sábado, 12 de julho de 2008

Um dia de cão!

Meu pai tinha um grande amigo, o seu Fernando.... assim como meu pai, ele também pertencia a extinta e gloriosa "guarda civil de são Paulo".
Quando voltamos a morar em São Paulo, ficamos em sua casa até nossos móveis chegarem...... ele também morava na rua Leopoldo Machado, só que, na quadra acima da rua Omachá.........a família do seu Fernando era assim composta....ele, a dona Arminda(sua esposa) e seus 3 filhos...o Gerson...que era da mesma idade do meu irmão Jose Carlos, o Reinaldo,que era da minha idade e a Eliana, que tinha uns 2 anos a menos que eu....isso sem contar o "negão"...um cachorro enorme, que para fazer jus ao nome...era todinho preto......assim como o negão era grande...e poe grande nisso....ele era hiper mansinho......e como meu pai não permitia que tivéssemos cachorros eu simplesmente fazia de conta que o negão era meu.......e brincava adoidado com ele.....e ele me obedecia em tudo.....
Não sei realmente dizer, se eram os pais do seu Fernando, ou os pais da dona Arminda.....mas um deles tinha um sítio...e teve um ano em que safra de mexirica excedeu.....e tinha mexirica adoidado...eu e o Reinaldo então, tivemos idéia de sair vendendo mexirica pela redondeza, e com isso livrar uma graninha para comprarmos gibis.....mas como fazer para carregar as mexiricas? aí, não sei se fui eu ou o Reinaldo, que lembrou da lição "a cesta", que tinha na nossa cartilha.......nesta lição tinha a gravura de um burrinho carregando duas cestas de palha, uma de cada lado.......foi a conta......pegamos duas cestas de lona , colocamos as mexiricas nela....amarramos com uma corda...e....fizemos o negão carregar assim como no livro.....e... fomos pela vizinhança vendendo as benditas mexiricas...e vendemos tudo! mas isso devido a nossa criatividade...as donas de casa ficavam encantadas com o negão, tão bonzinho e mansinho, a ponto de carregar as cestas cheias......eu amava o negão....pra mim , ele era o meu cachorro.
Um dia, não lembro o motivo, briguei com o Reinaldo.....e como toda a criança que se preze...ele para me pirraçar, proibiu que eu brincasse com o negão.....eu então toda injuriada, disse pro Reinaldo que ele ia ver só...pois eu estava indo falar pra minha mãe.....saí batento o portão e fui pisando duro...pensando como iria contar pra minha mãe, e tendo a certeza de que ela iria tomar o meu partido.....quando cheguei perto de casa, vi o outro lado da rua, bem em frente da casa da vó Maria um cachorrinho...oras, pra mim foi um achado...eu iria mostrar pro Reinaldo que não precisava mais do negão, pois agora eu tinha um cachorro.....atravessei a rua , e fui brincar com o cachorrinho.....mas o bichinho era bravo...e não queria nada comigo...e eu agarrando o coitado....até que pensei...se eu der um beijo nele...ele irá brincar comigo....e quando dei um beijo no cachorro, ele abocanhou meus lábios....e o dente dele ficou grudado na minha boca.....ô dor! ô pavor!...e toca a Jurema a berrar....e o cachorro com o dente preso nos meus lábios...enquanto eu colocava a cabeça pra tras...o cachorrinho puxava pra frente.....a minha sorte, foi que a dona Miúda, filha da vó Maria, viu tudo, e foi correndo me salvar........como ninguém conhecia o bichinho e , para meu total desespero, pois sempre tive pavor de injeção, olha a Jurema tomando uma série delas.....até hoje eu tenho as marcas dos dentes do cachorro nos lábios.........
O seu Fernando, era paraquedista, um dia quando eu tinha meus 9 anos, ele e a turma de paraquedista da guarda civil, foram fazer uma apresentação, mas, infelizmente algo saiu errado e o paraquedas dele abriu muito tempo depois do estipulado, com isso o grande amigo do meu pai veio a falecer.....foi uma pena, pois nossos amigos perderam o pai muito cedo.......e o mundo perdeu um homem de bem....mas como as mulheres daquele tempo tinham fibra e eram valentes a beça, a dona Arminda educou sozinha e muito bem os 3 filhos...eu lembro que ela complementava a sua pensão, fazendo bordados a máquina.....lindas toalhas e lençóis....as vezes eu ficava olhando ela bordar e achava lindo, quando derrepente o ponto ficava cheio e fazia aquelas rosas lindíssimas.....sem contar o cheirinho gostoso que o quartinho em que ela bordava tinha..............nossa, que saudades!

2 comentários:

Unknown disse...

Querida irmã,
Como sua amiga Terezinha, tambem volto ao passado com suas memórias, com a vantagem que eu tambem as vivenciei, ao contrario da Terezinha...hehehehe....Mas hoje lembrei-me do Seu Fernando, que homem bom, que sorriso lindo e como era bonito!!....Saudades......

Unknown disse...

Oi Juju!!!

Parabens hoje a cronica esta o maximo querida. Juju vc era e é demais amiga esperando anciosa a proxima Bom domingo Abrsssss Therezinha!!!!!!