sexta-feira, 23 de maio de 2008

GORDINE III

Estou passando uns dias na casa de minha irmã, aqui em Florianópolis....e como sempre acontece, quando ficamos juntas....."tiramos a barriga da miséria"....ficando até altas madrugadas conversando e rindo....e rindo pra valer, pois assim como eu, a Dalva também é saudosista....com isso ficamos relembrando nosso passado e caímos na risada, com nossas estórias familiares....outro dia, minha sobrinha Renata, até deu um "pega" em nós...pois como estávamos na sala rindo e falando alto, a guria não conseguia dormir...rsrsrsrsrs
Hoje peguei os albúns de fotos, e fiquei folheando-o....ví todas as fotos que mencionei nos meus textos....e vi mais algumas bem antigas...vi fotos do meu pai criança...com botinhas de couro longo, muito bem arrumadinho e comparei com a foto do meu irmão Dário fazendo a primeira comunhão...parecem que são a mesma pessoa, de tão parecidos....de repente, vi uma foto em que estamos no Rio de Janeiro...eu , minha irmã, meu irmão Jose Carlos e minha primas...a Regina e Ana Lúcia....aí voltei no tempo e lembrei a estória do trágico fim do Gordini III.....
Meu irmão Jose Carlos, trabalhava em um banco..e em suas férias, decidiu ir passar o carnaval no Rio de Janeiro......e lá fomos nós......minha mãe e meus irmãos Dário e Betinho, ficaram em Lorena, na casa de minha tia Mariucha, enquanto o Zézinho, eu e a Dalva seguimos viagem rumo ao Rio....eu lembro que neste carnaval a Mangueira ganhou o primeiro lugar com o samba- enredo..."Bahia de todos os Santos"..ou coisa parecida....a música era mais ou menos assim....."Bahia, teu cenário é uma beleza....preto velho Benedito já dizia, felicidade só se encontra na Bahia..." e por aí afora...não consigo lembrar da letra da música nem do ano...só lembro que eu deveria ter meus 16 ou 17 anos.....
O calor naquele ano, era infernal...nunca vi um sol tão quente......Um dia decidimos ir no Corcovado....e lá fomos nós...o Gordini ia lotado...quando estávamos subindo o morro, desceu um caminhão em alta velocidade e bateu no Gordini....a lateral do carro, abriu como se fosse uma lata de sardinha.....graças a Deus, nós nada sofremos, mas o coitadinho do carro ficou em petição de miséria....foi perda total.....meu irmão muito nervoso telefonou para o meu pai...mas nada pode ser feito, pois o motorista do caminhão simplesmente não quis assumir o conserto e como o Gordini estava sem seguro...ele foi levado para um desmanche de carros....e ficou por lá mesmo....voltamos de onibus...todos tristes com o trágico fim do Gordini III....
Mas mesmo assim, só tenho boas lembranças dessas férias no Rio.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

rua Oriente..

Rua Oriente


Minha mãe, sempre fazia nossos vestidos, para isso ela comprava tecidos , nas casas Pernambucanas, lá no largo da Penha.....naquele tempo, talvez porque a Penha não fosse tão populosa como é hoje em dia, se fazia amizade com os vendedores e gerentes das lojas...e todos conheciam minha mãe pelo nome, assim como conheciam eu e minha irmã....
Mas minha mãe tinha por costume ir também na rua Oriente, comprar roupas de cama,mesa e banho....sem contar algumas peças para ela, meu pai e para nós os filhos......então ela fazia o seguinte.....cada final de mes, ela ia até lá e comprava...um mes para os meninos...outro pras meninas....e assim sucessivamente, para ela, meu pai, cama, mesa e banho......e sempre ela levava uma de nós....eu amava ir, pois ficávamos a tarde toda....ela entrando de loja em loja comparando os preços...e depois sentávamos em uma lanchonete e ela pedia sempre um bauru com coca-cola...ai que delícia!
Uma vez, não sei porque motivo ela não me levou, fiquei em casa com meu irmão Jose Carlos e com o Dário...aí eu chorei, mas chorei...e fiquei brava, muito brava mesmo....e queria porque queria ir atrás dela....mas meu irmão Zezinho não abria a porta para mim.....eu, com toda a "esperteza" do mundo, achei que poderia sair de casa, passando pela grade que tinha na janela da sala.....e enviei a cabeça...como eu consegui essa façanha, não sei....só sei que fiquei entalada na grade...nos primeiros momentos, tentei a todo o custo passar o corpo e...nada....aí tentei tirar a cabeça....e.....nada! que desespero...e tome a Jurema a gritar..e berrei , berrei tanto que minha madrinha veio ver o que estava acontecendo...e toca ela e meu irmão a tentar tirar e minha cabeça da grade...rsrsrsrsrsrs...e...nada...e vieram todos os vizinhos....e....nada...conclusão minha madrinha foi obrigada a chamar um serralheiro para cortar a grade e assim me livrar.....saí de lá com o pescoço todo cheio de cortes..e hiper vermelho.....e a bunda mais tarde também ficou bem vermelhinha, devido as chineladas que levei....rsrsrsrsrsrs
A uns 3 meses atrás, fui na Penha, como sempre faço...matar as saudades ...e dei um pulo lá na Leopoldo Machado, e vi que o nosso sobradinho estava a venda.....fiquei hiper feliz, porque queria comprá-lo novamente.....aí entrei juntamente com o corretor...nossa que emoção....tocar nas paredes que um dia me abrigou...andei por cada comodo do sobradinho......e vi a grade da janela da sala com o remendo que foi feito....infelizmente não consegui fazer negócio....mas este é um dos meus grande sonhos....um dia poder voltar morar no meu sobradinho amado......

sexta-feira, 16 de maio de 2008

As chupetas

Esta noite , de 15 para 16 de maio, tive mais uma insônia, e sempre quando acontece isso venho para o computador ler, escrever...até o sono chegar....mas esta noite em especial estava muito frio mesmo, então fiquei encolhidinha debaixo dos cobertores e deixei minha mente correr atravéz dos tempos...e lembrei dos meus meninos...fiquei lembrando do nascimento até o dia de hoje, de cada um deles.....todos os momentos passaram pela minha mente, como filme...até as entonações de voz saboriei, como um viajante no deserto saboreia a água bendita.....Como todas as mães, tenho guardado os primeiros....primeira roupinha, primeiro cabelinho cortado, primeiro caderno.....mas o que guardo como tesouro valioso...não na mente....pois esta acaba...mas sim na alma, porque ela é imortal e sempre terei comigo....são os momentos em que os peguei no colo, beijei, acariciei.....são as gracinhas que cada um fez ao longo da infância....guardo até as malcriações feitas por eles....e a tudo amo, com um amor incondicional.....
Falar de cada gracinhas feitas por eles, seria quase impossível, pois ficaria escrevendo umas mil páginas....pois as tenho nítidas na memória d'alma.....então contarei sobre as chupetas de cada um.....
Todos eles chuparam as benditas....e todos os tres, gostavam de ficar segurando tres chupetas ao mesmo tempo.....
O Ricardo colocava duas chupetas na boca e segurava uma......isso até os dois anos e meio, quando largou.....
O Raul, colocava uma na boca...outra na mão direita e outra ele ficava cheirando.....um dia, ele chegou para a vó e disse o seguinte....ó vó, já posso ir no Chacrinha, pois consigo equilibrar minha BI...era assim que ele chamava a chupeta.....então colocou uma Bi entre o nariz e a outra que estava na boca e ficou rodando pela sala....rsrsrsrs...ele tinha 3 aninhos....
O Fábio, colocava uma na boca, outra na mão direita e outra na mão esquerda, juntamente com o cobertozinho.....e quando perguntávamos o que ele estava fazendo com o cobertor...ele dizia que estava "betozando"...ele chamava sua chupeta de BA.....
ah! se eu pudesse voltar no tempo e curtir mais e mais meus meninos pequeninos e tão dependentes de mim....voltar e pegá-los no colo outra vez...e beijar, beijar, beijar...mas isso é totalmente impossível, infelizmente......então só quero deixar publicado para todos lerem, o meu amor infinito pelos tres, sem distinção....amo-os acima do amor que tenho por mim....e se se Deus perguntasse se eu gostaria de tê-los como filhos novamente...eu ajoealhia a Seus pés chorando agradecida e diria que sim...que sim....que sim....

terça-feira, 13 de maio de 2008

O radinho.....

No final dos anos 50 e começo dos anos 60, um amigo do meu pai foi passear pela Europa, e trouxe de presente para ele um rádio speak com fone de ouvido.Por aqui aquele rádio era totalmente desconhecido....pois ele era pequenino e dava para colocar no bolso... era o famoso walkman dos anos 80.....mas naquela época meu pai tinha que ir em lojas especializadas em produtos importados para comprar as pilhas......eu vibrei com o radinho e literalmente tomei posse......vivia com ele...até para dormir levava o meu radinho ...assim poderia ficar escutando minhas melodias favoritas....

Nessa época, no bairro do Tatuapé, tinha uma loja de departamentos, a Lojas Sangia, que fazia show em seu estacionamento, com cantores famosos e com aqueles que estavam despontando nas paradas de sucessos. Uma emissora de rádio ia cobrir os shows, transmitindo ao vivo ..... se eu não me engano, era a rádio Tupi.....Como o show era aos sábados, nós reuníamos toda a turminha e íamos felizes da vida para lá....descíamos a rua Esmael Dias, atravessávamos a linha do trem...andávamos um pouco e pronto....estávamos no estacionamento das lojas Sangia....

O Roberto Carlos, estava começando a despontar nas paradas de sucesso, e vira e mexe.....ó o rei por lá....e ele era simpático ao extremo, conversava numa boa com o pessoal....chegava mesmo até a “tirar linha” com as mocinhas mais bonitas( flertar).

Só que como o rei começou a estourar de verdade, ele não conseguia ir mais todos os sábados , então para não ficar mal visto, foi programado um show com ele .... lá nas lojas Sangia.... numa quinta-feira as 10 horas da manhã.....desespero total da Jurema, pois eu estudava na parte da manhã....o que eu fiz então?oras, levei meu radinho para a escola....as meninas quando viram o rádio ficaram doidas, pois queriam escutar também....e em plena aula de inglês, com a freira mais brava da escola...(não lembro o nome dela...graças a Deus! Rsrsrsrsrsr), ficou aquele zumzumzum na parte de trás da sala....até que uma das meninas, pegou meu radinho na marra, e o fone soltou,.... o rádio estava no maior volume possível.....eu, na mesma hora desliguei e guardei....quando fomos para o recreio, levei o radinho e dei para a Rosa Maria guardar na mala dela, pois ela estava em outra classe.....(muito esperta a menina...rsrsrsrsrsr)....só que, quando voltamos para a sala de aula, fomos obrigadas a ficar em fila do lado de fora, pois as irmãs, estavam fazendo um arrastão em todas as carteiras, atrás do meu radinho.....só que não acharam nada.....mas como sempre existe um delator...uma das meninas puxa-saco me acusou e ainda falou que eu tinha entregado pra Rosa Maria , na hora do recreio......então fui obrigada a ir até a sala da Rosa, pegar o meu radinho e entregar para a irmã Clara...madre superiora do colégio......

No dia seguinte, meu pai recebeu uma carta do colégio contando o acontecido e ficou sabendo que o rádio ficaria para o colégio...que no final do ano seria sorteado no bingo beneficente para ajudar as Santas missões.....

Bom, pelo o que vocês já sabem do meu pai...não preciso nem falar o que aconteceu comigo...rsrsrsrsrsrsrs

domingo, 11 de maio de 2008

Nossas refeições....

Hoje fiquei lembrando das nossas refeições em família...e lembrei também, que meu pai não admitia fazer as refeições na cozinha...quando morávamos na Leopoldo Machado, fazíamos na copa..e quando mudamos para a Esmael Dias, elas eram feitas na nossa sala de jantar..que era assim....tinha uma mesa retangular com seis cadeiras...duas de encosto alto com braços e as outras 4, eram cadeiras normais...tinha uma cristaleira, e dois buffet..um com duas portas e quatro gavetas e o outro somente com duas portas...e os móveis eram entalhados, muito bonitos mesmo....então no almoço, minha mãe colocava as travessas de comida na mesa, que eu ou a Dalva já tínhamos arrumado e, ela sentava em uma cabeceira da mesa e meu pai na outra...nós as meninas ficávamos de um lado e os meninos do outro.....não tinha refrigerantes, pois meu pai não permitia(salvo, aos domingos) e também não se conversava...cada um fazia seu prato .... geralmente tinha feijão, arroz , carne, uma ou duas verduras e legumes cozidos e sempre tinha a salada.... não podíamos falar se gostávamos ou não....se comia e pronto..... depois minha mãe ou a empregada retirava as travessas e os pratos e minha mãe trazia a sobremessa.....geralmente era compota feito por ela, ou então era goiabada com queijo de minas..... eu lembro , que meu pai comprava sempre o tres em um da cica, que era goiabada, marmelada e marrom-glacê, quando minha mãe fazia pudim de pão era uma verdadeira delícia.....então, essas eram nossas sobremessas........quando não estávamos na escola, minha mãe sempre fazia as 3 horas da tarde uma mesa de lanche para nós....as 6 horas fazíamos outra refeição, mais leve que o almoço, e no inverno antes de irmos dormir a mamãe sempre fazia um mingau de aveia quacker, e nós comíamos um prato cada um, com uma canelinha por cima.....ai que saudades!........mas deixa estar, que quando meu pai estava trabalhando, a coisa mudava de figura, pois almoçávamos na cozinha, e minha mãe sempre comprava uma tubaina para dividir entre nós....então dava um copo para cada um....mas , a Dalva sempre chorava e fazia manha, achando que minha mãe favorecia um de nós...e na cabeça dela, ela sempre saía perdendo......e minha mãe foi aturando...até que um dia ela comprou 2 garrafas de tubaina e escondeu uma....e...fomos almoçar... a Dalva, para não perder o costume, começou no chororô, achando que minha mãe colocou menos pra ela.....aí não deu outra....minha mãe deu umas chineladas na coitada e obrigou-a a tomar o copo destinado a ela, mais a outra garrafa de tubaina....e ela não aguentava...e minha mãe dando chineladas ...tadinha da minha irmã!....mas serviu de lição, pois das outras vezes , ela olhava pro copo e ainda agradecia...rsrsrsrsrsrsrsrsr...ô do´!

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Éramos seis......

Hoje fui na av.Angélica, e como sempre acontece fiquei emocionada, pois me vi na rua onde viveu a personagem dona Lola com seu marido e filhos, do livro éramos seis...., e olhando para os prédios, fiquei imaginando em qual deles ficava a casa da minha personagem favorita., e mais uma vez associei a minha família com a dela, pois nós também éramos seis, e minha mãe assim como a dona Lola era uma guerreira, que não se deixava abater pelas adversidades da vida.....aí fiquei pensando na dona Marocas, apelido que colocamos na minha mãe....ela era uma dona de casa exemplar, de tudo entendia um pouco, mas não era dada a demonstrações de afetos, agradava os filhos sim, mas para ela o mais importante, era que nós estivéssemos bem alimentados, bem arrumadinhos e que a casa estivesse um brinco...isso sem contar as panelas, que pareciam espelhos de tão brilhantes.Quando pequena eu tinha verdadeira adoração por ela, procurava imitá-la em tudo e até hoje procuro ser como ela...a única diferença entre nós, é que sou beijoqueira ao extremo, chegando a me tornar uma chata por isso.
Quando começei a trabalhar,fiquei achando que já era dona do meu nariz e com isso, muitas vezes fiquei irada com as atitudes da minha mãe, achava que ela estava sendo intrometida ao extremo e cheguei mesmo até xingá-la mentalmente, achando que ela estava errada e que eu sim, era injustiçada.....o tempo passou , casei e tive meus filhos....e sem querer me vejo tomando as mesmas atitudes de minha mãe.......que amor é esse , que nos faz intrometermos na vida dos filhos?...acho que é somente pelo medo de vê-los sofrer...ficamos com medo de que eles cometam os mesmo erros que nós....somente por isso os superprotegemos.....
E pensando em tudo isso, me vi chorando.....chorei de saudades da minha mãe, chorei pelas vezes que perdi a oportunidade de dizer a ela o quanto a amava, e chorei porque não tive a compreensão suficiente para entendê-la, e por não poder mais agradecer tudo , mas tudo o que ela fez por nós....e fico pensando cá com meus botões, que eu e minha irmã, somos um misto de dona Lola e dona Marocas....mães e donas de casa que vivem uma vida de amor e dedicação...
Mãe, te amo muito mesmo...
Obrigada por tudo.....
onde a senhora estiver, receba o meu beijo agradecido.....

segunda-feira, 5 de maio de 2008

A grande graça....

dia 6 de maio........


Quando Deus se fez mais presente na minha vida.



Em 1998, passamos por algumas dificuldades, e com isso minha fé aflorou com muito mais intensidade, e eu ia todas as quintas-feiras assistir a missa de libertação do padre Marcelo Rossi...quando chegava o momento do Pai-Nosso, eu sempre chorava porque minha voz sumia devido a rouquidão,e eu não conseguia cantar.....O mes de maio começou, e aquela semana foi muito problemática e não consegui ir na missa na quinta feira...então fui na missa de sábado...e neste dia,eu estava mais triste do que o normal, e na hora da oração-canção, chorei muito, mas muito mesmo e pedi a Deus que olhasse por mim, pois eu só queria poder cantar e assim poder louvá-Lo....acabou a missa, voltei para casa e encontrei o Binho bem caidinho e quando medi sua temperatura, vi que ele estava com 37 e meio, e assim ele ficou até quarta -feira, dia 6 de maio, dia do meu aniversário, quando levei-o ao hospital e ele foi internado com suspeita de meningite.Quando estávamos esperando o resultado do exame, o Binho virou pra mim e bem tristinho disse...."mãe, olha só o meu presente para voce"....dei um beijo nele e disse.....faz parte....Nesse meio tempo, ficou constatado que não era meningite. Toda feliz arrumei nossas coisas para levar meu filho para casa....mas antes de sair do hospital, fui até a sala dos otorrinos, para pedir maiores explicações sobre o remédio a ser comprado e como ministrá-lo.... bati na porta e falei para o médico que atendeu, o que eu queria.....ele escutou a minha estória e mandou eu repetir umas tres vezes....aí ele entrou na sala e voltou com mais dois médicos e com os remédios nas mãos, e, mandou eu repetir tudo novamente...eu sem entendar nada, voltei a falar..... quando terminei ele falou o seguinte....." olha mãe, eu dou os remédios para a senhora, mas com a condição da senhora deixar eu examinar a sua garganta"....mais uma vez sem entender nada, aceitei a proposta do médico, e na mesma hora ele levou-me a uma sala especial e fiz um exame hiper complicado...e foi constatado que eu tinha..."edema de raike", doença causada pelo cigarro...o médico.....que fiquei sabendo chamar-se Marcelo..... então gravou a minha voz e queria operar-me no dia seguinte, porque como ele mesmo disse , aquilo poderia se transformar em algo bem pior....mas como o Binho ainda precisava da minha atenção, pedi uns dias ao médico e 15 dias depois fui operada....
Hoje quando vou à missa canto, mas canto bem alto, mesmo que as vezes desafine....
Este foi o presente que Deus me deu no dia do meu aniversário.
Obrigada Senhor!

Salão das crianças

"e o primeiro salão da criança,
a bandinha de música tocou,
e o palhanço alegrando as criancas,
avisando que a festa começou.
No ibirapuera tem patinação e competição
tem pra criançada muita diversão."

Essa era a musiquinha que tocava, enquanto aparecia os palhacinhos brincando nos brinquedos, na propaganda da televisão.....nossa , nós ficamos histéricos querendo ir ....e tanto choramos, tanto pedimos , que minha mãe resolveu levar-nos....
Então ela fez pra mim e para a Dalva um vestidinho estilo Brigit Bardot..(sim, porque até tornarmos umas aborrecentes, quem fazia nossos vestidos era minha mãe)...o vestido era assim: tinha as manguinhas bufantes , enfeitadas com sianinha,o decote era quadrado....tinha uma saia bem rodada com um senhor laçarote atráz.....eu fiquei me sentindo a própria Brigit...minha mãe tinha um espelho enorme no quarto dela, e dava para me ver de corpo inteiro....então chamei meu irmão Dário e fiquei me mostrando pra ele....e ficava em frente ao espelho fazendo piruetas e passos de balé...e tanto rodei, tanto dei passos de balé, que fiquei com tontura e caí em cima do espelho...e....este caiu no chão e espatifou-se.....minha mãe quando ouviu o barulho veio correndo, e com toda razão ficou muito, mas muito brava mesmo...e falou que não iria mais levar-nos no salão....ah! foi aquele chororô, e meus irmãos me dando uns tapas, pois eu era a grande culpada deles não irem no salão da criança....e eu berrando, mas berrei tanto, pois queria ir no salão e me mostrar também...que minha mãe esquentou minha bunda com uma belas chineladas...quando ela se acalmou, lá fomos nós....eu toda feliz da vida, com meu vestido novo e com a bunda vermelha...rsrsrsrsrsrsr

sábado, 3 de maio de 2008

O caçulinha

Meu irmão caçula, o Dário, era verdadeiramente um bonequinho....sabe aquela criança que não é gorda, mas as perninhas fazem dobrinhas e as mãozinhas tem buraquinhos? pois é, assim era o Darinho....ele era, e é moreno , com os cabelos bem pretos e lisos, e tem os olhos bem puxados parecendo um japonezinho.....lembrando do rosto dele, vejo que realmente temos descendência indígena...pois ele era um indiozinho perfeito...hoje em dia ele está mais parecendo um boliviano, mas continua muito bonito mesmo.....o conjunto de quarto da minha mãe, era muito bonito e tinha uma penteadeira com um vidro enorme, então eu e a Dalva fazíamos o Darinho andar pra lá e pra cá enfrente ao espelho e dizíamos que ele estava usando as roupas das lojas perlimpimpim...(já naquela época, nós brincávamos de modelos desfilando....rsrsrsrsr)...eu lembro que quando minha mãe colocava nele os shorts de suspensório colocava uma blusa branca e a botinha quiker...ele parecia um boneco....
Em um natal, que não lembro qual foi, minha irmã Dalva ganhou do padrinho dela uma boneca linda mesmo....e deveria ser importada, pois era totalmente diferente das bonecas que nós já tinhámos vistos, pois ela tinha articulaçao móvel e ela andava e mexias os braços....e eu ganhei uma boneca simples do famoso papai noel...pois naquela época, as crianças realmente acreditavam nele....minha mãe, como todas as mães do mundo ficou achando que uma filha tinha um brinquedo melhor que a outra...e não se conformava....e no natal sequinte, ela comprou para mim o bebe lalau...um boneco enorme, do tamanho do meu irmão Dário....e este boneco vinha vestido da mesma maneira que minha mãe vestia o meu irmãozinho...e quando nós brincávamos eu trocava as bolas....fazia do meu irmão o boneco e o colocava na caixa deste....e ele ficava durinho...obedecendo as minhas ordens....e eu fingia que dava banho no Dário, que era o boneco lalau...aí pegava o talco que era só dele( um talco muito cheiroso, a embalagem dele era arredondada, na cor verde e tinha uns patinhos em volta) e dava banho no boneco de talco...e assim fizemos por muito tempo...até que um dia minha mãe viu o porque do talco não render mais...e pra não perder o costume, levei umas boas chineladas......
Saudades daquele tempo, saudades do meu irmão querido.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Madrinha de guerra

Como já contei anteriormente, devido a uma torta de bacalhau que fiz aos 13 anos, minha mãe ficou doente e foi internada, ficando por lá quase 2 meses...eu ficava com ela no hospital e minha irmã Dalva ficava cuidado da casa......com isso um casal de protugueses que moravam bem enfrente de casa ficaram encantados conosco...achavam que nós éramos as moças ideais para qualquer rapaz querer casar, pois para eles éramos prendadas e caseiras ....vai daí, que eles escreveram para portugal contando a nossa estória, então o irmão daquele senhor( não lembro mesmo, o nome dos dois), que estava servindo o exército portugues em Angola (naquele tempo tinha muita guerrilha por lá), mandou uma carta para nós, perguntando se uma de nós duas queria ser Madrinha de guerra dele....a Dalva nessa época, mantinha assídua correpondência com o JR , lá de Lorena....e não quis, mas eu como não tinha correpondente nenhum, aceitei..( naquela época era moda ter correspondentes, meu irmão Jose Carlos, tinha uma correspondente que morava em Praga na Tchecoslováquia, a Idena).,e assim começou a estória, pois nós não sabíamos e ninguém contou para nós, que ser madrinha de guerra era quase a mesma coisa de ser noiva....um dia o casal veio todo feliz contar que a mãe desse senhor viria para o Brasil passear e me conhecer....mas nós não atinamos ...achamos que ela viria ver o filho no Brasil...muito natural.....(tem até uma foto da minha mãe com esta senhora)....ela veio, trouxe uma toalha bordada da ilha da madeira pra mim, muito bonita mesmo...uma simpatia, muito boazinha mesmo.....mas eu era muito criança , tinha somente 13 pra 14 anos...e não entendi nada, pois nas cartas, o rapaz comentava sobre a guerra, sobre os sonhos dele...mas nunca mesmo tocou sobre namoro ou casamento.....mas infelizmente este rapaz morreu em uma emboscada...fiquei muito triste...mas ficamos muito espantados, quando uns meses depois, o governo portugues mandou uma carta para mim dizendo se eu queria receber os pertences do rapaz.....nossa, quando meu pai ficou sabendo disso, ele ficou muito, mas muito bravo mesmo....aí entreguei a carta para o casal....só aí é que ficamos sabendo que ser madrinha de guerra trazia muitas respnsabilidades.....fico triste por não lembrar o nome do rapaz, mas peço a Deus que ele esteje muito bem na outra dimensão.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Os pequenos artesãos

Minha madrinha dona Benedita era professora primária, e por isso mesmo, tinha vários livros pedagógicos...eu e Jomar, quando não estávamos aprontando, adorávamos ficar folheando e lendo estes livros, pois eles tinham muitos desenhos interessantes e descreviam muitas brincadeiras....e era o que gostávamos de fazer....brincar e aprontar......e para ter um pouco de paz e sossego, todas as vezes em que eu ia brincar lá na casa dela com o Jomar....minha madrinha vinha com um monte de livros para nós dois...uns mais interessantes que os outros......
Uma vez, folheando um dos livros , o Jomar viu como os índios faziam seus utensílios domésticos...ah! foi a conta....a idéia ficou germinando na cabeçinha dele, e, ele me convidou para ir até um rio que tinha nas imediações do nosso bairro para pegar argila....tudo combinado, no dia seguinte, olha nós dois nos aventurando , indo atrás do tal rio....Lá chegando o Jomar me fez cavar a beira do rio e juntos pegamos muita argila e pedrinhas....voltamos para casa felizes da vida.....mas quando chegamos em casa levamos umas boas chineladas pois nossas mães estavam com os cabelos em pé com o nosso sumiço.
Como todas crianças saudáveis e levadas, choramos um pouquinho, passamos a mão na bunda...e fomos planejar como iríamos fazer nossos utensílos.....e assim ficamos por um bom período...sossegadinhos sem aprontar nada....só fazendo panelinhas, potinhos, canequinhas e vazinhos.....éramos caprichosos, pois enfeitávamos nossos vazinhos com as pedrinhas que pegamos .....e deixamos secar por uns tempos....quando o Jomar achou que estava bem seco, ele escondido do seu João....(pai dele)pegou umas tintas que estavam guardados e pintamos tudo bem pintadinho....(acho que deveria ser o ó, pois criança pintando é aquela melecada)...aí o Jomar teve a idéia de sairmos vendendo....pegamos uma caixa de madeira....dessas que os feirantes usam, colocamos nossos artesanatos lá e saimos pela rua vendendo.....no conjunto de sobradinho em que morávamos, morava também uma portuguesa de nome Maria...e ela comprou quase todos os nossos produtos...... felizes da vida, fomos até a rua Caquito, na venda de um japones comprar sorvete de coco queimado....uma delícia!.....
O tempo passou , cresci , conheci o kaka e quando meu convite de casamento ficou pronto, fui levar para a minha madrinha.......aí conversando com a dona Benedita, ela ficou relembrando as minhas peraltices junto com o Jomar e contou que a dona Maria portuguesa quando nós mudamos para a Esmael Dias, também tinha ido embora , mas para Portugal...e que, sempre que escrevia perguntava por mim e pelo Jomar...e numa dessas cartas disse para minha madrinha, que ainda tinha os vazinhos feitos por nós....e que todas as vezes que ela olhava pra eles, chorava de saudades do Brasil e da vida tranquila que levava no nosso bairro.