domingo, 29 de junho de 2008

O circo....segunda parte:- A maluquinha.........

Como eu escrevi anteriormante , o "gran circo" terminou em barraco, e não fiquei sabendo se houve ou não devolução do dinheiro aos meninos irados........mas deixa estar, que o braço da Angela Maria começou a inchar e a doer muito, e a mãe da menina, levou-a ao hospital e foi constatado uma luxação, e com isso ela ficou com o braço imobilizado em uma meia tala.....
No dia seguinte, olha a Angela Maria...." se aparecendo".....e....a Jurema..... ficando doida de vontade de ter o braço engessado também......pois já tinha visto um par de amiguinhos e até meu irmão engessado...e.....achava lindo, lindo, lindo......
Como nunca fui uma criança totalmente sã, a minha mente doentia ficou maquinando, maquinado ....até que tive uma brilhante idéia...rsrsrsrsrsrs.....
.cheguei na minha mãe, e disse a ela que a professora pediu uma graninha para comprar material para um trabalho em grupo....minha mãe pensando que era verdade, não questionou e deu.....o que fiz então?....fui até a farmácia e comprei dois rolos de faixa e um esparadrápo e guardei na mala....no dia seguinte quando estava indo para a escola( eu estudava na parte da manhã e ia sozinha...pois minha casa era pertinho do colégio e não tinha perigo nenhum)...entrei em uma vilinha que tinha no começo da minha rua, e...enfaixei meu braço..rsrsrsrsrsrsr...e fui toda prosa para a escola....
As minhas amiguinhas e até meus professores me cercaram de atenção...e...eu....inventei o maior drama a respeito de como quebrei o braço...quando voltei para casa, entrei na vilinha, retirei a faixa, guardei na mala....e...tudo bem.....e assim fiz pelo resto da semana....
Chegou o final de semana, brinquei numa boa e a faixa guardada na mala......na segunda feira, olha a Jurema enfaixando o braço....só que resolvi colocar a faixa no braço direito....tansa!...rsrsrsrsrsrs....aí não deu outra....todo o mundo descobriu minha armação...rsrsrsrs.....levei a maior reprimenda do professor Fernandes, o diretor da escola, e ele colocou no meu diário escolar a brincadeira que fiz...e meu pai tinha que assinar...caso contrário eu não entraria em aula no dia seguinte...rsrsrsrsrsrs....
e olha a Jurema levando uns tabefes do pai....rsrsrsrsrs
Mais uma aprontação de uma criança doidinha...doidinha....rsrsrsrsrs

sábado, 28 de junho de 2008

O circo

Por ler muito, a minha irmã Dalva tinha uma imaginação hiper fértil, e com isso vira e mexe ela inventava brincadeiras sensacionais....
Uma vez ela teve a idéia de fazer um cirquinho.....e conversando com a turminha da rua, decidimos que o espetáculo seria na casa de uma das meninas, que não consigo lembrar o nome....
A casa dessa guria, ficava bem enfrente da Vila Irma....era uma casa bem antiga, com aquelas janelonas e portas bem altas, e do lado da casa tinha um terreno enorme com uma figueira bem no meio......mas para entrar neste quintal, tinha um portão de maneira de uns 5 metros de comprimento, que se dividia em duas partes....por este motivo que o quintal foi o escolhido para ser o picadeiro do cirquinho.....

Então ficamos bolando como seria o espetáculo....eu tocaria meu acordeon e faria com a Angela Maria um número de trapézio na figueira, para isso iríamos utilizar a balança já existente nela.....tudo isso sem contar os outros números, que nossas amiguinhas iriam fazer......
A Dalva e a Leda conseguiram uma tábuas e colocaram uns tijolos embaixo, fazendo assim os bancos....bem em frente a árvore.
Minha irmã também teve a idéia de fazermos saias de papel crepom, para todas as apresentacões...e de várias cores.....e assim foi feito...e aí ........toca a ensaiarmos...
No dia estipulado para o espetáculo, devido a nossa ampla divulgação, choveu criança para assistir...e...o mais importante.....pagando o ingresso, o equivalente a 1 real.......idéia da Dalva e da Leda.
E começou o espetáculo....quando eu e a Angela Maria fomos fazer o número do trapézio, ela caiu, machucando o braço....mas como o show não pode parar.....continuamos a fazer nosso número numa boa....só que a molecada começou a vaiar e a gritar....fora!...fora!....
.fora!
A Dalva e a Leda foram tirar satisfação com eles e formou-se a confusão.....pois os meninos queriam o dinheiro de volta....ahahahahah....e este foi o final do "gran circo".....acabou no maior barraco....ahahahahahahah.....
Realmente não sei se as duas devolveram o dinheiro....o que sei, é que essas lembranças eu guardo como um tesouro precioso na minha memória da alma.......

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Férias em Lorena

Realmente não sei o porque, eu só sei que meu tio Cicinho, irmão da minha vó Risoleta, e que morava no vale do paraíba, não tinhas as duas pernas....e que quando ele ia visitar o sobrinho.... meu pai..... era uma alegria só, pois ele tinha um carro enorme preto com motorista uniformizado que usava até quepe...chic nos úrtimos.....como eu tenho memória olfativa, ainda sinto aquele cheirinho bom dos estofados que eram de couro.......
Um dia, quando ele foi nos visitar, o motorista colocou-o sentando no degrau do portão da nossa casa, e minha irmã, achando que talvez fosse fácil carregá-lo para dentro de casa, simplesmente pegou-o no colo....mas deixa estar que apesar de não ter as pernas ele pesava e em consequência disso, a Dalva não aguentou e os dois rolaram pela calçada, pois morávamos numa ladeira.....nossa foi a maior confusão, pois os dois se machucaram.....mas no final ele ficou rindo muito, pois achou graça na vontade de ser útil, da minha irmã.....ele ficou uns dias conosco e depois convidou-nos para ir até a casa dele passar uma temporada.....e assim foi feito...nas férias de junho, ó nós lá em Lorena.....
Fomos de trem pullman, o trem de aço.....era uma verdadeira delícia, pois íamos no embalo do trem vendo a paisagem...e passavam os bois....passavam as montanhas....passavam as casas de pau a pique.....e nós gritando feitos loucos para minha mãe ver também tudo junto conosco....rsrsrsr.. e dando tchau para as pessoas que víamos pelo caminho.....rsrsrsrsr.....quando chegamos em Lorena, fomos de charrete até a casa da minha tia Mariúcha para depois irmos para a casa do tio Cicinho, mas nós nos encantamos por esta tia maravilhosa e não queríamos sair da casa dela por nada....e assim ficamos, foi as férias toda na casa dela, mas deixa estar que Lorena naquela época era infestada de sapos e lagartixas, e meu irmão Dário, com medo que as lagartixas pulassem na sua cabeça, arrumou um pedacinho de tábua e o tempo todo que ele ficava dentro da casa da tia Mariucha, ficava segurando a tábua encima da cabeça....rsrsrsrsrsr.....minha tia Mariúcha tinha 3 filhos...o Carlinhos, a Maria Aparecida .... a Fia...e o Jorge, que era da mesma idade que o Dário.... fizemos uma amizade muito gostosa...o Carlinhos já era adolescente, então levava meu irmão Jose Carlos para ir fazer o footing na praça , enquanto que nós as crianças ficávamos brincando perto do coreto...quando não saíamos andando de bicicleta pela redondeza......o meu tio Chico, marido da tia Mariúcha trabalhava na fábrica de Piquete...e quando estava na hora dele voltar para casa, íamos até a linha do trem esperar por ele.....que saudades!....
Mas as férias terminaram e infelizmente tivemos que voltar para casa, e foi aquele chororô....pois não queríamos ir embora....mas com a promessa de que voltaríamos novamente....... fomos embora, emburrados mas sem reclamar tanto.....
Mas quando entramos em casa, foi a vez da minha mãe chorar.....pois meu pai, conforme ia cozinhando e sujando panelas e pratos, ia colocando tudo no quintal...para a cozinha, que era pequena não ficar muito bagunçada...com isso o quintal estava lotado de panelas e pratos sujos...eu lembro que minha mãe ficou na porta da cozinha olhando o quintal e balançando a cabeça, num desânimo só......ô dó!
Mas depois disso, a programação das nossas férias ficou assim estipulado,......do final de novembro até a metade do mes de fevereiro...Florianópolis....e nas férias de junho e feriados prolongados....Lorena.....então boa parte da minha infância e adolescência, passei em Lorena......Quando meu primo Carlinhos começou a trabalhar na fábrica Mantiqueira ele ficou sendo também, conselheiro ou vice presidente....não sei ao certo....do clube Mantiqueira.....com isso quando ficamos adolescente íamos nas domingueiras dançante lá, mas gostávamos mesmo era de ir no clube Comercial juntamente com a minha prima Regina, filha da minha tia Lídia......eu fico pensando como era gozado o esquema da sociedade Lorenense....os rapazes podiam entrar tanto na Mantiqueira como no clube Comercial...mas as moças não....se elas eram sócias da Mantiqueira não podiam entrar o Comercial e vice-versa....mas eu e a Dalva, como éramos visitantes, entrávamos nos dois clubes numa boa....sem distinção.....eu gostava mais do Comercial devido a piscina...e nela quase me afoguei...rsrsrsrs...deixando com isso minha prima Regina quase louca de preocupação.....ô tempinho bom!
Saudades boa, saudades gostosa....

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Brincadeiras de crianças

Na década de 50/60, por não existir os famosos vídeo-games, a tv ser ainda muito cara e a violência não imperar como hoje em dia, nós as crianças tínhamos liberdade total para brincar na rua....
Quando eu morava na rua Leopoldo Machado as ruas eram de terra, mas como a rua em que morávamos era uma ladeira, quando queríamos brincar de "roda", "caracol" e "amarelinha" íamos na rua Omachá.....e fazíamos aqueles caracóis enormes e nunca ninguém conseguia ir até o final pulando numa perna só......eu lembro que moleque, que era moleque de verdade não podia passar um ano "ficando pagão", isto é, não pegar um balão na época Junina.....e sábado de aleluia então?nossa, uma beleza! saíamos em grupo , todos com um pedaço de madeira na mão e toca a malhar o Judas, em todas as ruas do pedaço tinha um, amarrado no poste.....eu lembro também que os meninos da rua não se conformavam por eu conseguir jogar pião direitinho, e quando eu jogava e caía dentro do círculo... aí,os meninos queriam morrer de raiva...rsrsrsrsrsr....
isso sem contar o bambolê....aí então eu arrasava....era craque mesmo.......
Mas quando chegava o inverno e fazia muito frio, minha mãe costurava saquinhos e colocava arroz dentro deles.... ficávamos então, a tarde toda brincando...não lembro o nome dessa brincadeira, mas ganhava quem conseguisse pegar mais saquinhos..... e tinha também um jogo chamado ludo-ludo....nossa, ficávamos a tarde toda jogando.....quando meus filhos eram pequenos eu fiz esses saquinhos e brincamos muito, comprei também o jogo...e também ficávamos brincando um tempão...
Depois mudamos para a rua Esmael Dias.....aí foi muito melhor, em termos de brincadeiras de rua, pois tinha muito mais crianças, então a folia era maior.....
Na rua Esmael Dias, brincávamos de "queimada", "rei da rua", "lencinho atrás","peteca", "frente atrás","empinar papagaio",e uma brincadeira que não lembro o nome, mas que era assim.....duas crianças ficavam fazendo uma especie de túnel, e combinavam entre si o que elas seriam.....nome de frutas...nome de carros...e assim por diante.....então as outras crianças formavam uma fila e iam passando por baixo desse túnel cantando...."passa, passa tres vezes a última que ficar, tem mulher e filho que me custa sustentar".a criança que estava na hora em que falávamos a palavra sustentar, era presa...e tinha que escolher o nome da fruta ou carro....então ficava atrás do dono da fruta ou carro.....mas falávamos bem baixinho, para as outras crianças não escutarem.....
A brincadeira de "sela", era só para os meninos.... machismo puro.... mas nós não queríamos nem saber, brincávamos também.....eu lembro que na nossa rua morava uma menininha chamada Lídia, que quis brincar também....e na hora em que falávamos "um bife e uma batata", colocando uma mão fechada e outra aberta nas costa do "burrinho", a Lídia achou que era para falar a comida que mais gostava e não teve dúvida...e falou;....." galinha assada"...essa galinha assada virou gozação na rua....vira e mexe..ó nós falando..."galinha assada"...rsrsrsrsrsrsrs..
Naquele tempo em todas as calçadas em frente das casas, tinha um buraco com uma tampa de ferro...acho que era da sabesp...não sei bem ao certo...o que sei era que juntávamos um montão de tampinha e ficávamos na guia e tentávamos fazer com que a tampinha caísse dentro do buraco....que gritaria fazíamos quando brincávamos assim......e quando saíamos procurando maço de cigarro vazio para fazermos cintos?...nossa era uma maravilha, pois disputávamos quem conseguia fazer o cinto mais bonito.....
Nós as meninas, vivíamos brincando de casinha e boneca, e eu lembro que a última boneca que ganhei, tinha 13 anos e a Dalva 14...e brincávamos mesmo.....
E o esconde-esconde então...que maravilha.....fazíamos uma roda bem grande, e no centro dessa roda ficava uma criança, então nós cantávamos assim...."senhora dona sangia, coberta de ouro e prata, descubra seu rosto queremos ver sua cara"....aí a criança que estava na roda respondia..." que anjos são estes, que vivem rodeando...de noite de dia, padre nosso ave maria." e respondía mos............" somos filhos do conde, bisneto de visconde, seu rei mandou dizer para todos se esconder"...então a criança que estava no meio na roda contava até 10 , com os olhos fechados, enquanto saíamos correndo para esconder-nos........
Tudo isso sem contar a corda né?era outra gostozura......saíamos correndo para entrar e pular...então cantávamos assim......"rei, capitão, soldado, ladrão, moço bonito de meu coração...1...2...3......foguinhoooooooooooooooo"....ai que saudades!uma coisa que nunca consegui fazer, foi pular duas cordas ao mesmo tempo.......que coisa difícil, credo!
Nós éramos mais ou menos em 14 meninas no pedaço...vamos ver se consigo lembrar o nome de todas.....
Marly, Lídia, Maria da Penha, Maria do Carmo, Angela Maria(esta morava na guaiauna), Leda, Sonia, outra Leda e a irmã(que moravam na vila Irma)Cuquita, e a irmã Maria Luiza,eu a Dalva, a Walquíria e a Valéria(primas da Marly, que moravam na guaiauna também), Rosa Maria, a Nádia e irmã...( lindas, lindas...e que descobrimos mais tarde , que o avo delas era primo distante do meu pai).....tem mais meninas, mas não consigo lembrar o nome....então o que fazíamos.....dávamos as mãos e saíamos pela rua cantando...."bi, bi...sai da frente...que atrás vem muita gente"e quando víamos algum casal ou mesmo uma dona de casa, formávamos um roda enorme em torno deles e ...se fosse casal, teria que dar um beijo...e se fosse uma dona de casa, teria que recitar um versinho......rsrsrsrsrs.....e todos entravam na brincadeira numa boa.....
Nós aproveitamos nossa infância mesmo....as vezes fazíamos uma roda enorme e brincávamos de "bobinho", então jogávamos volei e o "bobinho" tinha que pegar a bola no ar e dar um lance bem forte.....eu nunca conseguia, e as meninas para poder jogar o volei numa boa, sempre me colocavam de "bobinha" rsrsrsrsrsrsrsr.....
E tudo isso sem contar, que todas as donas de casa, colocavam cadeiras na porta e ficavam conversando e olhando nossas brincadeiras.......
Mas de todas as brincadeiras da minha infância , a única que marcou e minha vidinha infantil e que todos da família lembram, foi o "pomponeta"...eu perturbava todos para brincar comigo...era assim....as pessoas fechavam as mãos e eu fechava uma mão e com a outra ia batendo nas mãos das pessoas e cantando...." pomponeta...peta..peta...peta..perruge...pomponeta,..peta..peta...peta..pe...clim!"...aí a pessoa teria que colocar a mão em que bati por última quando a música acabava, atrás das costas......era realmente uma bobeira, mas eu adorava brincar assim...e perturbava todos para brincar comigo....e quando meus filhos eram pequenos, ainda enchia o saquinhos deles para eles brincarem de pomponeta comigo....rsrsrsrsrs...ô dó!...rsrsrsrsrsrsr...
Infância pura, infância gostosa.....pena que nossas crianças não possam mais brincar com a liberdade que eu e as pessoas da minha geração brincamos.....

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Uma criança arteira

Minha mãe sempre falou que comecei a fazer "artes " bem novinha....nasci sendo sapeca, pois até pra nascer fui diferente.....fiquei com o cordão umbilical enrolado no pescoço e por um triz, não fui embora ...mas como sempre fui teimosa... olha eu aqui...rsrsrsrsr
Quando meu irmão Dário nasceu, depois de ter levado uns tapas do meu pai, por entrar no quarto da minha mãe e quase presenciar o nascimento...passei a mão na bunda para espalhar a dor, fui na cozinha, peguei uma coxa de galinha assada e dei pro Darinho comer.....e ele ficou com o rostinho todo lambuzado de gordura, isso com horas de vida.....( o gozado é que meu filho Ricardo, fez a mesma coisa com o Raulzinho, quando cheguei da maternidade....é a história se repetindo....rsrsrsrsrs).
Mas a "arte" mais séria que fiz quando pequena, foi quando eu tinha 2 para 3 anos....eu realmente não lembro, mas meus pais sempre contavam.....vamos a ela....
Meu pai adorava música e tinha uma coleção maravilhosa de discos de vinil....eram discos da Dalva de Oliveira, Nelson Gonçalves, Francisco Alves, Ivon Cury, Orlando Silva...nossa ele tinha uma senhora coleção...e quando ele escutava-os, pegava uma vez eu, outra vez a Dalva no colo e saia dançando pela sala...e sempre foi assim.....quando éramos mocinhas ele dançava uma valzinha com letra que ele inventou., com nossos apelidos.....esse era meu pai......
A rádio vitrola ficava na nossa sala de visitas...ela parecia um buffet...de um lado tinha o rádio, do outro a vitrola e em uma parte ficava a coleção de discos.....
Minha mãe contava que um dia meu pai ficou escutando os benditos discos e dançando comigo e com a Dalva, quando deu a hora de ele sair para trabalhar....então ele guardou todos os discos nas capas e foi tomar banho...(ele era hiper cuidadoso com os discos dele), mas deixa estar, que a dona Jurema, queria mais folia...e aproveitando que estava sozinha na sala, tirou todos os discos do buffet, colocando-os no chão....mas como eu era praticamente um bebe, não tinha noção de como se fazia para sair a música do discos, sabia que era atravez deles que se ouvia e se "dançava"...então o que fiz....espalhei os discos no chão e fiquei pisando em cima deles, dançando....rsrsrsrsrsrsr...
Minha mãe percebendo que eu estava muito quietinha, foi averiguar o que estava acontecendo....e.... quando ela viu, diz que colocou as maõs na cabeça e começou a gritar....Wilton, Wilton do céu! venha ver o que a "Lema" fez.....(minha mãe só me chamava assim...Lema)...diz a minha mãe, que meu pai escutando a voz de desespero dela, saiu correndo pelado do banho...rsrsrsrsrs...e que quando viu o estrago que eu tinha feito, chorou feito criança....rsrsrsrsrsrsrsr....ô dó!
Não sei se fui repreendida ou não, pois isso eles nunca contaram.......só sei que a partir daquele dia, a rádio vitrola do meu pai, era território proibido . Quando eu e a Dalva ficamos mocinhas , meu pai comprou para nós uma vitrola portátil, assim poderíamos escutar nossos discos sossegadas e com isso, a radio vitrola dele ficava preservada....lembro que nossa vitrola era na cor azul....e que o primeiro compacto simples que eu comprei, foi o do Bob Solo...não lembro o nome da música, só sei que esta música foi um tremendo sucesso, pois o Bob Solo ganhou o primeiro lugar com ela, no festival de San Remo .....a letra era assim....."se canta, se ridi, eu rido con te, per que tu vai parte de me"...........e eu encapei com um plástico transparente vermelho...este disco só foi extraviado quando minha mãe voltou a morar em Florianópolis..........
Nossa, adoro escrever neste blog, pois volto no tempo......graças a Deus, tenho mais lembranças alegres do que tristes......

quinta-feira, 19 de junho de 2008

A injustiça ou a grande mentira

Minha vida foi pautada pelo exagero......sabe dessas crianças e adolescente exagerada em tudo? assim era eu....criança e adolescente observadora, nada escapava a minha volta...então quando eu ia contar alguma novidade eu gesticulava, falava alto e para dar maior ênfase na estória aumentava.....sabe aquela estória...quem conta um conto aumenta um ponto?...mas eu não fazia por maldade e sim para realmente dar ênfase no que eu queria contar.....sem contar que eu fazia amizade com todo mundo, por onde a Jurema passava, ia cumprimentando as pessoas....meu pai dizia que eu era o próprio cachorrinho vira-lata...e ria alto, falava alto e......era hiper levada...põe levada nisso...fiz coisas do arco da velha, tenho certeza que muitos dos cabelos brancos da minha mãe foi por minha causa...rsrsrsrsrsrs....mas eu era alegre, meiga, beijoqueira e carinhosa , criança e adolescente que tinha paciência de ficar com as pessoas mais velhas escutando suas estórias, e era também muito religiosa, desde pequena vivenciava a minha religião, cheguei ao grau máximo na cruzada infantil, na escola minha nota em religião era sempre 100 e até medalha por ser a primeira aluna de religião da escola eu ganhei e ainda a tenho guardada no meu baú de lembranças , depois na adolescência fui filha de Maria.... com isso, eu era a queridinha das famílias....tanto do meu pai como da minha mãe....uma vez minhas tias de Lorena, chegaram a discutir por minha causa...pois as duas queriam que eu ficasse na casa delas ao mesmo tempo.....rsrsrsrsr...mas esta personalidade diferente também me causou muitos aborrecimentos ao longo da minha vida...algumas pessoas me chamavam de aparecida...e por vezes me culpavam de algo que eu não tinha feito...era mais fácil culpar a exagerada e a levada....e como sempre fui medrosa, nunca me defendi, as pessoas ficavam com a impressão de que, o que os outros falavam era verdade......estou falando tudo isso para contar um fato que aconteceu comigo e que marcou a minha vida como uma das grandes injustiça que me fizeram...............
Quando comecei a estudar, eu tinha pavor de ser abandonada pela minha mãe na escola, então chorava muito mesmo, tanto que a minha primeira professora, a dona Lídia, não aguentando meu chororô, pediu a madre superiora que me tirasse da classe dela......e assim foi feito, para a minha sorte, pois a irmã Bernadete, a professora que ficou comigo, me amou e eu a ela.....do primeiro ano primário até o segundo semestre do segundo ano, nós só escrevíamos com lápis, quando então éramos introduzidos a caneta tinteiro....eu não via a hora de poder ter minha caneta, pois via meus irmãos mais velhos escrevendo e colocando tinta e para mim isso era uma glória.....meus irmãos tinham cada um sua caneta Parker com seu vidrinho de tinta, o famoso tinteiro.....e quando a professora mandou um bilhete para que minha mãe comprasse uma caneta tinteiro , meu pai me deu uma Parker também.......naquela época as carteiras da classe eram para duas crianças e de cada lado tinha um buraco para que colocássemos o tinteiro e o mata borrão (nossa isso é antigo, credo...rsrsrsrsrsrsr).....pois bem, do meu lado sentava uma menina de nome Selma... to vendo o rosto dela, credo!........um dia na prova de linguagem...(naquele tempo a matéria de português tinha o nome de linguagem), talvez por não saber as questões, a menina simplesmente, esguichou a tinta da caneta na prova dela, e começou a chorar, gritando para a professora, a dona Zenaide, que eu tinha feito aquilo.....na hora fiquei apavorada e me encolhi toda.....e não me defendi, como era o meu costume, pois o medo me deixava muda, a professora então, sem questionar pois conhecia bem a Jurema bagunceira, pegou-me pelas orelhas e colocou-me de joelho no corredor do andar em que ficava a nossa classe.....e assim fiquei durante uma semana , sem poder ir para o recreio..... sem contar que me deu zero, que vergonha!....pois criança é bicho triste mesmo, e quando elas passavam por mim para irem ao recreio, faziam a maior gozação....
Acho que essa foi a primeira grande injustiça que fizeram comigo ao longo da minha vida.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

A fuga

Minha mãe sempre teve uma auxiliar para ajudá-la nos afazeres domésticos....uma vez, ela e minha madrinha contrataram a mesma moça, a Clarice...então ficava assim dividido...treis dias a Clarice ficava com a minha mãe, e treis dias com minha madrinha, e foi assim até a moça casar......
O conjunto de sobradinhos que morávamos eram iguais, só que minha madrinha resolveu ampliar a cozinha e com isso o banheiro que ficava no andar decima, ficou com uma sacadinha......
Um dia não sei por qual motivo, minha mãe precisou sair e deixou-me na casa da minha madrinha, como ela lecionava, fiquei aos cuidados da Clarice......e toca a Jurema e o Jomar a aprontar dentro de casa, pois estava chovendo e não podíamos brincar no quintal, quando resolvemos então ir ver a sacadinha do banheiro, e ficamos brincando por lá....pulando do vaso para o bidê e depois para a banheira......só que o bidê não estava bem preso, e quando eu e o Jomar pulamos pra cima dele, ele caiu e quebrou.............a Clarice escutando o barulhão correu para ver o que estava acontecendo,quando ela viu o bidê quebrado , ela pegou nós dois e fez com que ficássemos de joelhos em frente a uma tapeçaria que minha madrinha tinha na sala, rezando o Santo Anjo......quando minha mãe chegou e viu o estrago que eu e o Jomar fizemos, deu-me uns tapas....aí....revoltei!...
.achei injusto só eu apanhar, e o Jomar? porque ela não batia no Jomar também? imagina só se minha mãe iria bater no filho dos outros, mas na minha cabeçinha de criança, era tudo a mesma coisa........então fiquei amargando a revolta....no dia seguinte, ainda não tinha esquecido a grande injustiça e resolvi fugir....mas e o medo?...oras o que fiz?, peguei meu irmão Dário pelas mãos e saí andando.....nessa época eu tinha 6 anos e o Darinho 3....e fui pelo mesmo caminho que o Zezinho fazia para levar eu e a Dalva para a escola...eu estava no prezinho......subi a nossa rua, entrei na rua caquito, depois na rua Penha de França, até chegar no largo da Penha....mas isso, andando bem devagar e sentando algumas vezes, pois o Darinho ficava cansado.....chegando no largo da Penha entrei na "loja das bagunças", era este mesmo o nome...esta loja era similar as lojas de 1 real de hoje em dia.....e fiquei olhando os brinquedos, mas o Dário estava com fome e querendo um carrinho que viu na loja...com isso começou a chorar e a fazer manha......então saí com ele da loja e fui até o posto telefônico ver os telefones....só que o Darinho começou a chorar mais e mais e a se jogar no chão, gritando que queria o carrinho, e fez aquele escândalo.....eu, fiquei apavorada e começei a chorar também.....nisso as pessoas paravam e perguntavam aonde estava a minha mãe e como era o nosso nome....no medo esqueci....só sabia que meu nome era Jurema e meu irmão chamava Dário, mais nada.......deixa estar, que lá em casa minha mãe estava desesperada, pois não encontrava nós dois de jeito nenhum....e a molecada e a vizinhança toda a procurar por nós.....quando minha mãe no auge do desespero pediu pro seu João( nosso vizinho) ir até o posto telefonico, lá no largo da Penha, telefonar para o meu pai, pois na cabeça dela, tinhamos sido roubados.....quando o seu João chega no posto , vê o aglomeramento de pessoas e escuta nosso choro., então ele vai até nós....na hora que vi o seu João saí correndo pros braços dele, apavorada...então ele pegou-me no colo e disse para as pessoas que nós estávamos desaparecidos e que ele estava ali, justamente para telefonar ao meu pai, contando o ocorrido....mas mesmo assim, ele teve que ir conosco até o posto policial e esperar pelo meu pai, pois só assim eles iriam nos liberar...aí é que eu botei a boca no trombone, chorei, mas chorei...e tanto eu chorei, que os policias entraram em contato via telefone com meu pai e fomos liberados.....para que eu parasse de chorar ganhamos eu e o Dário um pirulito pelota...e fomos felizes da vida de carro da polícia para casa chupando o bendito pirulito.....dessa vez, quando cheguei em casa não apanhei, mas minha mãe ficou apalpando nós dois para ver se não tinha nada errado conosco.....assim terminou a grande fuga da serelepe Jurema....rsrsrsrsrsrsr

terça-feira, 17 de junho de 2008

Frans Kafk

Quando minha irmã começou a fazer o cursinho preparatório, ela tinha que ir de ônibus até o centro da cidade...meu pai então, achou que era muito sacrificante e resolveu alugar um apartamento bem no centro de São Paulo, e caso ela entrasse na faculdade, ele iria alugar ou comprar uma casa nas imediações da faculdade......e assim foi feito, mudamos para um apartamento bem no centrão...
Mas a mudança para mim, foi terrível....pois vivi a minha vida toda em casas com quintais, onde eu sempre brincava e depois quando moçinha adorava ficar na espreguiçadeira tomando banho de sol, com meu cachorrinho bidu aos meus pés.....e tinha as minhas amiguinhas da infância e adolescencia...e tudo isso acabou do dia pra noite...até o bichinho tivemos que dar....eu odiava o apartamento......
Sempre quando eu começava a estudar piano, tocava o "concerto para piano número 1" de Tchaikovsky... e nele colocava toda a minha vibração juvenil...e tocava bem forte no momentos mais acentuados da música.......um dia, lá estou tocando com toda vibração minha música favorita( eu tinha inúmeras músicas favoritas..rsrsrsrsrsr), quando tocam a campainha....parei de estudar e fui atender....era o zelador, que vinha pedir para eu parar de tocar, pois a vizinha do apartamento ao lado estava reclamando do barulho....... oras,sempre fui uma criança e adolecente a parte, muito medrosa, com uma imaginação hiper fértil..... eu era transbordante nas minhas emoções...exagerava tudo....vivia intensamente cada momento da vida....se era pra rir, eu ria alto, para chorar, chorava muito.......até para tocar piano eu era intensa....então fiquei arrasada...pois até o que eu mais gostava de fazer, estava sendo proibida, então começei a ler...lia.,lia, lia tudo o que caia nas minhas mãos.....li a coleção de Cronin todinha, assim como a do Érico Veríssimo...Jorge Amado......Harold Hobbins....nossa, li um monte......até que um dia li "Metamorfose" de Kafka......e aí é que se deu o revertério.......porque depois que li o bendito livro, achei que tinha uma barata branca me perseguindo.....talvez eu já estivesse em processo de depressão, e o livro foi a gota água......se eu ia tomar água, via a barata no copo, se fosse dormir, olha a barata no meu travesseiro....foi terrível...e eu não contava para ninguém de casa.....fiquei assim curtindo o pavor sem contar para ninguém um bom tempo...até que conheci uma moça portuguesa (não lembro o nome dela) na escola, um dia na hora em que ia comer meu lanche vi a nojenta da barata e começei a chorar, esta moça então veio conversar comigo e perguntou o motivo do meu choro e eu desabafei com ela....ela me aconselhou então a falar com meu pai e assim fiz, e começei a tomar uns anti-depressivos......aí resolvi que já era tempo de começar a trabalhar e saí a procura de emprego, conseguindo logo a seguir no Bco.comercio e industria....este bco. não existe mais..... assim, virei uma página da minha vida e comecei outra....lá fiz grandes amizades, viajei muito com a Liete e a Solange...com a Solange e com o irmão dela fiz inúmeros acampamentos...eu gostava era de viajar...hoje um pouco mais esperta em matéria de psicologia, vejo que estas viagens, nada mais era que uma fuga do apartamento odiado......até que conheci o kaka..e novamente virei a página da vida para novo recomeço....e aqui estou colocando tudo neste blog.....assim meus filhos irão conhecer a Jurema sob prisma diferente do que só a mãe Jurema....irão conhecer a criança levada da breca, a jovem romantica e feiosa, enfim uma pessoa que viveu e vive intensamente cada momento da vida.....


ops:- para escutar a música maravilhosa de Tchaickovsky, basta entrar no google e digitar "músicas de tchaikovsky" e clicar no "estou com sorte"...e no final da página que conta a vida do grande compositor, existe um lugar para poder ouvir e se deliciar a vontade....

sábado, 14 de junho de 2008

Meu primeiro soutien

Eu sempre fui uma criança magra,mas com a altura normal....quando derrepente, dei uma senhora espichada...então aí a magreza ficou muito mais acentuada....eu fiquei enorme para a idade e magra,mas muito magra mesmo....e toda desengonçada...tinha um pescoço enorme...era a própria patinha feia...meu irmão Jose Carlos então colocou-me um apelido bem carinhoso....."máquina de fazer monstro"...rsrsrsrsrsr...ô dó!
Quando minha irmã estava na quarta série ginasial, quis ir nos bailinhos pró formatura, tanto insistiu que minha mãe levou-a e nessa também fui....eu lembro que o nosso primeiro baile , foi na casa de um amigo da Dalva, lá na rua guaiauna, o Vanderley Vilella, que tempos depois reencontrei, na ocasião eu trabalhava no bco Itaú e ele no City Bank... mas vamos aos fatos....minha mãe ficou sentada na sala conversando com a mãe e a avó do rapaz, enquanto o bailinho acontecia no quintal......e eu lá...e nenhum rapaz me tirou para dançar....só fiquei observando a Dalva e as amigas dela dançando.....também pudera....eu era lisa de frente e de costas...parecia uma tábua.....
O tempo passou e mais bailinhos aconteceram....e nada da Jurema ser tirada para dançar....minha irmã se formou, entrou para a escola normal, e na minha rua começaram os bailinhos no quintal da casa do Luiz Carlos....como era na nossa rua , 6 casas depois da minha e meu irmão estava sempre lá...minha mãe permitiu que fôssemos sozinhas......naquele tempo o baile era assim....tinha as seleções de músicas, que era composta por treis músicas....os rapazes tiravam as moças, dançavam uma seleção com ela...se gostavam de dançar ficavam conversando na "pista" durante uns segundos até recomeçar outra seleção....senão eles levavam a moça para o lugar de que a tirou.....normalmente as moças ficavam de um lado e os rapazes do outro......
Um dia cansada de nunca ser tirada para dançar e já com meus 15 para 16 anos, pedi dinheiro para a minha mãe, fui na loja de armarinhos que tinha logo no começo da rua guaiauna e comprei meu primeiro soutiein.....era aqueles soutien de bojo e bem bicudo.....mas eu era totalmente lisa, então o que fiz?oras, coloquei um monte de algodão dentro do bendito, e com isso, fiquei com os seios enormes....pintei meus olhos estilo cleópatra, como estava na moda...e lá fui eu para o bailinho junto com a Dalva......meu irmão Jose Carlos quando meu viu, começou a fazer sinais para eu ir embora.....mas qual o que....eu tinha que dançar pelo menos uma vez....e isso aconteceu, justamente na seleção de música romantica...então o rapaz que me tirou , colou o rosto dele no meu...uma loucura para a época...eu? fiquei feliz da vida......só que vendo a cara do meu irmão, fiquei apavorada, e com isso não conseguia me movimentar....dura...dura...dura....o rapaz como era esperado, no final da seleção, foi me levar para meu lugar, enquanto que a Dalva ficou na pista conversando e esperando nova seleção......e eu sozinha na parede, quando vi que todos os rapazes olhavam pra mim e riam...e ficavam se cotucando e rindo.....e eu sem saber o porque, quando a Dalva veio na minha direção e me puxando pelos braços me levou para o banheiro....que vergonha! na hora em que estava dançando de rosto colado com o rapaz....um dos "seios" afundou.....rsrsrsrsrsrsr.....então eu estava com um bem empinado e o outro sem nada.....rsrsrsrsrsrsrs.....morrendo de vergonha fomos embora........mas a vergonha passou...e no sábado seguinte, olha eu no bailinho novamente.....com o passar do tempo, os rapazes começaram a me tirar para dançar, mas com medo de acontecer novamente a tragédia....sempre ficava dura, e com isso nunca dançei duas seleções seguidas......
Para falar a verdade, só fiquei com seios grandes quando amamentei meus meninos...aí eu parecia a vaquinha mimosa de tão graaaaaaaaaaaaannnnnnnnnnde que eles ficaram.... .... aí fiquei hiper feliz porque tive bastante leite, e ao mesmo tempo poderia me exibir.....rsrsrsrsrsrsr







quinta-feira, 12 de junho de 2008

Brincando de fazer comidinha

Minha irmã, depois de ler "a intolerância", enviou-me um email perguntando se eu não iria contar o fato ocorrido comigo e com a filha do farmacêutico....aí fiquei pensando como a nossa mente é extraordinária, pois ela simplesmente bloqueia as lembranças que nos incomodam, e se não fosse pela Dalva, minha mente deixaria este fato escondidinho, bem lá no fundo, pois realmente foi o acontecimento mais assustador da minha infância......vamos ao fato......
Tempos depois que minha amiguinha,a menina mimada tirou o gesso e a família de umbandista mudou-se, ela fez 6 anos ( eu tinha 7 anos), e como presente de aniversário ela ganhou uma copa- cozinha americana completa, com geladeirinha que abria a porta, fogão, pia com reservatório e que da torneira saía água...esta cozinha era sonho de consumo de todas as meninas da época, inclusive o meu...mas era caríssima e nem todos pais poderiam comprar.....
Um dia minha amiguinha chamou-me para brincar de casinha e, toda feliz fui....resolvemos então fazer comidinha.....quando eu brincava de fazer comidinha na minha casa, minha mãe sempre dava alguns grãos cru de arroz, feijão e alguma folhagem, ora um folha de alface, ora umas folhinhas de agrião.....mas a mãe da menina não quis dar....e como fazer comidinha sem nada?então fui no quintal da casa dela e peguei duas folhas de um vaso que tinha lá...uma pra mim e outra pra ela....picamos tudo, misturamos com um pouco de água e ela deixou no forno....enquanto isso fomos arrumar a mesinha e as bonecas....quando a comidinha ficou pronta, colocamos nos pratinhos e começamos a dar pra as bonecas....quando as bonecas ficaram satisfeitas, fomos comer....só que eu fingia que estava comendo, enquanto que ela comeu de verdade.....não demorou muito tempo e a menina começou a chorar dizendo que a garganta estava doendo....e chorou, chorou...e eu fui chamar a mãe dela.....como a farmácia do pai da menina ficava embaixo da casa, a mãe levou a filha para o marido ver.....o farmaceutico então perguntou pra mim o que nós estávamos fazendo, e eu disse...aí ele quis ver a comidinha.....ah! não deu outra....nós tinhamos feito a comidinha com a planta "comigo ninguém pode"...a menina ficou entre a vida e a morte, muito mal mesmo......graças a Deus ela se salvou...mas eu lembro que todas as mães do pedaço colocaram fogo nessa planta.....
Hoje em dia eu fico pensando cá com meus botões......até na natureza existe as plantas que curam e as que matam.....e por pouco minha amiguinha não morreu.....como será que eu estaria hoje em dia se ela tivesse morrido? credo não gosto nem de pensar...talvez por isso é que bloqueei esta passagem da minha infância.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

A intolerância

Nos anos 50/60, existia muito mais intolerância religiosa do que hoje em dia, era bem
camuflado, mas existia.....naquela época era-se católico ou católico....tolerava-se os protestantes...ainda não se usava o termo evangélicos.... os espíritas, umbanditas e os seguidores do candomble´...eram relegados a segundo plano mesmo......mas estou escrevendo tudo isso, só para contar um fato que aconteceu na minha infância......vamos a ele.......
Na rua Omachá, morava uma família composta por um casal e treis filhos, duas meninas e um menino....e...eles eram umbandista....uma vez por semana saíam para os rituais deles assim vestidos, as mulheres com saias brancas longas e turbantes na cabeça e os homens todos de branco, sem contar os colares....a rua Omachá era em declive, então a casa em que eles moravam ficava na parte de baixo e um pouco mais abaixo ficava a garagem....na parte de cima que era no nível da rua, morava a madrinha da minha irmã, a dona Iolanda....e por irmos sempre na casa dela, fizemos amizade com as crianças umbandistas....mas as outras crianças da rua, ou eram proibidos pelos pais de terem amizades com eles ou tinham medo mesmo.....a minha mãe? oras, ela não tava nem aí.....tinha coisas mais importantes para se preocupar, do que ficar com onda só porque as outras pessoas não professavam a mesma fé que ela...com isso brincávamos a vontade com as meninas.....um dia resolvemos fazer um batizado de bonecas , na dita casa das meninas umbandistas,e logo depois um chá.....e eu fui convidar as meninas do pedaço...ninguém queria ir....mas de tanto eu insistir foram umas 4 ou 5 crianças, e entre elas , estava a filha do farmaceutico.....filha única e hiper mimada......ela chegou meio que apavorada e quando viu a estátua da Iemanjá...a guria arregalou o olho e começou a tremer......deixa estar que as meninas que estavam oferecendo a casa para a brincadeira notaram...e resolveram brincar e se vingar da guria mimada..atitude típica de criança......(não lembro o nome de nenhuma delas).....aí as duas trocaram o lugar do cha....e levaram todas nós para a garagem.....e...fecharam a porta...uma porta de madeira pesadíssima.....fizemos o batizado e na hora de cortar o bolo, as duas irmãs apagaram as luzes...e só ficaram as velinhas acesas...aí as duas começaram a falar que estavam vendo pessoas mortas lá dentro....e falavam que estavam vendo um pé e uma mão....oras, a dona Jurema, era hiper impressionável...e medrosa ao extremo...e na hora eu realmente vi os pés e as mãos...ahahahahahah......e começei a gritar, e as outras crianças começaram a gritar também...e querendo sair de qualquer jeito da garagem começamos a dar murros na porta....foi uma histeria coletiva....a vizinha que morava ao lado escutando o barulho, pensou que algo mais sério estava acontecendo e, foi lá...e ...abriu a porta...na hora saimos correndo feito loucas, e nessa corrida para subir a rua, a guria mimada caiu e quebrou o braço....loucura total......a guria mimada teve o braçinho engessado e a família um tempinho depois mudou-se.

Mas tudo isso só aconteceu por causa da intolerância religiosa.

terça-feira, 10 de junho de 2008

Casemiro de Abreu

Até meus 14 anos, achava que queria ser freira, quando uma professora de portugues, mandou a classe fazer um trabalho sobre o poeta Casemiro de Abreu.....foi a conta.... lendo as poesias, o romantismo aflorou na Jurema e fiquei perdidamente apaixonada pelo poeta, a noite chorava porque ele não era do meu tempo e assim eu não poderia casar com ele, então fazia cadernos e mais cadernos de trovas e poesias, eu amava ler as poesias de J.G. de Araújo Jorge, sem contar é claro Casemiro de Abreu.
Nessa época morávamos na rua Esmael Dias, segunda travessa da rua guaiauna, e nesta rua morava uma velhinha que todos os sábados montava uma banca de revistas usadas...e ela trocava 2 por 1..... a senhorinha montava a banca dela assim....um montinho de cada revista....era uma maravilha, pois adorávamos ler e íamos todos os sábados lá, trocar e comprar revistas...líamos muito, o Saci Pererê, Luluzinha, Bolinha,Mandrake,Tio Patinhas, Pato Donald, Fantasma, gasparzinho, homem aranha, capitão américa...............e as revistas...Lili e Suely.....a revista Lili contava a estória de duas modelos, uma loira e uma morena, que viviam brigando e a Suely, contava a estória de uma menina e sua família...ela tinha dois irmãos mais velhos, um rapaz e uma moça, e um casal de irmãos gêmeos........eu adorava estas duas revistas, pois sempre no final tinha uma estorinha de amor bem água com açúcar...próprio para meninas-moças......uma vez não lembro em qual delas, li a estorinha de uma moça cega, que um dia ficou sentada com um vestido bem rodado e branco, em um parque, nisso veio um rapaz lindíssimo se apaixonou por ela ,assim a primeira vista, chegou perto, roubou-lhe um beijo, e como milagre a moça voltou a enxergar e eles casaram e foram felizes para sempre.................Quando li essa estória fiquei maravilhada e queria porque queria um vestido igual e queria ficar sentada na grama para meu principe encantado me ver..........oras, eu ainda tinha meu vestido de primeira comunhão, e então fiquei atazanando a minha mãe para ela cortar o vestido, e assim eu teria um vestido bem rodado e branco.....depois de muita insistencia minha, minha mãe ajeitou o vestido para mim.............aí foi outra luta para ela me levar ao Ibirapuera...tanto insisti, que um dia olha nós lá.....enquanto meus irmãos brincavam soltos pelo parque...eu sentei na grama, fiz com que o vestido ficasse bem espalhado em minha volta, peguei um livro..e....fiquei dura feito uma estátua esperando o bendito príncipe encantado......e nada...e eu cansada e querendo brincar...e olhando pelo rabo do olho , se o principe estava chegando...e nada.....aí a Dalva chegou perto e disse que precisava que eu ficasse com ela no rema-rema......ah! foi a conta....o principe não chegava mesmo...então larguei o livro e saí correndo para brincar com a Dalva., voltei pra casa com o vestido marron de tanto que me esbaldei nos brinquedos.....ahahahahahah..
.porque apesar de sermos duas adolescentes, demoramos muito a tomar consciencia desse fato, e brincávamos como crianças.......
Só fui realmente encontrar meu príncipe encantado com 22 anos, e com ele estou casada até hoje......

segunda-feira, 9 de junho de 2008

O vestido

Antes de contar mais um fato acontecido na minha infância, preciso mostrar as diferenças entre a Dalva e eu...............
Na aparência física somos totalmente diferente.....eu sou a cara da minha mãe....branca, baixa e agora gordinha, mas fui dessas crianças que dão "aquela espichada" e , com 12 anos eu já tinha 1,60 mas parei aí.......então, eu era muito alta, muito branca e, extremamente magra....só tinha pescoço.....( rsrsrs), enquanto que a Dalva é meu pai perfeito: alta, morena e magra....( ela cresceu no tempo certo),mas não é só isso.....enquanto eu sempre fui a levada, a que fazia amizades com facilidade, que falava alto, ria alto, estudava por obrigação para não repetir de ano, desordeira, que gostava de artes em geral......a Dalva era a estudiosa, a organizada, a reservada, a contida e, acima de tudo.....a geniosa.....ô personalidade forte tinha e tem a Dalva......ela sempre enfrentou todos os acontecimentos de frente, sem medo...e defendia e defende seus direitos a qualquer preço, enquanto eu, por mais que tentasse, sempre me acovardei diante da vida em geral.....mas vamos ao fato.....
Quando morávamos na Leopoldo Machado, assistíamos a missa na Capelinha de Santo Estevão....depois quando fomos para a rua Esmael Dias, íamos assistir a missa das crianças, as 10 horas da manhã na igreja da Penha...e depois da missa, costumávamos ir até a gruta de Nossa Senhora de Lourdes, que ficava entre o seminário da Penha e a nova matriz que estava em construção....nessa época entrei para a escola de balé clássico, e como a professora disse que precisávamos treinar muito, eu na ingenuidade de criança, vivia praticando os passos em qualquer lugar....vira e mexe, olha a Jurema rodopiando com as mãos para cima e fazendo todos os passos ensinados......
Um dia minha mãe fez dois vestidos modelo brigit bardôt , um para mim e outro para Dalva...pois nós íamos ao salão da criança.....eu adorei o vestido, e fiquei toda prosa, me senti....achando que era a própria Brigit...e olha a Jurema rodando e dançando.... fomos no salão da criança e no dia seguinte, domingo fomos na missa.....eu, a Dalva, a Maria da Penha, a Maria do Carmo, o Dário,a Cuquita e a Maria luiza, irmã da Cuquita.....depois da missa, fomos todos até a gruta, quando chegamos lá tinha outras meninas que não conhecíamos....ajoelhamos , rezamos e ficamos conversando....até que resolvi mostrar pra Santinha como eu sabia dançar...e comecei a rodopiar e a fazer os passos.... e as meninas que não conhecíamos, acharam que eu estava me exibindo...( e estava mesmo...rsrsrsrsrsr...coisas de criança...rsrsrsr), e uma delas, veio contudo pra cima de mim,e puxou meu vestido ........e este rasgou......eu covarde do jeito que sempre fui, me encolhi toda apavorada....ao contrário da Dalva, que quando viu meu vestido rasgado, partiu com tudo pra cima da guria....e gritando dizia....voce rasgou o vestido da minha irmã...então vou rasgar o seu também.......e puxou o vestido da menina...como naquele tempo os vestidos eram com corpete e as saias eram bem rodadas.....na hora que a Dalva puxou o vestido da menina, este descosturou todo na saia.... .....meu Deus! que loucura!..uma senhora que morava bem em frente da gruta e viu tudo, foi me pegar, pois eu não parava de chorar e de tremer, estava completamente descontrolada de pavor.....aí ela me deu água com açúcar e costurou o vestido...voltamos para casa, e pela primeira vez na vida, não esperei minha mãe mandar eu tirar e guardar o vestido para ir no domingo seguinte a missa......rsrsrsrsrsrsr
Esta é minha irmã.....até hoje ela "cuida" de mim.......quando minha mãe morreu, ela pegou para sí o encargo de defender os irmãos.....
Dalva minha irmã querida....te amo!

domingo, 8 de junho de 2008

O cemitério

Lendo meus textos, fiquei pensando cá com meus botões....a nossa mente é realmente extraordinária....de 2001 a 2004, tive amnésia total, não reconhecia nem meus filhos...só voltei a mim, graças ao saudoso dr. Henrique Del Nero, uma sumidade em psiquiatria e professor de ciencia cognitiva....lá na USP.....infelizmente só não consigo tocar mais meu amado piano...simplesmente apaguei qualquer lembrança de como se toca....até as notas musicais não reconheço....uma pena, pois eu adorava tocar piano.....Mas quando escrevo sobre determinado assunto, as lembranças vem aos trambolhões ....com uma nitidez tão impressionante , que parece que o fato se deu a dois minutos atrás.....Contando a estória da vó Maria, voltou a minha memória pequenas estorinhas acontecidas no cemitério da Penha......duas delas tem relação entre si......então começarei a contá-las por blocos.....
1-como minha casa ficava a tres quadras do cemitério da Penha, eu a Dalva e o Dário, as vezes costumávamos cortar caminho por ele....geralmente íamos sozinhos para a escola..(naquele tempo podia) e sempre íamos pela rua Caquito, depois pegávamos a av Penha de França e pronto, estávamos no colégio....mas as vezes fazíamos o caminho pela av Amador Bueno da Veiga, aí entrávamos portão principal do cemitério, andávamos por ele e saíamos quase em frente a nossa rua......em frente ao cemitério na av.Amador, tinha um montão de coqueiros, e nós na ingenuidade infantil, subíamos encima dos túmulos para pegar e comer os coquinhos...nossa era uma delícia....nunca passou pela nossa cabeça que poderíamos estar desrespeitando quem ali estivesse enterrado...queríamos mesmo era comer os coquinhos.....rsrsrsrsrs
2 e 3-Um dia quando estávamos voltando da escola, resolvemos cortar caminho pelo cemitério, lá tinha estes túmulos que pareciam capelinha, derepente vimos uma velhinha de bengala entrando dentro de um desses túmulos, na minha cabeça e na cabeça do Dário, ela era um fantasma......e toca nos dois a gritar e saímos correndo feitos dois doidos, de tão assustados que ficamos..... mas deixa estar, que dois dias depois eu fui com a filha do seu Oswaldo, dono da venda que ficava na esquina da leopoldo machado com a rua pedro Alegretti, pegar uns pacotes de cigarro na revendedora souza cruz, que ficava em uma praça no começo da av.amador bueno.....( deveria ser um sábado), então quando estávamos voltando para casa, resolvemos cortar caminho pelo cemitério...e eu começei a contar para a menina(não lembro o nome dela), a estória da velha fantasma...e ela quis ver o túmulo....lá fomos nós....quando chegamos perto...olha a velhinha denovo lá....aí nós gritamos, gritamos muito, hiper apavoradas ...e a menina no pavor, deixou os pacotes de cigarro cairem no chão...e esparramou tudo...e olha nós duas saindo correndo feitos duas loucas....chegamos na venda todas esbaforidas e sem os cigarros.....o seu Oswaldo ficou doido...e obrigou nós duas irmos com ele ver se conseguia salvar alguma coisa.....como naquele tempo a Penha era muito menos povoada, o senhor Oswaldo recuperou os cigarros...mas em compensação...depois disso, nunca mais entrei no cemitério...rsrsrsrsrsr

sábado, 7 de junho de 2008

Vó Maria

Na década de 50/60, todos sem excessão eram muito respeitosos às tradições, principalmente as tradições religiosas......com isso todas as emissoras de rádio as 6 horas da tarde faziam um momento de oração a Nossa Senhora, e tocavam a "Ave Maria".....naquela época também se velavam os mortos nas residências...e para isso era feito todo um ritual.......como nossa casa ficava a uns tres quarteirões do cemitério da Penha, sempre que morria algum conhecido, fazia-se um cortejo, com os homens segurando o caixão, indo a pé até o cemitério....e.... nós as crianças íamos na frente segurando as flores....e quando o cortejo passava em frente de algum cormércio, os donos abaixavam as portas em sinal de respeito, assim como os homens tiravam os chapéus, e colocavam na altura do peito.....
Mas o que eu quero contar é outra estória.......
Bem em frente da nossa casa lá na Leopoldo Machado, morava uma senhora negra, muito boazinha, que chamávamos de vó Maria...ela era um docinho de coco, de tão querida que ela era....sabe essas pessoas prestativas? que se dispoem a ajudar aos outros pelo simples prazer de ser útil? assim era a vó Maria.....um dia a vó Maria morreu...... antes dela, eu nunca tinha visto uma pessoa morta, muito menos um velório....e pra variar fiquei apavorada....mas minha mãe obrigou todos nós a irmos no velório e no enterro, pois quando mudamos para lá, a vó Maria deu uma senhora força para ela...então em reconhecimento minha mãe achava que nós tínhamos que velá-la......o enterro aconteceu, e eu e a Dalva, ficamos encucadas com a estória do velório....um dia a Dalva me chamou para brincarmos de morta.....eu ficava deitada na cama com as mãos postas, e a Dalva ficava chorando de joelhos ao meu lado.....(brincadeira besta, credo!)...e lá estávamos nós brincando, quando a Dalva resolve ligar um radinho azul, que ficava no criado mudo da cama do meu irmão Jose Carlos....mas deixa estar que eram 6 horas da tarde e era hora da Ave Maria....quando a Dalva ligou, estava tocando a bendita música, e o cantor tinha uma voz possante e cantava bem devagar e bem fúnebre(para nós, é claro).....nossa que susto nós levamos....nós descemos a escada aos tropeções , gritando feito duas loucas....ahahahahah....não consigo parar de rir lembrando.....minha mãe sem entender nada, ficou hiper nervosa, pois nós chorávamos e não conseguíamos falar coisa com coisa......acho que ela, mesmo depois que nós nos acalmamos e conseguimos contar a estória, não entendeu......
Lembrando da minha infância, fico pensando cá com meus botões, que mesmo sem a modernidade, sem a tecnologia, aqueles tempos eram muito mais salutares que hoje em dia...pois havia respeito....palavra praticamente abolida do cotidiano moderno.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

As missões

Nós estudávamos em colégio de freiras...e...quando chegava a época das missões, as irmãs davam para cada aluno, uma folha de papel almaço timbrando com o nome do cólégio para que arrecadássemos dinheiro para as missões......cada folha de papel era numerado, assim as freiras saberiam o valor que cada criança conseguia arrecadar.... tinha também um prazo estipulado para a entrega do papel e do dinheiro.....para nós era uma festa, pois só assim poderíamos percorrer as ruas do bairro, com a autorização da mãe e da escola...eu e minha irmã Dalva sempre íamos juntas...e rodávamos as ruas batendo de casa em casa.....as pessoas colocavam o nome e o endereço no papel juntamente com o valor doado.....
Quando minha irmã foi para o terceio ano primário, a professora dela era a irmã Jacinta.......professora linha duríssima.....e...chegou a época das santas missões....e olha eu e a Dalva percorrendo o bairro pedindo dinheiro......quando nós preenchemos nossa folha, guardamos o dinheiro, para entregar no dia seguinte........só que quando est´avamos voltando para casa a Dalva perdeu o dinheiro, e só percebeu quando estávamos em casa....então saímos correndo para percorrer o caminho que fizemos, na esperança de encontrá-lo...mas qual o que...não achamos nada.... a Dalva então ficou apavorada sem saber o que fazer.....e.... não contou pra minha mãe....e.... os dias estão passando e estava chegando o dia do prazo estipulado pelas irmãs....e... nada da Dalva resolver o que faria.....até que ela teve a brilhante idéia, jogaria o papel na escadaria do colégio...rsrsrsrsrsr....nem passou pela cabecinha da minha irmã, que o papel tinha uma numeração e que esta numeração estava escrito no livro da irmã Jacinta com o nome dela.....ela feliz da vida, achou que o problema estava resolvido....mas deixa estar que a servente achou o papel jogado no chão e levou para a madre superiora......oras, pela numeração ficou-se sabendo que era o papel da Dalva......a Dalva levou a maior bronca da professora e minha mãe foi chamada na escola para pagar o dinheiro que a Dalva havia perdido....minha mãe por sua vez ficou indignada, pois além das filhas sairem na rua pedindo dinheiro, ainda teria que pagar o dinheiro perdido, mas para não criar muita confusão, ela pagou e deu uma bronca na Dalva, pois achou que a Dalva teveria ter contado que tinha perdido o dinheiro....mas a Dalva era topetuda e defendia seus direitos , e no dia seguinte, ela disse umas verdades para a professora...ah! não deu outra....olha a irmã Jacinta pegando no pé da coitada.......só que a partir daí, meus pais proibiram que fôssemos arrecadar dinheiro para as missões.....e a Dalva com isso colocou na cabeça que iria ser advogada, para defender os injustiçados....rsrsrsrsrsrs..
.e não é que ela se formou advogada mesmo?.....rsrsrsrsrsr

As meias

Quando voltamos a morar em São Paulo, a máquina de costura da minha mãe, era antiga, mas bota antiga nisso....era uma máquina Singer manual...minha mãe tinha uma mesinha no seu quarto, e quando ela ia costurar colocava a máquina em cima e, olha ela com a mão esquerda ajeitando o tecido e com a direita , virando a manivela....Todos os invernos minha mãe comprava flanela com desenhos de bichinhos e fazia lindos pijaminhas para nós.....eles eram assim:uma calça comprida com elástico na cintura e as blusinhas eram de mangas compridas, com golinhas e abertas na frente com botões e um bolsinho de cada lado.....e sempre que ela costurava, nós os pequenos ficávamos brincando encima da cama, e quando sobrava retalhinhos dos tecidos, ficava para nós, as meninas....assim poderíamos fazer roupinhas para nossas bonecas.
A minha irmã Dalva, desde pequena era inovadora...e fazia a cabeça da minha mãe para modificar a posição dos móveis, e vira e mexe olha a Dalva, o Zezinho e minha mãe arrastando os móveis, pra lá e pra cá....nessas ocasiões eu e o Dário, ficávamos só olhando....
Uma vez eles colocaram a cama da minha mãe de canto...entre uma parede e outra.....com isso ficou um espaço na quina das paredes.....na mesma hora em que vi aquele cantinho, veio na minha mente.......ali seria meu esconderijo secreto.....só que não falei nada para a Dalva.....e vira e mexe, olha eu brincando sozinha......um dia que fazia muito frio, tive a brilhante idéia de pegar as meias do meu pai e fazer toquinhas para uma bonequinha de plástico que eu tinha.....pequei todos os apetrechos necessários e fui para e minha "casinha"...e cortei os calcanhares das meias....e em outras cortei o cano...e toca a fazer toquinha e vestidinho.....e fui brincando até que dormi......minha mãe deu por minha falta e toca a me procurar...e nada.....e vai na casa da minha madrinha, achando que eu estava por lá...e nada....aí ela começou a desesperar....cadê a Jurema?todos saíram a minha procura..e eu dormindo no meu cantinho secreto......quando acordei, dobrei as meias do meu pai, coloquei na gaveta, e desci morrendo de fome.....quando minha mãe me viu, começou a chorar de felicidade, pois as filha estava sã e salva dentro de casa......levei uma bronquinha e fui fazer meu lanche......
No dia seguinte quando meu pai foi se arrumar para ir trabalhar, pegou uma meia e.....cortada...pegou a segunda e....sem calcanhar.....ele todo nervoso chamou por minha mãe.....aí eles viram que quase todas as meias estavam cortadas, umas sem calcanhar, outras sem o cano....eles não entenderam nada, aí não teve jeito, mostrei as toquinhas e vestidinhos feitos com as meias....minha mãe, ficou olhando pra mim, olhando pro meu pai e olhando pras meias e roupinhas de bonecas......e depois começou a balançar a cabeça, sem saber que atitude tomar....... meu pai que estava atrasado pegou uma das meias que sobrou e deixou para a minha mãe a incubência de comprar novas meias e dar um corretivo em mim.....nisso a irmã de minha mãe, minha tia nene chegou, e como ela era minha madrinha de batismo, veio ao meu socorro, dizendo que eu era muito criativa , pois eu só tinha 8 anos e já sabia lidar direitinho com tesouras , agulhas e linhas......e dessa me safei......ainda bem que minha tia-madrinha entendeu a explosão de "arte e criatividade", pois com isso não tolhi a minha criatividade e hoje vivo fazendo "artes", pois sou artesã.


quarta-feira, 4 de junho de 2008

O balão

A minha infância e a de todas as pessoas da minha idade, foi muito tranquila...... naquele tempo a criançada tinha liberdade total, podíamos brincar na rua sem medo algum....e tínhamos épocas certas para determinadas brincadeiras....não sei bem como funcionava, mas tinha época para jogar pião, para jogar bolinhas de gude, para empinar pipas....agora de uma coisa eu tenho certeza....mes de junho, era época de correr atrás de balão.....e moleque que era moleque de verdade tinha sempre um bambú bem comprido, assim poderia pegar o balão ainda no alto......e meu irmão Jose Carlos não fugia a regra.....mas minha mãe por mais boazinha que fosse, proibia meu irmão de ir muito longe de casa, e alertava-o do perigo de sair correndo e entrar nos quintais alheios......mas na hora que o balão estava caindo, quem é que vai lembrar dos conselhos da mãe?
Pois bem, um dia meu irmão e seus amigos viram que um balão estava caindo....não deu outra, a molecada em peso saiu correndo atrás....só que o vento fez com que o balão fosse cada vez mais longe....e olha os meninos atrás...até que o balão caiu em uma chácara....e toca a molecada pular a cerca de arame farpado .....quando o dono da chácara viu a molecada invadindo sua propriedade...não teve dúvida, soltou os cachorros neles.....oras,. foi uma debandada geral...e meu irmão na pressa ficou preso no arame farpado e com isso fez profundo corte na virilha.....mas com medo de levar uma bronca da minha mãe, ele ficou quietinho.....fez um curativo mal e porcamente e ficou na moita...mas o arame estava enferrujado, e o corte infeccionou....e toca meu irmão andar mancando e tendo febre....mas mesmo assim, nada de falar pra minha mãe.........mas ela andava desconfiada de que algo não estava tão bem assim, pois o Zezinho que adorava uma rua, ficava em casa quieto......e ela começou a pressionar meu irmão...e nada...até que um dia, com a intuição característica de toda mulher, minha mãe entrou com tudo no banheiro na hora em que meu irmão estava tomando banho e viu a ferida infeccionada....ah! não deu outra....o Zezinho apanhou alí mesmo.....depois sim, ele foi levado no hospital para ser medicado......mas deixa estar, que foi só a dor dos tapas e da infecção passar, que olha o Zezinho correndo atrás dos balões novamente...como qualquer criança sadia e peralta da época.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

A escada

Relembrando minha infância lá na Leopoldo Machado, peguei-me rindo, pois até a escada do sobradinho tem suas estórias.Duas delas são tragicômicas, e por mais que eu tente não consigo...caio na risada....e fico pensando na minha mãe....mulher de raça, forte.....acho que, se eu estivesse no lugar dela, teria surtado......
Vamos lá, colocarei as tragicomicas em primeiro lugar....rsrsrsrsrsr
1-Um dia estávamos assistindo o filme Rin tin tin com nossos amiguinhos, quando a bóia da caixa d'água quebrou, com isso toda a água da caixa, caiu escada abaixo parecendo uma cachoeira ...nós gritamos para minha mãe ver o que estava acontecendo....... quando ela viu o estrago, ficou paralizada feito boba olhando a água correndo.......
O Orestes, amigo do meu irmão Jose Carlos, não teve dúvidas, subiu a escada e depois desceu sentado, escorregando com a água......ah! não deu outra, olha a criançada escorregando escada abaixo na maior bagunça e gritando de felicidade, com a brincadeira inventada pelo Orestes.....
Fico só imaginando o estado mental da minha mãe naquele dia, pois álém dos 4 filhos gritando, tinha mais ou menos mais uns 5 "anjinhos" a bagunçar..... sem contar a molhadeira que ela teria que limpar, e o encanador que ela teria que pagar.....rsrsrsrsrs.....ô dó!
2-Eu tinha muito medo do piano que meu pai alugava e evitava olhar para ele.....
Um dia como sempre acontecia fomos dormir cedo, lá pelas 8:30 da noite.....mas sei lá o porque tive muita sede, e minha mãe dizendo que eu já era quase uma mocinha, podia muito bem ir sozinha até a cozinha beber a água.....então armei-me de toda a coragem disponível no momento e fui, mas quando estava na metada da escada, me vi cara a cara com o bendito piano....simplesmente entrei em pânico e não conseguia sair do lugar...e...gritei....gritei..apavorada, e o pavor foi tão grande que me urinei toda., minha mãe precisou me dar uns tapas para eu poder acalmar-me......mas no dia seguinte ela deu um ultimato no meu pai...ele tinha que se desfazer do piano..... com isso meu pai comprou o nosso Fritz Double.
2-Meu pai era militar, por isso ele trabalhava por escala...não sei se este é o termo certo....as vezes ele ficava por um bom período trabalhando até tarde da noite, por isso fícavamos sem vê-lo, pois nós dormíamos bem cedo e quando ele chegava já estávamos ferrados no sono.
Uma noite quando estávamos indo dormir escutamos a porta da sala abrir...meu irmão Dário pulou da cama e foi gritando todo feliz...é o papai...é o papai....quando ele foi descer a escada, tropeçou e foi rolando....chegando lá embaixo desmaiado.
Meu pai então pegou o Darinho no colo e colocou-o em cima da mesa da copa, e chorando dizia.......matei meu filho....por minha culpa meu filho morreu.....nossa, foi o maior chororô aquela noite....mas graças a Deus, o Dário saiu dessa sem nenhum arranhão.....foi só o susto mesmo....

domingo, 1 de junho de 2008

Jânio Quadros....o dia do atropelamento.

Assistindo a propaganda política obrigatória, voltei no tempo e lembrei da campanha eleitoral para presidente , onde o Prefeito de São Paulo o Janio Quadros, era canditado.
Não sei se foi nessa eleição, ou na seguinte, que meu pai também saiu candidato, mas a Deputado Estadual, pelo Partido Republicano...PR.
Minha casa virou uma loucura, com os correligionários e os cabos eleitorais...lembro que saíamos colocando cartazes nos postes da cidade...nossa era uma folia total,......... mas meu pai não conseguiu se eleger, ficando como Suplente.
O símbolo da campanha do Jânio Quadros era uma vassoura, tinha até um jingle, que era assim.....
"varre,varre vassourinha
varre,varre a bandalheira...
que o povo está cansado...
de sofrer dessa maneira.
Janio Quadros é a esperança,
desse povo abandonado...."
Os cabos eleitorais visitavam os bairros na " Caravana da Liberdade", distribuindo brindes...eram flâmulas com a foto do Janio e da vassoura,.....tinha também um broche com o formato de uma vassoura em dourado...
Nessa época, a rua Omachá estava sendo asfaltada, então o trator passava nivelando a rua, e com isso formava montes de terra vermelha nas laterais....
Um dia a "Caravana da Liberdade" foi no nosso bairro, tocando o jingle no último volume e soltando fogos.....ah! foi a conta, a criançada toda do pedaço, saiu correndo atrás do carro para conseguir os brindes....e nós para não fugir da folia, estávamos no meio.
Meu irmão Jose Carlos, saiu correndo na frente, subiu em um monte de terra e ficou esticando o braço para pegar uma flâmula, quando escorregou e caiu, com isso ele foi atropelado.
A criançada então começou a gritar., eu e a Dalva saímos correndo gritando, entramos com tudo em casa dizendo para a minha mãe que o carro tinha passado por cima do Zezinho.Minha mãe que estava fazendo o almoço, largou tudo e saiu correndo....quando ela chegou e viu meu irmão caido desmaiado e todo sujo de terra vermelha, achou que ele estava morto, e na hora desmaiou e teve uma forte hemorragia.
Foi uma loucura total, uns vizinhos levaram minha mãe desmaida para a casa mais próxima, enquanto isso os homens pegaram meu irmão colocaram no carro e sairam em disparda para o hospital.
A Dalva, eu e o Dário parecíamos porquinhos no matadouro de tanto que berrávamos assustados.
Quando minha mãe voltou a si, lembrou do fogão, mas já era tarde demais, pois a comida estava torrada e a fumaça tomava conta da casa.
Naquela época, não se tinha telefones nem celulares disponiveis, o posto telefônico mais próximo ficava no largo da Penha,........ e como avisar meu pai e saber notícias do meu irmão?
Minha casa virou ponto de romaria, pois todos os vizinhos entravam e saiam procurando e dando notícias...umas mais desencontradas que a outra.
Fico só imaginando o desespero da minha mãe, sem noticias do filho.
Quando meu pai chegou e viu o tumulto na casa dele e soube do acontecido , enlouqueceu......nunca vi meu pai tão bravo e tão nervoso na minha vida, ele ficou possesso....lá pelas 8 horas da noite, trouxeram meu irmão com o braço engessado.
Meus pais quando viram o filho são e salvo, choraram feito crianças.
O sr.Janio Quadros foi eleito, e a peraltice do Zezinho, com suas consequencias, ficou na estória da famíilia.

Le Lac de Come

Conversando com minha irmã, lembramos de um fato ocorrido comigo, quando eu tinha meus 6 ou 7 anos.
Mas para contá-lo, preciso esclarecer 2 pontos....
1-Em criança fui muito levada, mas ao mesmo tempo era super medrosa(infelizmente ainda sou) e era hiper sensível.... tinha uma imaginação muito fértil e era também totalmente impressionável.......para falar a verdade eu era uma criança " esquisita".
2-Quando levei meu convite de casamento para minha madrinha, entre muitos assuntos, este fato veio a baila, mas minha mãe disse que ele só aconteceu porque eu estava doente e com febre....
Bom vamos ao fato em si......
Quando voltamos para São Paulo, fomos morar na rua Leopoldo Machado....meu pai então colocou meu irmão José Carlos na escola de música, para estudar piano.....Como meu pai era uma pessoa de bom senso, alugou um piano, até ter a certeza de que o Zezinho iria querer estudar mesmo.
O piano era....ENORME....e....PRETO.
Minha mãe colocou encima dele uma estátua de bailarina e várias miniaturas dos personagens do Walt Disney.Na parede em que ele ficava encostado , foi colocado um quadro em que um anjo da guarda estava protegendo duas crianças que atravessavam uma ponte.
Mas eu, mantinha uma distância respeitosa do dito cujo, pois morria de medo dele, e quando meu irmão abria o piano para estudar , eu fugia apavorada, pois na minha imaginação, as teclas eram os dentes da boca enorme do piano que um dia iria me devorar....com isso nunca vi meu irmão tocando-o....e foi assim até meu pai comprar o nosso piano.
A filha da minha madrinha, a Isaura, também estudava piano e encima do piano dela, tinha um vaso de cristal e sempre tinha flores naturais..na parede tinha uma tapeçaria enorme.O desenho dessa tapeçaria , era a representação de Jesus Cristo no monte das Oliveiras....Ele estava sentando no chão e encostado numa pedra olhando para o céu com um semblante muito triste.
No aniversário da Isaura, minha madrinha fez uma festinha, e como era de se esperar fomos convidados.Antes de cortar o bolo, a Isaura foi fazer uma apresentação ao piano.Todos os convidados espalharam-se pela sala, e como não sobrou lugar, fui sentar no degrau da porta, pois esta estava aberta....ela tocou várias musicas bonitas, mas quando começou a tocar"Le Lac de Come", eu fiquei extasiada....aí fiquei ouvindo a música e olhando para o rosto de Jesus...e ouvindo a música e olhando o semblante triste de Jesus, fui ficando mais e mais emocionada, até cair no choro.....então com vergonha sai correndo e fui para casa, mas como todos estavam na festa e a casa estava fechada, fiquei na calçada chorando.
Quando o bolo foi cortado, minha mãe e minha madrinha sentiram minha ausência e saíram a minha procura....e fui encontrada deitada na calçada dormindo.....
Depois disso ficou a vontade de estudar piano só para tocar "le lac de Come"...e depois quando eu tocava esta partitura, eu via na mente aquela tapeçaria......