sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Anos dourados

Meus irmãos dizem que sou saudosista ao extremo, mas como não ser, se nasci e fui criada nos "anos dourados"?....época de encanto e magia, onde certos valores, festas e tradições eram respeitados.......
Esta noite,depois de um dia tranquilo, deitada na minha cama, escutando o ressonar do kaka, voltei mais uma vez no tempo....e lembrei dos valores que se perderam no tempo......
Lembrei que era costume e dever das crianças beijar as mãos e pedirem a benção dos pais, tios, padrinhos e avós......e que estes colocavam as mãos nas nossas cabeças e respondiam..." que Deus a abençoe!"
Uma vez, lá em Lorena entrei correndo na casa da minha tia Mariúcha e não pedi a benção do meu tio-avô Iberaldo...homem grandão, gordo, bem branco e com uma voz de trovão que assustava....nossa! como ele ficou bravo,ele sentiu-se ofendidíssimo pela falta de respeito, e a partir daquele dia por castigo, todo a vez que eu o via, era obrigada a pedir a benção pra ele ajoelhada...exagero? pode até ser...mas este era o costume da época....os mais velhos não passavam as mãos nas nossas cabeças quando cometíamos alguma falha...éramos repreendidos mesmo...e com isso todos os da minha geração tiveram uma educação sólida.....
E fiquei pensando também nas festas e dias santos, como era diferente as comemorações naquela época....
Lembro que no natal, quase todas as famílias, armavam presépios, uns grandes outros pequenos....mas todas as casas tinham o seu presépio e sempre as portas dessas casas ficavam abertas para a visitação.....eu e a Dalva, quando íamos para a escola nessa época entrávamos em todas essas casas...e ficávamos olhando..... tinha uma casa em especial, que ficava no final da rua Caquito, que era uma maravilha...tinha trenzinho dando voltas em todo o presépio, tinha um riozinho que se movimentava , um homem que socava um pilão...isso no ritmo das águas.....nossa era lindo demais.....e sempre que ficávamos olhando, antes de sair rezávamos uma Ave-Maria........pena que essa tradição tenha acabado.....quando chegava o dia 24 de dezembro a meia noite, assistíamos a missa do galo...e íamos dormir, na esperança que o bom velhinho deixasse nossos presentes debaixo da árvore de natal....árvore , que tinha um monte de velinhas e que minha mãe acendia um pouquinho antes da meia noite..... dizia ela, que era para iluminar o caminho do menino Jesus...assim Ele viria abençoar a nossa casa.....meu Deus! quanta devoção, quanto romantismo.......que saudades!
E a sexta-feira da paixão então?no rádio não se tocava músicas normais...era só músicas clássicas, os santos das igrejas eram revestidos com um pano roxo...isso graças a Deus ainda continua sendo feito.....minha mãe assim como todas as donas de casa, não fazia carnes neste dia...ou era bacalhau ou sardinha.....algumas pessoas e minha mãe estava incluída , não varriam a casa...em sinal de respeito...as tres horas da tarde, rezávamos e minha mãe sempre chorava.....naquele tempo se respeitava a sexta-feira santa....e no sábado de aleluia ao meio dia...era aquela correria para malhar o judas....todas as crianças tinham seu pedaço de pau, geralmente um cabo de vassoura, e saíamos em grupo a cata de um judas pendurado nos postes das ruas e malhávamos sem dó nem piedade....saíamos felizes da vida...pois tínhamos cumprido nossa missão...rsrsrsrsr...chegava o domingo de páscoa...nossa, que correria pela casa, para descobrir o ninho do coelho.....isso eu fiz por muitos anos com meus meninos...tentei passar para eles, todos os valores que meus pais transmitiram aos filhos......
E o dia 27 de setembro? dia de São Gosme e São Damião...nossa, era outro dia de festa total.....as freiras faziam sorteios de brinquedos para nós..um dia ganhei um palhacinho de pano...só a cabeça era de porcelana....uma graça!.....e quando saíamos da escola íamos de casa em casa , recebendo doces....as vezes formava uma fila enorme diante de determinada casa e nós alí firmes, esperando os doces...que alegria......Quando meus filhos eram pequenos , na nossa rua só tinha eles de crianças, mas mesmo assim uma vizinha, a dona Terezinha, montava uma senhora mesa de doces para os tres...era até engraçado, pois tinha tanto doce que eles não conseguiam comer....e sempre sobrava quase tudo....meus meninos graças a dona Terezinha comemoraram o dia dos santinho protetores das crianças.....
Se eu fosse escrever todas as festas, valores e tradições que ficaram esquecidos, ficaria escrevendo...escrevendo...
escrevendo.....uma pena.....pois tenho certeza de que toda a violencia atual nada mais é que a falta dos valores perdidos no tempço....

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Caminhos quase suaves....

Na minha infância, praticamente não existia perigo algum, com isso eu e minha irma Dalva, íamos sozinhas para a escola...mas estas idas e vindas, por sermos crianças normais, sadias, levadas e intensas, foram marcadas por vários momentos engraçados, só um acontecimento que foi meio dramático, mas neste acontecimento eu já era adolescente.....mas vamos as minhas lembranças.....
Sempre que chovia, eu e a Dalva íamos para a escola com nossa capa azul-marinho e um guarda-chuva também azul-marinho....imposição das freiras.......até nosso agasalho de frio era um modelito escolhido por elas, era um casaquinho de lã azul-marinho e nos punhos e na barra, tinha duas carreiras de lã vermelha intercaladas com uma carreira de lã azul -marinho.....este casaquinho era muito bonito,mas como naquele tempo São Paulo garoava demais e o frio era mais intenso...só ele não aguentava o repuxo não, e mesmo assim, não podíamos ir com outra blusinha de lã, ...o que fazia minha mãe então....enchia a gente de agasalhos por baixo do uniforme......ô dó! parecíamos aqueles bonecos de panos bem gordas e só a cabeça de porcelana.....rsrsrsrsrs....
Em uma esquina da rua Caquito, existia uma farmácia, e bem em frente a ela, tinha um bueiro, e a tampa deste bueiro estava meia solta e com um pedaço quebrado, aparecendo os ferros. Sempre que passávamos por ali, desviávamos.....mas um dia em que estava chovendo muito e talvez por andar toda encolhida , sem querer pisei na tampa, e esta mexeu....doidinha do jeito que eu era, achei gostoso...e pulei pro outro lado...e a tampa mexeu novamente....ah! foi a conta, me perdi pulando de um lado pro outro...parecia uma gangorra...e nesse pula prá lá, pula pra cá...a tampa vira de vez, e eu caí lá dentro.....que susto! olha eu e a Dalva berrando em plenos pulmões...o farmacêutico saiu em plena chuva para me resgatar...eu estava toda arranhada nas pernas , pelos ferros...e toda suja....o senhor me levou para casa e tive que ficar de molho por uns dias....pois além das pernas machucadas, peguei uma senhora gripe........
No largo da Penha existia uma filial das lojas Pernambucanas e minha mãe ia sempre lá comprar tecidos para fazer nossos vestidos e shorts para os meninos, com isso ela formou uma amizade bem bacana com as vendedoras e gerente...e sempre que ela ia lá, eu e a Dalva íamos também......
Um dia pra não perder o costume, quando estávamos indo para a escola, eu e a Dalva brigamos...coisa normal entre nós duas naquela época...rsrsrsrsrs...aí fiz pirraça pra ela...fiquei parada enquanto ela andava....e ela durona e tinhosa do jeito que ela era...não tava nem aí pra mim....quando a perdi de vista, me apavorei e saí correndo atrás dela....e nessa correria tropecei e caí de cabeça no poste de ferro que ficava bem enfrente as casas Pernambucanas....eu só escutei o tóiiiiiiiiiiimmmmmmm! rsrsrsrs e caí desmaiada...rsrsrsrsrsr..... voltei a mim com um senhor galo na testa e as vendedoras dizendo umas pras outras....."mas essa não é a menina da dona Marina?"...conclusão...lá fui eu outra vez pra casa, com um galo na testa......acho que sou meia doida devido a tantas pancadas que levei na cabeça....rsrsrsrsrsr....
O tempo passou, fui estudar no Liceu Santo Afonso e lá conheci a Márcia, e ficamos muito amigas , mas amigas mesmo...e por incrível que pareça tínhamos muitos assuntos para conversar...e tempo de menos para ficarmos juntas...como ela morava no bairro do Cangaíba, o que eu fazia...vira e mexe ia com ela até o largo da Penha, pois era alí que ela pegava o ônibus....
Naquele tempo estava na moda, usar fichário...moça que era moderna usava fichário e prancheta....chic nos úrtimos!...
Um dia, quando saímos da escola, eu e a Márcia conversamos, conversamos e como tínhamos muito ainda para conversar, resolvi acompanhar minha amiga até o ponto do ônibus.....falamos, falamos...passou uns três a quatro ônibus, quando vimos que já era uma hora da tarde...apavorada dei um beijo nela e estou indo embora pra casa a passos ligeiros, quando vi um senhor que estava na minha frente cair ...ele bateu com a cabeça no chão e saía muito sangue...só que o senhor estava tendo um ataque epilético...eu nunca tinha visto até então alguém tendo uma crise de epilepsia....e me desesperei....comecei a gritar para as pessoas irem acudir o homem....mas naquele tempo, existia muito preconceito e medo em relação aos epiléticos, todos achavam que a saliva que eles soltavam era altamente contagiosa...com isso ninguém ia ajudar .....e eu nervosa...nervosa, vendo o sangue escorrer e o homem se contorcer.....gritei, gritei pedindo socorro e nada....aí não tive dúvidas, joguei meu fichário com prancheta e folhas no chão..e fui tentar ajudar o homem...mas ele se debatia por demais e eu cai no chão também....aí era o homem tendo um ataque epilético e eu tendo um ataque histérico, pois queria ajudar e não conseguia.....quando o carro da polícia chegou eu estava muito mais atacada que o homem...e nós dois fomos encaminhados para o hospital da Penha......mais tarde minha mãe foi informada do ocorrido e foi me buscar.....nesse dia fiquei muito mal mesmo.....a imagem do homem não saia do meu pensamento, e eu só chorava.... e mais uma vez, precisei ficar de molho por uns dias...aí a Márcia ia conversar comigo lá em casa.....na verdade ela ia pra levar as matéria dadas, mas quem lembrava de matérias?...nós queríamos era jogar conversa fora.....
Graças a Deus atualmente não existe tanto preconceito em relação aos epiléticos.....mas mesmo assim, fico boba ao ver como é difícil ser diferente ou ter alguma doença dita contagiosa, neste mundo doido......

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Meus pais

Minha mãe sempre contava que, antes do meu irmão Jose Carlos nascer, ela tentou por 6 vezes ser mãe, mas infelizmente ou os bebezinhos morriam antes de completar 1 ano, ou a gravides não chegava ao final......com isso ela vivia rezando para realizar seu grande sonho......até que o Zezinho, como dizia ela...vingou.....com isso, sem querer, ela pendia mais pro lado dele...ele era o seu pequeno milagre......tudo em primeiro lugar era para ele.....e quando nós nascemos, ele sentiu-se um pouco dono de nós....principalmente da Dalva e de mim......
Quando ficamos mocinhas e íamos nos bailinhos na nossa rua...ele ficava vigiando.....e só pelo olhar que ele mandava para nós...já sabíamos que vinha bronca.....um verdadeiro tirano...rsrsrsrsrsrs
Mas o que quero contar mesmo, são as manias dos meus pais.....
Talvez pelo medo de perder-nos , eles eram hiper rigorosos na alimentação e na higiene......na minha casa existia uma fartura em frutas e alimentos ricos em vitaminas...todos os dias em nossas refeições tinha verduras cozidas e legumes...e mais de uma variedade por refeição....a minha casa era limpíssima.....e não era permitido que tivéssemos animaizinhos, meu pai leváva-nos 2 vezes ao ano, para tirar radiografia dos pulmões...nesse dia era festa....pois a casa em que ficava localizado o aparelho de raio x, era lá nas imediações do bairro higienópolis...uma mansão bem antiga, com jardins imensos e bem cuidados...eu lembro que eu e a Dalva ficávamos andando pelas ruinhas desse lindo jardim.....lembro até que uma vez fomos vestidas com uma saia xadrez tipo escocesa, com uma blusinha de cambraia branca com bordadinho na golinha redonda, meias soquetes e sapatos estilo boneca.....nossa que saudades!
Minha mãe, uma vez por semana fazia aquela faxina em nós..rsrsrsrs....geralmente era de sábado, pois ela gostava que fôssemos impecáveis para a missa no domingo.....então o que ela fazia? pegava uma bucha vegetal e esfregava nossos pescoços, depois disso passava um algodão com leite de colônia...isso ardia!....depois cortava nossas unhas e limpava por dentro...e sempre reclamava, que as minhas eram as mais sujas....ô dó!...depois vinha as orelhas...e limpa que limpa....os meninos iam para o barbeiro, cortar os cabelos, estilo americanos zero... e o Darinho sempre fazia seu escândalo a parte, com medo da máquina...e nós as meninas, era minha mãe que aparava as pontas dos nossos cabelos....nunca tivemos cabelos compridos na infância...minha mãe não deixava, pois naquela época ainda não tinha os benditos cremes rinse, e os cabelos compridos davam muito trabalho para desembaraçar......
E quando a saúde pública passava dando vacina então? naquela época a saúde pública fazia vacinação em massa...indo de casa em casa...nossa, a Jurema corria dando voltas pelo quarteirão com medo das injeções...uma vez eu e o Jomar ficamos escondidos debaixo da cama dele, pensando que com isso nos livraríamos da vacina..rsrsrs... lêdo engano...rsrsrsrsrs......
Eu lembro que já naquela época minha mãe deixava as saladas de molho no vinagre...isso lá Leopoldo Machado.......eu nunca suportei comer fígado nem salada de agrião....ui!...só de pensar fico arrepiada...até hoje não gosto mesmo....mas era obrigada a comer...nunca consegui escapar desse tormento.....
Meu pai era quem dava as infeções em nós...e infelizmente ele tinha uma mão hiper pesada..se a injeção dói....com meu pai dando, doia mais ainda.........
Minha mãe sempre misturava no nosso feijão uma colherzinha de óleo de fígado de bacalhau., nós éramos tão acostumados a isso, que uma vez acabou o vidrinho e ela não colocou....os 4 de uma vez só, pedimos o peixinho...rsrsrsrs... sentimos falta..... ô dó!.rsrsrsrsrsr...
e o cálice de biotônico fontoura? era em todas as refeições.......
Graças a Deus, tivemos uma vida tranquila nesse sentido...meus pais eram muito zelosos conosco....rigorosíssimos.....
talvez pela educação deles....eles não conseguissem demonstrar todo o amor que sentiam por nós....quer disser, em parte...pois meu pai sempre foi mais aberto nas demonstrações de carinho....mas minha mãe, talvez por ser mais contida, não era assim tão dada a demostrações de carinho...pra ela o importante era que estivéssemos bem alimentados, bem limpos e estudando em bons colégios.....rígidos...isso eles eram.....mas eu sempre agradeço por esta rigidez...pois assim eles conseguiram formar 4 pessoas para o bem.....pois graças a Deus, os 4 filhos dos meus pais deram certo.....e só posso agradecer a eles....
Pai, mãe.....obrigada mesmo pela educação que os senhores deram a nós......

sábado, 23 de agosto de 2008

O caçulinha

Quando fui para escola, meu irmão caçula, o Dário , ficou praticamente sozinho o dia todo.....pois na parte da manhã ficávamos estudando e a tarde, nós, os tres irmãos mais velhos íamos para a aula......com isso ele ficava chorando o tempo todo querendo alguém para brincar com ele...pois apesar de ser mais velha que ele e gostar de uma rua....eu também adorava brincar com meu irmãozinho, e ele era um amorzinho, aceitava tudo que era invenção minha em matéria de brincadeiras....
Minha mãe com dó dele, foi até o colégio das irmãs matriculá-lo, mas infelizmente não foi possível, pois lá não tinha maternal, ainda.....como minha mãe não era mulher de entregar os pontos, saiu a cata de uma escola para ele...e achou.....na rua Caquito tinha uma escola particular bem pequena e a dona desta escola, aceitou o Darinho mesmo ele tendo 3 para 4 aninhos.....
Minha mãe então comprou o uniforme e o material exigido pela diretora......
Na segunda-feira seguinte, olha minha mãe com o Dário pelas mãos indo rumo ao colégio...rsrsrsrsrs....só rindo mesmo.....pois seu eu chorei com medo de que ela não fosse mais me buscar....o Dário fez um escândalo a parte.....esse menino, gritava, esperneava, chutava a diretora... e....mordia a coitada na hora que ela tentava pegá-lo para entrar em sala de aula.....rsrsrsrsrs...e isso aconteceu durante uma semana...aí não teve jeito, minha mãe foi obrigada a tirá-lo da escolinha, pois ele berrava o tempo todo que lá ficava.....ô dó!
Aí não tendo com quem brincar, olha o Darinho vendo tv....e ele adorava o marinheiro Popeye.....e vibrava quando o Popeye ficava forte, depois de comer o espinafre que saia da latinha depois de espremida.
Um dia, sabe-se lá como, o Darinho pegou uma lata de leite vazia , que minha mãe tinha jogado no lixo..e com ela na mão, foi na geladeira , pegou um monte de verdura, misturou com um montão de porcaria que achou pela casa e....guardou....tudo isso sem a minha mãe saber.....
No dia seguinte na hora do desenho, lá estava ele com a sua lata na mão...e na hora que o Popeye comeu o espinafre dele, o Darinho comeu a mistureba que ele fez......o dia passou e olha meu irmão ficando com febre...meu pai que era um chorão de marca maior quando os filhos ficavam doentes, começou a se desesperar, pois o menino só piorava....era vomitando e tendo desintiria... aí.,não teve jeito, e olha meu pai levando o Dário no Dr.Ricardo, lá no largo da Penha.....e foi constatado uma senhora infecção intestinal.....e ficou o ponto de interrogação...o que ele comeu? e toca meus pais a investigarem...até que o Dário contou a estória da misturaba.....aahahahahahahah.
....tadinho, pensando em ficar forte feito o Popeye, teve é que tomar um monte de in jeção dada pelo meu pai.....e meu pai tinha uma mão pesada a beça para aplicar as benditas injeções.....
Nossa, que saudades do meu irmão pequeno, ele era hiper mimado...quando queria uma coisa, não tinha jeito....ele era dessas crianças que se jogam no chão espernando, até conseguir o que querem....mas mesmo assim ele era muito querido mesmo.....
Dário continuo amando muito voce.....voce continua sendo o meu irmãozinho, apesar da nossa idade....as vezes fecho meus olhos e vejo voce com os cabelos cortados no estilo americano zero, com seu shorts curtinhos , suas botinhas kiker e seus olhinhos rasgados, parecendo um indiozinho......... ....voce sempre foi o mais bonito dos 4....vontade de voltar ao tempo só para pegar voce no colo novamente e ver as dobrinhas que voce tinha nos bracinhos e perninhas...lindo...lindo...lindo......
beijos meu irmão querido....

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

As gazeteiras

Eu e meus irmãos, entramos para a escola com seis anos de idade.....fizemos o prezinho, para depois entrar no primeiro ano primário.
Quando a Dalva entrou na escola, minha mãe levou-a durante um mes e depois, era meu irmão Jose Carlos que a levava...
Aí chegou a minha vez, e eu dei trabalho.....pois na minha cabecinha infantil achava que nunca mais iria ver a minha mãe, como eu era hiper agarrada a ela, não tinha jeito...chorava, chorava e chorava.....e foi assim durante um bom tempo, até que minha professora não aguentando mais tanto chororo, fez uma troca de alunas com outra professora, a irmã Bernadete....pronto! aí fiquei em paz.....com isso minha mãe deixou de levar-nos à escola e o meu irmã Jose Carlos voltou a sua antiga posição...companheiro das irmãs na ida ao colégio......
Quando entrei para o primeiro ano primário, eu e a Dalva depois de algum tempo, passamos a ir sozinhas.Minha mãe ensinou-nos um montão de regras básicas, e como naquele tempo não havia tanta maldade como hoje em dia....minha mãe ficava despreocupada em casa.....
Naquele tempo tínhamos aulas aos sábados....esse era o dia em que tínhamos aulas de canto, religião, artes manuais...era um dia light.....e nesse dia também, minha mãe fazia faxina na copa e na cozinha......
A Dalva,leitora assídua de gibis, principalmente da Luluzinha, um dia teve uma brilhante idéia......fazermos uma gazeta....pois ela pensou....será que na nossa escola também tinha o famoso caça gazeteiros igual ao gibi de luluzinha? Grande Dalva, mentora das brincadeiras mais geniais e das artes mais cabeludas...rsrsrsrsrsrsrs..
E assim pensando, ela bolou para o dia de sábado a nossa gazeta escolar....tudo bem planejadinho na cabeça dela , ela guardou segredo, ficando na dela.....e assim chegou o grande dia.....quando estávamos na metade do caminho, ela me perguntou , se eu gostaria de ir brincar no clube esportivo da Penha...oras, era a mesma coisa de perguntar se a abelhinha queria flor, para tirar seu néctar e assim confeccionar o mel mais puro.....rsrsrsrs...no ato aceitei a idéia, e lá fomos nós, felizes da vida...eu já estava até vendo mentalmente qual o brinquedo que iria primeiro......mas fomos barradas na porta.....impossível entrar sem a companhia de um adulto....totalmente tristes voltamos, e quando chegamos na porta da escola, esta já estava fechada...e agora o que fazer?. A Dalva não tinha pensado na possibilidade de algo dar errado......então ficamos andando a esmo pelo centro da Penha, entrando nas lojas de brinquedos , saindo...entrando nos bares pra ir no banheiro, saindo....até que cansadas, voltamos para casa......isso deveria ser umas 3 horas da tarde......
Quando chegamos em casa, minha mãe, juntamente com a ajudante dela, estavam em plena faxina na copa e escutando um rádio-teatro.....acho que era assim que se chamava......
Minha mãe, na hora que nos viu, começou a fazer um montão de perguntas...porque voltaram antes da hora, porque as irmãs não avisaram que sairíamos mais cedo aquele dia...e perguntava, perguntava ...e nós duas nos enrolando pra responder....até que minha mãe não ficou satisfeita com nossas resposta, trocou-se e foi no colégio......conclusão.....
aquele dia levamos umas belas chineladas...e olha o Zezinho voltando a nos levar novamente para a escola.....rsrsrsrsrsrsrsr
Só depois de alguns meses é que minha mãe teve novamente confiança em nós, e assim pudemos voltar a ir para a escola sozinhas.......
Mas nossas idas ao colégio teve vários fatos engraçados e interessantes.....pois nós éramos levadas a beça...e vira e mexe, aprontávamos algo...rsrsrsrsrs

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Jurema.....sobrenome?...furacão

Bem em frente ao nosso sobradinho, morava uma vizinha que carinhosamente tratávamos de vó Maria....talvez por ela ser uma das primeiras proprietárias da rua, o terreno da sua casa era enorme....e nele moravam....ela na casa da frente, logo a seguir a casa da sua filha, a dona Miúda e nos fundos tinha mais uma casa enorme , que a vó Maria alugava.......mas a casa propriamente dita da vó Maria era pequena, e ela vivia ali com seus dois netos, o Doro e a Alaíde....
Eu adorava ir brincar lá, e todas as vezes que isso acontecia, a Alaíde fazia doce de açúcar queimado.....ela derretia o açúcar em uma panelinha e depois jogava encima da pia, que já estava previamente untada com manteiga.....eu deveria ter uns 6 ou 7 anos nessa época....
A cozinha da vó Maria era minúscula, e ela sempre tinha encima da pia uma tina de barro com água potável.....um dia fui brincar lá e não tinha ninguém.....naquele tempo era comum deixar a porta só encostada....então o que fiz eu? oras,entrei e fiquei bisbilhotando toda a cozinha, pensando que talvez encontrasse um pouco do doce , que a Alaíde tinha feito no dia anterior....procurei, procurei e nada....aí tive uma luz... o doce poderia estar encima da pia....peguei então uma cadeira e fui mexer por lá...e mexe daqui, mexe dali,.e a tina de barro cai no chão...e se espatifa todo, espalhando água por todos os lados....apavorada, coloquei a cadeira no lugar e, pernas pra quem te quer.....saí numa carreira só....e fui brincar na casa de um menino que morava acima da casa do seu Fernando.....
Este menino era filho único.. e como ele ficava o tempo todo sozinho , quando eu aparecia por lá, a mãe dele ficava feliz ...com isso eu aproveitava pra me esbaldar brincando com um brinquedo interessantíssimo que ele tinha ...era um conjunto com vários moldes dos personagens do Walt Disney , a mãe desse menino que não lembro o nome, fazia uma porção de gesso, e nós ficávamos entretidos colocando nos moldes para uns 10 minutos depois retirar os bonequinhos....depois a mãe dele deixava a gente pintar com guache.....uma delícia.....
Mas aquele dia eu estava elétrica, pois já tinha aprontado e não tive paciência para fazer os lindos moldes...nisso, vi na varanda da casa do menino, uma cadeira de balanço....pronto...descobri a pólvora, sentei na bendita cadeira, e toca a balançar, e cada vez mais rápido...do jeitinho que eu estava....a mil......e balança que te balança...e vai, e vai, e vai...até que....a cadeira virou e eu cai...bati a testa no chão e a balança por cima de mim..a partir daí foi um chororô só....chorava o menino assustado, chorava eu de dor, pois no ato da queda fez um senhor galo na minha testa., e chorava a mulher....talvez de arrependimento de ter deixado eu entrar na casa dela...rsrsrsrsrsrs.....ô dó!
A mulher me pegou no colo e me levou pra minha mãe....que fez uma compressa de gelo, me deu uma bronca e não me deixou dormir.......to quietinha, assistindo desenho..... e quem aparece em casa? a vó Maria....pois ela ficou sabendo da queda, e foi ver como eu estava...eu? na minha....quietinha......
conversa vai, conversa vem....olha a vó Maria se queixando com a minha mãe,que entrou um gato na casa dela fez a maior bagunça na cozinha, e ainda quebrou a tina da água....mas ela falava pra minha mãe, olhando diretamente pra mim...rsrsrsrsrsrsr....eu? saí de fininho...não esperei pra ouvir o resto da estória, pois eu tinha certeza que se eu ficasse por alí....tudo terminaria numas belas chineladas.......
Realmente não lembro o que aconteceu logo a seguir...acho que ficou por isso mesmo.,....mas de uma coisa eu tenho certeza....toda a vez que eu ia brincar com o menino, ou ele estava dormindo, ou ele ia sair com a mãe......rsrsrsrsrsr
Hoje em dia fico pensando cá com meus botões.....o que seria de mim , se um dos meus meninos fosse a metade do que eu fui......meus Deus! acho que pediria demisão do cargo de mãe....pois pelo que me lembro, eu não fui uma criança normal....eu fui o próprio furacão.......

domingo, 17 de agosto de 2008

Navios Negreiros

A minha mente funciona assim, uma lembrança puxa a outra......e relendo o texto que escrevi sobre a apresentação da Dalva, novamente voltei no tempo, e lembrei das festas grandiosas que a irmãs faziam ao término de cada campanha das santas missões.
As festas quando as apresentações contavam com muitos alunos , eram feitas no pátio interno, onde tinha uma gruta de Nossa Senhora de Lourdes....os pais ficavam nas galerias que rodeavam os pátios...era um empurra , empurra, pois todos queriam ver e tirar fotos de suas crianças.....
Em quase todas as festas eu e a Dalva participávamos das apresentações, ora fazendo parte do coral, ora dançando.....como quase sempre fiz parte do coral, lembro que ficávamos nas escadarias que ia para outro pátio e a professora de música ficava embaixo regendo.....o uniforme era o mesmo do dia a dia....mas impecável.......coisa que nunca acontecia comigo, pois moleca do jeito que eu era, o meu sempre ficava em desalinho....rsrsrsrsrsrsrsr
Mas quando as apresentações eram mais lights, a apresentação se dava no auditório do colégio, que na realidade era um pequeno teatro.....
De todas as apresentações que participamos 3 ficaram gravadas na minha memória.....e vou descrevê-las....
Uma vez a minha professora que não lembro o nome, ensaiou eu e mais 3 meninas a música "O homem de braço de ferro", música que estava na moda...e a nossa fantasia era uma espécie de pinguim...rsrsrsrsrsr....uma saia pregueada de cetim branco, uma blusa de tergal também branca, um fraque de cetim preto, cartola preta, uma bengala também preta e um sapato de verniz estilo boneca preto......como foi a costureira da família da professora quem fez as fantasias, as irmãs não puderam dar palpites....e chegou o grande dia da festa, nós 4 estávamos lindas e bem ensaiadinhas....mas quando a diretora a irmã Maria Clara nos viu, ficou histérica, pois as saias estavam 5 dedos acima do joelho...e ela queria porque queria desmanchar as barras, e a professora se colocou na nossa frente, dizendo que não....eu sei que foi o maior bate boca entre as duas......só conseguimos dançar, porque o vigário da Penha veio ao socorro da professora moderninha.....rsrsrsrsrsrsrsr....

A Dalva quando estava no quarto ano primário dançou o coco juntamente com mais meninas.....dança do nosso folclore.....ela ficava ensaiando lá em casa na nossa sala de jantar o tempo todo e com isso aprendi a música que era mais ou menos assim...."esta nega é do coco do estabiro biro biro.,esta nega é do coco do estabiro biro biro uá.....e olha o coco penero ê...e olha o coco penero uá...." e quando ela falava a palavra coco, elas batiam com os cocos que levavam nas mãos....ora encima , ora embaixo.....foi muito bonito mesmo......
Mas de todas as apresentações que fizemos na escola a mais bonita, a que mais marcou para mim, foi uma apresentação que a Dalva fez no Liceu Santo Afonso....
Meu pai foi uma pessoa a parte, muito sensível, adorava ler, tocar instrumentos e principalmente adorava declamar....vira e mexe olha ele declamando suas poesias preferidas para nós, e como ele declamava bonito!.....empostava a voz e ia embora, perdido nas emoções.....e a Dalva seguiu os passos dele...um dia para fazer uma surpresa para meu pai, ela ensaiou o "Navios negreiros"...e declamou lindo, lindo......aí, como tinha uma festa na escola, ela aproveitou e fez uma apresentação do poema......ela ficou em pé com o uniforme impecável no pátio superior do Liceu, enquanto os pais e alunos ficavam no pátio inferior...e ela colocou o coração e a emoção na voz ao declamar o lindo poema.....eu nesse dia fiquei com o coração explodindo dentro do peito de tão emocionada e de orgulho, e ficava cutucando todos a minha volta dizendo...ela é minha irmã...ela é minha irmã......
A Dalva outro dia disse que sou muito saudosista, mas pergunto...como não ser, se passamos por momentos tão lindos na nossa infância e juventude?
Minha irmã querida, são estes momentos lindos que levaremos para a posteridade e não posso guardar só para mim, quero que nossos filhos e netos saibam que fomos felizes.....

sábado, 16 de agosto de 2008

Bom dia café!

Quando a dona Maria foi embora para Portugual, uma jovenzinha recém casada veio morar no sobradinho acima do sobradinho do Jomar., a dona Yolanda.Como todas as jovens recém casadas, a casa dela primava pela limpeza , pelos móveis novinhos e pelos bibelôs enfeitando tudo...uma lindessa!
Todos que iam na casa dela, eram obrigados a deixar os sapatos na porta de entrada e colocar uma espécie de sandálias de panos feito por ela, pois ela não admitia que o pó da rua maculasse o chão que brilhava mais que espelho. Fora essa esquisitice, ela era um amor de pessoa.Assim como minha madrinha , ela também era professora e ainda sem filhos tomou-se de amores pela minha irmã, a Dalva....pois a Dalva ao contrario da Jurema levada e bagunceira, era quietinha e hiper estudiosa.....e aonde ela ia, olha a Dalva indo também, com isso minha mãe convidou-a para ser madrinha de crisma da minha irmã, convite aceito na hora....naquele tempo, madrinha de crisma também tinha uma importância enorme, pois a crisma nada mais é que a confirmação do batismo....e quando fomos crismadas a dona Yolanda e a dona Benedita , mandaram fazer para cada uma de nós , um vestido lindíssimo....com um laçarote enorme nas costas....e fizeram aquela festa para nós duas.......
Um dia a dona Yolanda começou a ensair suas alunas para uma festa que iria ter na sua escola, e eu e a Dalva íamos na casa dela ver o ensaio.....só que teve um dia, que uma das alunas faltou e a Dalva, mesmo tímida do jeito que era, ficou no lugar da menina, e dançou tão bem, mas tão bem, que a dona Yolando colocou-a para fazer parte da dança.....e a partir daquele dia, olha a Dalva fazendo parte do ensaio......e chegou o dia da apresentação.......
A dona Yolanda até aquele dia , fez mistério a respeito da fantasia que elas iriam usar....no dia da festa, ela levou a Dalva para sua casa e vestiu-a......a Dalva ficou lindíssima...a roupa era assim......uma saia bem rodada de chita de flores coloridas, uma blusa branca de manguinha bufantes de gola mas acentuada e aberta na frente com botõezinhos forrados do mesmo tecido e na cabeça um lenço do mesmo tecido da saia e não tinha sapato...as meninas estavam descalças e com uma peneira enorme.....
Como eu gostaria de saber descrever a coreografia....mas vou tentar.....
A música era essa......" bom dia café...o café que a gente toma, e que tem o doce aroma...é o café do meu Brasil...bom dia café...verdeado ou moreno, meu cafezinho pequeno, que gostoso que voce é...bom dia café, de manhã que coisa louca delicia nossa boca, bom dia ó meu café!." e por aí afora......
As meninas juntamente com a Dalva, conforme a música ia tocando , levantavam a peneira e faziam de conta que estavam sacudindo as folhas que vinham juntamente com o café.....aí elas viravam de costas umas para as outras e formavam uma roda enorme, enquanto uma ia subindo sacudindo a peneira as outras iam descendo.....outras vezes elas colocavam a peneira na cintura e formavam outra roda dançando com as mãos na saia, mexendo as mesmas, pra lá e pra cá.....lindo...lindo....lindo!
A última vez em que estive na casa da Dalva, lá em Florianópolis, ficamos as duas tentando lembrar todos os passos da coreografia.....
O tempo passou, a dona Yolanda teve 5 filhos, mas a lembrança boa do seu amor pela Dalva ficou.......amor que fez com que ela colocasse minha irmã para dançar com suas alunas.....nunca mais vimos a dona Yolanda, pois ela voltou para sua terra, Minas Gerais....mas a imagem da jovem linda e amorosa ficou no meu coração.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

As castanholas

Parece mentira, mas quando eu era pequena, tive todas as doenças ditas infantis e, infelizmente uma atrás da outra, fui da gripe asiática até a caxumba...........só não tive a poliomielite, graças a Deus!..mas de resto, marquei ponto em todas.....hoje em dia isso não acontece mais, devido as vacinas.
Minha mãe sempre contava que quando fiquei com caxumba dos dois lados,,ela estava sem nenhuma auxiliar e para piorar, ela pegou uma gripe fortíssima ficando com pneumonia.
Como não tínhamos parentes morando em são Paulo, minha mãe era obrigada a cuidar dos filhos pequenos, da casa e do marido, mesmo doente..... a sorte dela é que a nossa vizinha de frente a vó Maria, vira e mexe ia dar uma forcinha pra ela....eu lembro que uma quarta-feira lá foi ela ardendo em febre para a feira .....lá então, conversando com uma feirante e falando da minha caxumba , esta senhora ensinou a ela passar uma pomada preta , que não sei o nome e colocar por cima uma folha de fumo, pois como disse a feirante a dor ia para a folha, porque caxumba doí e como doí.....se era científico ou não, não sei....só sei que olha a minha mãe passando a bendita pomada e depois colocando a folha de fumo no meu pescoço, para logo em seguida, amarrar uma fralda do meu irmão Dário, com o nó no alto da cabeça....rsrsrsrsrsrsrsr.....
Mas nessa mesma feira, minha mãe viu um par de castanholas e comprou para me dar de presente.....nossa, eu vibrei quando vi....e a partir daquele dia eu ficava dia e noite tocando as benditas castanholas.....
Quase no final da nossa rua com a Pedro Alegretti, morava uma família de espanhóis e, quando eu fiquei melhorzinha, fui mostrar aos meus amiguinhos que eu também tinha uma castanhola e com isso a mãe deles começou a ensinar eu e a menina , que realmente não lembro o nome, a tocar e a dançar flamengo...e ficávamos assim um bom período entretidas a brincar.....
Bem em frente da casa dos meus amiguinhos espanhóis, tinha outra família , com uma menininha de seus 4 aninhos chamada Tânia, como os pais dessa menina trabalhavam, quem cuidava dela era a avó....um dia esta senhora chamou-me para ir brincar com a netinha, e lá fui eu com minhas castanholas a tira-colo...brinquei, brinquei e vira e mexe olha eu tocando ....acho que infernizei tanto a senhora com o barulho que ela disse que a Tânia iria dormir e mandou-me embora....tudo bem, fui pra minha casa , brinquei um pouco no jardinzinho, quando me deu vontade de comer paçoquinha, pedi dinheiro pra minha mãe e fui na venda do seu Oswaldo, que ficava na esquina da pedro alegretti com a leopoldo Machado, comprei o doce , e aí resolvi dar uma volta no quarteirão, subi a pedro alegretti e ia virando a Vicentina alegretti, quando vi a Tânia de mãos dadas com um homem, quando vi os dois, fiquei realmente brava, pois a avó da menina disse que ela ia dormir e eu alí, vendo a menina passeando ... na hora fiquei injuriada e, voltei e fui reclamar para vó da Tânia....a senhora em questão na hora que eu falei, foi para dentro de casa , voltando logo em seguida com as mãos na cabeça gritando feito louca e saiu pela rua...eu não entendi nadica de nada.....mas eu lembro que foi a maior confusão, o seu Oswaldo e mais outros homens que estavam na venda correram feitos loucos gritando.....aí eu comecei a tremer, pois pensei que eu tinha aprontado alguma arte da grossa e que iria resultar numas boas chineladas.....mas qual! sem querer livrei a Tânia de um tarado....e por uns bons tempos fui hiper paparicada por esta família.....
As minhas castanholas de tanto eu tocar, um dia simplesmente sumiram.....rsrsrsrsrsrsr.......
...minha mãe não entendeu a artista que existia dentro de mim.....só escutava o barulho que eu fazia..... ô dó! rsrsrsrsrsrsrsrsrsr

terça-feira, 5 de agosto de 2008

esquerda-direita

Na esquina da rua Pedro Alegretti com a av. Amador Bueno da Veiga, existia um colégio particular, era um colégio pequeno....ia do prézinho ao quarto ano primário.
A dona dessa escola um dia foi na minha casa pedir ao meu pai a espada dele emprestado, pois ela iria fazer uma comemoração do dia 7 de setembro...meu pai prontamente emprestou.
Passaram-se uns dias, eu estava brincando tranquilamente no jardinzinho, quando escuto uma música diferente, saí no portão para ver da onde vinha aquela música, e vejo os meninos da rua correndo para a rua Pedro Alegretti, curiosa do jeito que eu era, fui atrás.
Aí vi algo que me deixou encantada.A dona do colégio colocou encima de um caminhão todo enfeitado , uma poltrona enorme de encosto bem alto mesmo e nela ficava sentado, um amiguinho meu que morava na Rua Omachá, vestido de D.Pedro e....com a espada do meu pai na cintura...logo atrás vinha uma banda.....então sob o comando do maestro a banda parava de tocar, o caminhão também parava de andar e meu amiguinho levantava da cadeira, puxava a espada gritando em plenos pulmões....."Independência ou morte"......
nossa! mesmo não entendendo o significado de tudo aquilo eu fiquei tão emocionada que chorei.....era a primeira vez na minha vida que eu via um desfile....eu só tinha 6 anos...ainda hoje, quando fecho os olhos e vejo novamente a cena, fico emocionada...lindo...lindo....lindo...

O tempo passou e quando eu estava no terceiro ano primário minha professora , a irmã Jacinta, levou-nos para o pátio do colégio colocou-nos em fila e começou a ensinar e a ensaiar uns passos.....esquerda-direita.....esquerda-direita...bate com a perna esquerda bem forte e com a direita mais devagar...esquerda-direita.....e todos o dia durante um bom tempo, olha o ensaio do esquerda-direita....
A irmã Jacinta um dia deu para nós um bilhete em papel mimeografado, onde o colégio pedia para que fosse comprado uma saia branca pregueada, um par de tênis e uma boina...e minha mãe comprou......até aí eu não tinha atinado nada, para mim era só folia, e assim foi ate´o dia em que a irmã Jacinta, disse que teríamos que estar no colégio no sábado as 8 horas da manhã com o novo uniforme .....e no sábado um pouco antes das 8, olha a Jurema toda prosa no novo uniforme....e assim fui para o meu primeiro desfile...
A formação do desfile era assim.......
Na frente ia uma menina com um uniforme maravilhoso fazendo acrobacias...a baliza....logo atrás vinha as portas-bandeira...e minha irmã Dalva, sempre carregava a bandeira do Brasil....linda, que orgulho!....depois vinha as bicicletas enfeitadas com papéis coloridos , em seguida vinha a fanfarra , para depois vir o pelotão de alunos marchando...esquerda-direita...esquerda-direita....para mim foi a glória! eu me senti a própria desfilando, e quando passava por algum conhecido, aí é que eu batia com força o pé esquerdo no chão....toda cheia de si...rsrsrsrsrs
Quando fui estudar no Liceu Santo Afonso fiz parte da banda marcial, tocando caixinha....ô época boa! pois foi a época dos flertes...era um olho no maestro e outro olho nos rapazes...os gatinhos da Penha.....
Eu adorava desfilar...esquerda-direita....
Somente o meu filho caçula, o Fábio curtiu desfilar como eu.Da quinta série até a conclusão do segundo grau, ele participou da fanfarra, tocando piston....e toda a vez que ele ia desfilar eu acompanhava tirando fotos e curtindo a criançada marchando...esquerda-direita....esquerda-direita.....

domingo, 3 de agosto de 2008

A enxurrada!

Choveu!
Depois de quase um mes, finalmente está chovendo em São Paulo.Estamos em plena madrugada e acordei com o barulhinho gostoso da chuva.
Levantei fui tomar água e fiquei escutando o ritmo cadenciado da água caindo e como sempre acontece minha mente foi embora para minha infância.....e lembrei que sempre, logo após as chuvas, fazíamos barquinhos de papel e íamos colocá-los na enxurrada que se formava , pois morávamos em uma ladeira....fazíamos a maior gritaria, disputando e vendo qual o barquinho que ganhava a corrida...e ficávamos brincando até a água ir acabando e nada mais sobrar.....
Mas um dia , eu estava brincando na casa de uma amiguinha, lá na rua Pedro Alegretti, quando começou uma senhora tempestade de verão...com direito a vento forte, trovoadas e raios.
A mãe da minha amiguinha que não lembro o nome, deveria ter muito medo de raio, pois ela cobriu todos os espelhos da casa com um pano, e toda a vez que caía um raio, a mulher começava a gritar...".Minha Santa Barbara me ajude!"....e gritava, gritava....e eu ficando apavorada com a gritaria da mulher e da minha amiguinha....
Uma hora em que caiu um raio e fez um senhor barulho do trovão, a mulher começou a se descabelar e a gritar feito uma doida.... aí, eu mais apavorada que ela, pensei ....." eu quero é a minha mãe!"...e não tive dúvidas saí correndo, debaixo de chuva mesmo..
No começo, me assustei com os pingos fortes da chuva, mas aos poucos fui adorando sentir a chuva caindo em mim. Quando cheguei perto do portão de casa, olhei e vi a enxurrada...e não sei porque, tive uma idéia brilhante, fui até o começo da rua, na esquina com a rua Omachá, e desci com tudo na enxurrada....nossa que delícia! e fiz isso, uma...duas...três vezes......
Somente porque Anjo da guarda existe mesmo, minha mãe foi na janela do quarto dela ver a chuva....e me viu fazendo a barbaridade, ela não teve dúvidas, saiu com tudo na rua, me pegou pelas orelhas.... e aquele dia, eu levei uma boa surra......rsrsrsrsrsrsrs..bem merecida....rsrsrsrsr..
Mas deixa estar, que a sensação da chuva molhando o meu corpo foi muito gostosa, e vira e mexe quando chovia, olha a Jurema indo pro quintal ficando debaixo da chuva, eu abria os braços e olhava para o alto, enquanto que a chuva caindo ia me molhando toda.....e sempre minha mãe me dava uns tabefes...mas eu não me incomodava não.....eu amava brincar na chuva....
O tempo passou...cresci....casei e tive meus meninos....quando eles eram pequenos, um dia caiu uma deliciosa chuva de verão, aí não resisti, peguei os 3 e fui para o quintal, e fiquei brincando com eles debaixo da chuva.....minha sogra ficou horrorizada, pois ela falou que eu não tinha juízo nenhum e que os meninos poderiam ficar doentes.....eu? eu fiquei é feliz, por que meus filhos experimentaram as mesmas sensações que eu tive quando criança... com a chuva molhando os nossos corpos.......

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

O meu primeiro amor....

Eu tenho uma vizinha, que vira e mexe toca os cds dela no último volume....mas hoje, eu até que gostei....pois ela ficou tocando o cd dos sucessos da jovem guarda.....e aí escutei a música "O meu primeiro amor" com o Renato e seus blue caps........ah, não deu outra! voltei ao passado assim, num piscar de olhos.....e lembrei do meu primeiro namorado, o Nelsinho.....
Até meus 14 anos e meio, eu nem pensava em namoros....vivia brincando de boneca, casinha ...e aprontando uma arte atrás da outra.....mas como toda a jovenzinha , chegou o dia que o romantismo despertou em mim....e eu fazia cadernos e mais cadernos de poesias, e vivia pensando como seria o meu príncipe encantado.....
Um dia, estava calmamente na janela do quarto da minha mãe, quando vi um rapaz entrando na rua com o uniforme da aeronáutica...e este rapaz entrou no primeiro sobradinho da rua.....eu fiquei extasiada, pois ele era lindo....e fiquei pensando...quem seria o moço......assim como quem não quer nada, perguntei para o meu irmão quem era ele.....e o Zezinho me chamou de trouxa, pois era o Nelsinho, amigo dele..... aí fiquei matutando, como era possível que aquele moleque se transformasse num principe encantado assim de uma hora para a outra? e a partir daquele dia, olha a Jurema toda a tarde na janela espiando a chegada do rapaz....e todo o dia era aquela tremedeira quando ele aparecia.....rsrsrsrsrsrsr..
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Nessa época eu e minha irmã começamos a ir nos bailinhos no quintal da casa do Luiz Carlos, e eu nunca era tirada para dançar, pois era toda desengonçada, magra...magra...só tinha pescoço......
Um dia o Márcio, irmão da Cuquita, veio convidar-nos para num bailinho que ele iria dar na casa dele...na vila irma...na nossa rua também.....e lá fomos eu e a Dalva....e pra não perder o costume, olha ninguém me tirando para dançar....quando começa a tocar a música "o meu primeiro amor", quem aparece me convidando para dançar? é...o Nelsinho.....nossa, se eu ficava dura com receio dos rapazes, aquela hora então eu parecia uma tábua gelatinosa....pois além de tremer, eu não conseguia acompanhar os passos do meu amado......mas parece que ele não se importou, porque depois da seleção ficamos conversando e dançando...e isso foi o baile todo...e quando terminou ele perguntou se poderia nos acompanhar...o que aceitamos felizes da vida.....e assim começou o meu primeiro namoro.....só que estávamos em 1966, época em que os pais tinham completo controle das nossa vidas e, minha mãe não permitia que eu saisse com ele....então o que fazíamos...todos os dias ele ia com um amigo conversar comigo e com a Dalva na nossa porta.....e todo o dia ele me levava um chaveirinho ou um presentinho qualquer....com isso começei a minha primeira coleção....de chaveiro....
Um dia ele pediu permissão pra minha mãe , para que déssemos uma volta no quarteirão...e ela deixou ...e lá fui eu toda desengonçada de mãos dadas com o Nelsinho....subimos a rua esmael dias....andamos pela general sócrates , fomos na rua do correio...e quando estávamos voltando na rua general sócrates, quem vinha vindo?...rsrsrsrsr...a minha mãe, apavorada pois estávamos demorando....ahahahahah.....ô dó!
Minha mãe fazia um tratamento dentário na rua guaiauna, num prédio de 4 andares...e um dia eu e o Nelsinho fomos com ela...como o barulho do motorzinho estava me deixando nervosa, fui conversar com o Nelsinho perto da escada...e....num rasgo de audácia, dei um beijo no rosto dele.....e sai correndo pra dentro da sala de espera...e fiquei lá, tremendo feito uma vara verde, com o coração saindo pela boca, apavorada........... o que ele poderia pensar de mim?.....terminada a tortura da minha mãe, fomos embora....e naquela noite quem conseguia dormir? eu não! pois estava por demais emocionada.....esse foi o único beijo que dei no Nelsinho......
Quando eu fiz 15 anos pedi para que meu bolo fosse em forma de coração, pois assim poderia mostrar a todos o quanto eu gostava do Nelsinho....ele me deu de presente uma correntinha de ouro com uma medalhinha, mas infelizmente não pode comparecer a festa, pois estava de serviço no quartel....minha festa foi linda, mas eu estava completamente jururu pela ausência do meu príncipe encantado......
Não lembro porque terminamos o namoro, mas faço uma idéia...rsrsrsrs....depois dele tive outros namoradinhos ., mas o mais marcante para mim foi o Nelsinho, pois eu estava saindo da infância e tudo para mim era novidade, e nosso namoro foi marcado por um profundo romantismo e ingenuidade......