sábado, 21 de fevereiro de 2009

tempo de criança....

Sou extremamente saudosista, minha irmã diz que sou assim, porque não aceito a minha realidade, porque sou infeliz.....
Outro dia parei e fiquei a pensar sobre isso, e cheguei a seguinte conclusão...apesar de ser um espírito muito antigo, minha alma é de criança...e as agressões da modernidade, os absurdos que vejo no dia a dia, as inversões de valores que está gritando no mundo todo....faz com que , a criança que existe em mim, fique apavorada e volte ao passado, pois lá a proteção dos meus pais eram uma constante...lá a tranquilidade imperava em todos os lares...pois apesar dos conflitos naturais de uma família normal, existia uma hierarquia que todos respeitavam...as crianças pediam abenção aos pais, avós e tios....e...eram por eles abençoadas...podíamos brincar sossegadas na rua, sem o perigo de pedófilos e dos traficantes a nos espreitar...crianças brincavam verdadeiramente livres e soltas..e os vizinhos ajudavam as mães a cuidar dos filhos, assim como se fôssemos delas também...e realizavam esta pequena tarefa com tanto prazer, que nós sentíamos que éramos parte de todas as famílias da rua.
Hoje acordei com a minha vizinha tocando músicas do meu tempo de criança e pré adolescencia...de pijama mesmo saí na minha varanda e fiquei sentada na minha cadeira de vime, me deliciando...a música envolveu o meu corpo e meu espírito e voltei lá na minha Penha amada, mas fui despertada desse doce enlevo com a voz do meu Binho pedindo para eu comprar pão...e lá fui eu...comprei o pão e quando estava saindo da padaria o que vi? um jipe igualzinho do meu pai...aí não teve jeito...meu espirito correu de braços abertos para o passado mesmo...e lembrei do nosso motorista o Mineiro e sua família....lembrei dos nossos domingos, em que as duas famílias iam fazer os famosos piquiniques na praia de santos...éramos os próprios farofeiros....minha mãe e a esposa do mineiro faziam bife a milanesa, frango assado com farofa, pão...uma saladinha de alface que era temperada na praia mesmo, e que muitas vezes pequenos grãos de areia se confudiam com o tempero...e nós brincávamos nas águas salgadas e geladas do mar...felizes da vida...sem nos preocuparmos quem era quem...integrados na felicidade....protetor solar? naquele tempo não existia, com isso ficávamos vermelhos feitos pimentões com o corpo pegando fogo de tão quente...mas extremamente felizes.....
Na volta, vinhamos cantando felizes e minha mãe sempre comprava um cacho de banana da terra e as famosas queijadinhas...lembro que os filhos do mineiro eram escoteiros...e ficavam sempre alertas...e nos ensinavam a fazer nós em cordas...com isso meu irmão caçula ,o Dário, também quis ser um escoteiro...e foi....
Tempos felizes que não voltam mais, mas que deixou boas recordações e que quando o mundo atual, com sua violencia me agride, corro de volta para lá, que para mim foi tão feliz e tão tranquilo....