...e nós ficávamos dando tchau para ele, enquanto ele nadava e dava aqueles senhores mergulhos.....nós os pequenos não íamos na piscina porque minha mãe morria de medo...bobeira!....
Um dia em que estávamos na balança, meu irmãozinho Dário saiu correndo para pegar uma que estava vaga, e na pressa e sem olhar, passou em frente de uma menina que estava dando impulso para a balança ir mais alto...com isso ela bateu com os pés do rosto do Darinho e quebrou um dentinho dele, sem contar que os lábios ficaram cortados.....minha mãe quando viu o sangue escorrer pela boca do meu irmão ficou desesperada....eu não sabia quem chorava mais...se ela ou ele....aí no final todos nós chorávamos....ô dó!....mas como tudo na vida passa...este momento foi esquecido e voltamos muitas vezes lá.....eu lembro que lá tinha um lago ou rio...não sei ao certo.....eu sei que minha mãe levava milho e migalhas de pão, para que jogássemos para os patinhos e gansos....eles eram lindos....e muitas vezes as patas saiam da água para vir comer milho nas nossas mãos...e os patinhos bem amarelinhos vinham também.....nossa que momentos inesquecíveis!
Nunca mais fui no clube Esportivo da Penha, mas meu irmão Jose Carlos hoje em dia faz ou fez parte da direção do clube....
Seguindo o exemplo da minha mãe, quando meus filhos eram pequenos fiz o mesmo com eles....só que eu saía cedinho de casa...e levava a famosa "mochila da mãe"....dei aos meus filhos os mesmos momentos felizes que recebi da minha mãe....
Domingo! dia de boas recordações.....

quarta-feira, 23 de julho de 2008

A bicicleta

Em um natal que não consigo lembrar o ano,meu irmão Dário ganhou de presente um velocípede.....o brinquedo era assim.....tinha uma roda grande na frente, com duas pequenas laterias....e entre as rodinhas tinha uma espécie estribo emborrachado....o velocípede era lindo......como morávamos em uma ladeira, e o Darinho era pequeno, minha mãe então obrigava eu e a Dalva irmos com ele na rua Omachá...assim ele poderia pedalar sossegado...e assim fazíamos....íamos pela Omachá, virávamos na rua dona Vicentina Alegretti...e voltávamos....pois a Pedro Alegretti, era uma ladeira bem acentuada até a esquina da Leopoldo Machado......
Um dia, a Dalva tinha que fazer um trabalho escolar e eu realmente não estava com paciência para ficar com o Darinho, e ele chorando que queria pedalar...só que pelo olhar que minha mãe me lançou, fui correndo levar meu irmãozinho para andar no seu velocípedes....e fizemos o mesmo caminho.....quando chegamos na esquina da rua dona Vicentina com a pedro alegretti.....olhei...olhei ...e tive uma idéia.....peguei meu irmão fiz ele ficar em pé no estribo ,sentei no velocípedes e descemos com tudo..............que delícia!...descobri a pólvora......fui correndo chamar a Dalva e o Jomar para ver a minha mais nova invenção em matéria de brincadeira......e a partir daí o Darinho foi relegado a segundo plano...pois fingíamos que íamos levar o coitadinho para pedalar e... ó nós descendo a ladeira a mil por hora.......a folia só terminou quando um vizinho foi contar para minha mãe a barbaridade que estávamos fazendo....mas criança vê perigo em brincadeiras?
Ficamos injuriados quando minha mãe guardou o velocípedes , o Dario a partir daquele dia só pedalava quando minha mãe tinha um tempinho pra ficar com ele na Omachá....tadinho!.....

Mas deixa estar, que com isso ficou a vontade de ter uma bicicleta.....mas só fui ter minha magrela com meus 13 anos....ela também era linda....azul..... aro 21.....a partir daí, eu ganhava o mundo da rua com ela.....
Meu pai ganhou de um amigo um radinho speker que tinha fone de ouvido......novidade na época, pois era importado....e eu tomei posse desse radinho.....um dia, fiz um colarzinho de tricô e coloquei meu radinho dentro....subi na magrela e fui embora pedalando e escutando minhas músicas favoritas...( acho que fui a precurssora do Walkman aqui no Brasil...rsrsrsrsrsrsr)...nessa época nós morávamos na Esmael Dias.....então o que fiz.....entrei na rua guaiauna...subi a rua Recife, entrei na rua general Sócrates,.fui pela rua do correio( não lembro o nome) e com isso cheguei até a av.Amador Bueno da Veiga.....e fui embora, no embalo das pedaladas e das músicas ...e foi passando o cemitério da Penha, o Grupo escolar Barão de Ramalho...a rua leopoldo machado...e eu pedalando....esquecida do mundo....quando dei por mim, estava na Vila Ré....perto da casa da meu primo César...ele tinha acabado de casar com a Rose.....aí não tive dúvidas, fui até a casa dele...quando minha tia nenem me viu por lá....ficou hiper nervosa.....pois eu estava completamente suada e cansada....e longe....muito longe de casa....e levei uns tapas dela....rsrsrsrsrs....ô dó!....aí não teve jeito....tive que voltar de ônibus com ela, enquanto que o César só traria a bike no sábado seguinte.....quando ele estaria de folga no serviço......
Quando mudamos para o apê no centro, dei minha bicicleta, pois não tinha mais onde andar...uma pena, pois era um dos meus passatempos favoritos....

sábado, 19 de julho de 2008

Quanto riso....ó!...quanta alegria.............

Na quadra da rua Leopoldo Machado, depois da rua Omachá, tinha um terreno baldio enorme......e nós éramos terminantemente proibidos de passar por perto....mas um dia, não teve jeito...fui obrigada a entrar nele....caso contrário o Jomar e o Doro não dividiriam comigo uma planta...(não lembro o nome)que depois de amassada, misturada com um pouco de álcool e água....transformaria-se no famoso "sangue de diabo"....e eu não podia ficar sem o meu quinhão, pois no dia seguinte iria ter uma guerra de água....
Estávamos os 3 no jardinzinho entretidos na preparação da mistura, quando minha mãe saiu na porta para dar uma olhada nos filhos.....quando ela me viu, mais que depressa perguntou se eu tinha ido no terreno....e é lógico que eu disse não......aí não deu outra...levei umas belas chineladas, por desobedecer e mentir...chorando perguntei o porque das chineladas e ela mostrou meu vestido lotado de picão....rsrsrsrsrsrsrsr....ô dó! essa é uma das minhas lembranças marcantes do tempo de carnaval.
Ô época gostosa! Meu pai todo o ano trazia para cada um de nós um frasco de lança perfume.....nossa, fechando os olhos dá pra ver....eles eram de metal e cheirosos.... e como eram cheirosos....dava pena ficar jogando nas pessoas....
Uma vez, minha mãe teve uma idéia brilhante.,pegou um monte de bucha no sítio da tia nenem , cortou, secou e fez sacolinhas forradas, com uma alça enorme.....então, era alí que colocávamos nossas bisnagas de água, os confetes e as serpentinas....
Quando éramos pequenos, ela nos levava para ver os desfiles de carros com pessoas fantasiadas...lá no largo da Penha., mas depois quando já estávamos maiorzinhos, minha mãe ia conosco no clube Esportivo da Penha...na matinê de carnaval....ela alugava uma mesa na pista, ficava sentada , enquanto nós ficávamos pulando ao som das marchinhas.....e isto eram os tres dias seguidos.....na terça feira gorda...no final, sempre tinha o concurso de fantasia....uma beleza....
Quando mudamos para a rua Esmael Dias, ainda fomos uns dois ou tres anos no clube esportivo.....mas quando eu fiz 14 anos, nós entramos de sócios no Sport Clube Corinthians então, era lá que íamos dançar o carnaval......e esta, era a época do ano, em que nós as mocinhas podíamos usar calças compridas.....geralmente era uma calça que hoje em dia dá-se o nome de pescador...esta calça ia até mais ou menos o tornozelo e tinha um corte lateral....geralmente usávamos uma bluzinha listrada de decote canoa e sem mangas...e aqueles colares de plástico em formato de flor....ah! sem contar que podíamos usar também alpargatas, pois elas eram mais confortáveis para ficar dançando.....minha mãe no Corinthians, ficava sentada nas arquibancadas vendo eu e a Dalva lá embaixo dançando...e isto também os tres dias seguidos.....
Foi nesta época que a tv passou a transmitir os desfiles de fantasias....nossa, ficávamos grudadas em frente a tv vendo aquelas maravilhas de fantasias , umas mais lindas que a outra....e no final a Wilza Carla, sempre fazia o barraquinho dela....rsrsrsrsrsrs...achando que era injustiçada...e a briga do Clovis Bornai o Evandro de Castro Lima e o Mauro Rosas, então? .....a rivalidade deles era qualquer coisa de bom para nós...pois a cada ano que passava, um queria ter a fantasia melhor e mais bonita que o outro...com isso nós é que ganhávamos em matéria de espetáculo....
Acabado a folia, dias depois, meu pai comprava para nós, a revista Cruzeiro, que trazia as melhores fotos do carnaval...era uma delícia ver as fantasias premiadas, os desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro ....e as fotos do baile de gala do municipal, com mulheres líndíssimas em seus trajes hiper elegantes e com aqueles arranjos maravilhosos na cabeça....
Quando mudamos para o centro, minha mãe ainda nos levava no baile , lá no corinthians.....só que agora, íamos a noite...com isso ela ficava a noite toda sentada lá na arquibancada vendo eu e a Dalva dançando.....ô mãe maravilhosa que tivemos....nós realmente fomos privilegiadas por Deus.....
A última vez que pulei o carnaval foi com 19 anos, pois comecei a trabalhar e no feriado eu preferia ir viajar.....mas só tenho boas lembranças dos meus carnavais, graças a minha a minha mãe....
Quando casei, e meus filhos eram pequenos, eu e minha sogra, fazíamos um lanche reforçado e ficávamos a noite toda, os tres dias de carnaval, enfrente a tv vendo as escolas do Rio.....infelizmente não faço mais isso, pois agora não existe mais respeito...o carnaval se tornou para mim uma exposição muito vulgar do corpo da mulher....uma pena, porque o romantismo e a alegria deu lugar a violência e a pornografia.....

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Liceu Santo Afonso

Depois da estória da bebedeira da freira e do meu radinho, minha permanência no colégio das freiras ficou insustentável, pois elas me perseguiam sem dar trégua.....tudo o que acontecia de ruim por lá....quem era a culpada?.....EU!.... e com isso fui ficando injuriada, pois eu sempre fui muito religiosa, ao ponto de querer ser freira....é bem verdade que eu era levada, que fazia coisas do arco da velha.....mas eu era boazinha....mesmo assim elas me perseguiam....
Um dia depois de ser acusada de algo que não fiz, pensei cá com meus botões:..........." ah, é?!?!?!...me acusaram, me colocaram de castigo, minha mãe foi chamada na escola, levei uns tapas por conta disso e....eu inocente....agora voces vão ver o que é bom pra tosse....."
E a partir daí aprontei....Meu Deus! como aprontei.....eu e a minha aliada Rosa Maria..... pra encurtar o texto.....só vou contar uma das nossas mais famosas "aprontações"......
Naquele tempo, tenis era só para fazer ginástica....então nosso uniforme de educação física era assim.....um shorts bufante azul marinho, uma saia pregueada branca e o tenis.....quando tínhamos aula de educação física, íamos até o último andar do colégio, trocávamos de roupa no vestiário e pronto.....começava a aula..
Um dia eu tive uma idéia brilhante e convidei a Rosa Maria para participar e ela topou....enquanto todas estavam na aula, pedi licença para a professora, dizendo que precisava ir no banheiro...e a Rosa Maria também pediu...e assim lá fomos nós.....só que antes passamos pelo vestiário, pegamos todos os sapatos, amarramos uns nos outros e colocamos do lado de fora do colégio, presos na grade de proteção....como estávamos no quinto ou sexto andar, os sapatos ficaram balançando ao sabor do vento....rsrsrsrsrsrsr..
.terminada a aula fomos nos trocar...e....cadê os sapatos?.......mas deixa estar que enfrente ao colégio tinha o barzinho do "vú"...um senhor libanês que era uma gracinha...e quando ele olhou e viu os sapatos dependurados, foi correndo falar para a madre superiora...rsrsrsrsrsr.....e aquele dia mais uma vez levei um, agora merecido, castigo.....e dessa vez a freiras quiseram falar com meu pai...e bravo do jeito que ele era, levei uma boa surra....mas apanhei feliz......pois estava vingada......rsrsrsrsrsrsrs
Aí não teve jeito, depois de tudo o que aprontei, devido a perseguição das freiras....era impossível eu ficar estudando por lá....e meu pai então, matriculou-me no Liceu Santo Afonso...........que maravilha! pois a Rosa Maria também foi pra lá............
O Liceu era uma escola a parte, a começar pelo uniforme, que era saia e sapato marrom com blusa branca e um distintivo com o emblema do colégio também Marrom........e acima de tudo era um colégio liberal.....................
como saí de um colégio hiper autoritário...fiquei no céu.....pois no Liceu, não tínhamos que ficar em filas, as classes eram mistas..e tinha até uma cantina, onde podíamos comer a vontade, sentadas nos bancos de alvenaria que tinha em torno do pátio...a liberdade era total.....mas tudo isso com os inspetores de alunos vigiando.....mas pra mim isso era novidade...pois no colégio das freiras tínhamos que ficar nas filas até para comer nosso lanche....um horror!....
Até os professores do Liceu, eram pessoas iluminadas, pois eles gostavam de lecionar e eram antes de tudo, amigos dos alunos.....O nosso professor de ciências, o professor Leone, para mim era mais que um pai...pois ele ensinava tudo o que nós jovens precisávamos saber....até passar as mãos pelo corpo depois do banho para retirar o excesso de água e assim não molhar muito as toalhas, ele ensinava.... ( faço isso até hoje)....este professor nasceu com o dom especial para lidar com adolescente...lá no Liceu, não existia dia estipulado para fazer provas...era assim, o professor entrava em sala de aula e aplicava prova surpresa....só assim eles poderiam saber se nós estávamos entendendo a matéria...era um porre, mas com isso nós sempre estávamos estudando....um dia o professor Leone fez uma prova surpresa e eu não respondi quase nada....no final escrevi assim....."professor, respondi o que sabia".......e ele no dia seguinte, entregou-me a prova com um D, e com a resposta....."ervilha...(ele me chamava assim)....dei a nota que voce merecia".....imagine só se eu poderia fazer algo assim nas freiras?!?!?!
Ah! o Liceu era tudo de bom...e....sem contar que tínhamos a melhor banda marcial do estado de São Paulo...pois naquele tempo tinha torneio entre os colégio de São Paulo, para saber qual era a melhor banda...e a nossa ganhava sempre......o Jomar tocava piston na banda....ele era o meu orgulho....pois muitas vezes ele comandava os alunos...ia na frente ....nossa...estou viajando no tempo....pois para mim foram os melhores anos da minha vida.....lá fiz grandes amigos...amei cada um dos professores....os mais marcantes para mim foram....a professora Dirce de história...o professor Leone de ciência, o professor Fernandes de portugues...o professor de música, que infelizmente o nome fugiu...o professor Waldemar de matemática... que era bravo, mas mesmo assim um amor....sem contar o Sílvio, que era o secretário da escola....não posso esquecer também, a inspetora de aluno que era muito querida....mas que infelizmente o nome não vem na minha mente.........
Não posso deixar de falar da famosa" ximbica"...o único ônibus do colégio, que de tão antigo, os alunos colocaram esse nome.......e o Adilson então? ele estudou na classe do meu irmão Dário....e sempre foi um excelente jogador de basquete...e anos depois fez parte da nossa seleção Brasileira de basquete.
ah! e quando íamos disputar algum torneio de basquete? eu e minha amiga Márcia formávamos junto com outras meninas a torcida organizada...que delícia!...íamos brincando, falando alto....planejando como seria nosso grito de guerra......meu Deus! que tempo bom!
Nossa, acho que deveria escrever um capítulo a parte sobre o Liceu Santo Afonso......saudades meu colégio do coração....saudades meus professores amados...saudades meus amigos.....saudades.....saudades.....saudades.....saudades.....saudades!
Quantas saudades!