quarta-feira, 16 de julho de 2008

Meu pé de laranja lima ou Meu pé de jabuticaba

Quando eu era criança, todas as casas tinham um jardim e os muros eram baixos, isto porque, automóvel ainda era artigo de luxo e a violência não imperava como hoje em dia........
O sobradinho da Leopoldo Machado, não fugia a regra...tínhamos um jardim, que hoje em dia vejo que era minúsculo, e o nosso portão vivia escancarado.....o jardinzinho tinha 3 canteiros...um que ficava no meio em forma de estrela e 2 nas extremidades em forma de triangulo....minha mãe plantava suas flores no canteiro de estrela e no canteiro em forma de triangulo que ficava perto da janela...o outro.....ah! o outro...ele era nosso!.....alí tinha areia , pedrinhas...pedaços de panelinha de barro, pedaços de bonecas....era alí que fazíamos comidinha, era ali que eu e o Jomar fazíamos nosso artesanato indígena......alí construíamos mal e porcamente nosso papagaio( hoje chamado de pipa)...alí era nosso mundo encantado.........
Quando mudamos para a Esmael Dias, nossa casa não tinha jardim......mas em compensação nos fundos do nosso quintal, tinha um pequeno pomar.....lá tinha pé de......pera, maçã, orvalha, ameixa,goiaba,,jabuticaba e pitanga.........acho que pé de pera e maçã tinha uns 3 ou 4.......eu lembro que muitas vezes minha mãe fazia compota com as peras....hummmmmmmmmm....dá até água na boca ao lembrar........na divisa do nosso quintal com o pomarzinho, tinha 2 árvores enormes....uma era de orvalha e a outra era uma jabuticabeira.......e era nessas duas árvores que eu vivia como uma macaquinha...pulava de uma para a outra....muitas vezes quando aprontava alguma arte brava, eu ia me esconder da minha mãe, no pé de jabuticaba...pois alí eu me sentia segura, ninguém me achava....rsrsrsrsrsrsrsrsr...
...eu adorava brincar com a Dalva a Lêda e a Soninha lá....na minha imaginação e tenho certeza de que na imaginação delas, o pequeno pomar, era o sítio do pica-pau amarelo......a uns 2 anos atrás fui visitar a Lêda e para minha tristeza, o nosso sítio encantado foi transformado em estacionamento.....não ficou uma só árvore para contar estória....uma pena!
Em 1968, o aeroporto de congonhas era a saída para os voos internacionais.....com isso meus primos de Curitiba, o Cidinho e a Andyara vieram para São Paulo e ficaram na minha casa...eles tinham um grande amigo que estava indo morar nos Estados Unidos...e meus primos quiseram ficar com este amigo até a hora do seu embarque..........eu adorei a estória, pois mesmo não tendo um contato mais assíduo com meus primos...eu gostava muito deles........
A Andyara estava lendo um livro e disse que estava amando a estória...com isso fiquei sapeando para ver o conteúdo, mas a Andy não dava trégua...rsrsrsrsrsr...o amigo deles foi embora, meus primos ficaram um pouco tristes, e também voltaram para Curitiba, mas antes de ir, a Andyara deu o livro para mim.....escreveu uma pequena dedicatória e falou para eu ler, somente quando ela estivesse na estrada...eu achei estranho mas segui a risca o pedido da minha prima querida...............no dia seguinte comecei a ler o..." Meu pé de laranja lima"
nossa! apesar de ter 17 anos, eu ainda conservava muito da minha inocência infantil...e me identifiquei com o Zezé.....não que eu apanhasse muito ...não....só que assim como ele, eu era encapetada e tinha a "minha árvore"....na minha imaginação, o pé de jabuticaba era meu....e muitas vezes conversava com ele...contava meus sonhos, lia para ele as poesias que fazia.....tenho a convicção que eram horrorosas, mesmo não mostrando para ninguém minhas poesias de rimas quebradas.. tinha a certeza de que o meu pé de jabuticaba admirava-as?!?!?!.......e com isso a estória do Zeze e da xururuca mexeu com a minha sensibilidade...e assim como o Zezé ficou doente quando o portuga morreu...eu também adoeci quando terminei de ler o livro.....pois chorei muito, mas muito mesmo....e me deu febre.....talvez por eu estar com a minha imunidade baixa...peguei uma gripe violentíssima, sem contar com o estado emocional debilitado devido ao livro....eu só sei que fiquei muito doente....e um dia meu pai apavorado e chorão do jeito que era, ajoelhou-se do lado da minha cama e ficou chorando pedindo para eu não morrer...minha mãe quando viu aquilo deu uma senhora bronca nele......e assim como o Zeze, aos poucos eu fui melhorando......mas como o Zeze olhou para o pé de laranja lima e viu somente uma arvorezinha, não a sua xururuca.....eu fiquei sabendo também, que os sonhos acabam.......e que a ilusão vive somente na nossa mente...........acho que foi por isso que fiquei doente....pois foi a partir do livro que comecei a amadurecer....pois até alí, eu era somente a Jurema encapetada e sonhadora......

Um comentário:

Unknown disse...

Oi Juju!!!!

Não acredito querida ,eu sabia tinha certeza que as arvores tambem marcaram sua infancia eu tambem fiquei muito marcada por uma mangueira no fundo do quintal de minha casa . Me lembro que papai era farmaceutico , eu morava num sibrado, farmacia ficava embaixo e nossa casa em cima A charmosa mangueira borbom la estava no fundo do quintal. Cada um tinha seu galho e o direito de colher a manga de seu galho Que beleza acompanhar o crescimento das manguinhas, quando estava madura eu tinha dó de apanha-la pois sabia que depois ñ ia encontrar a manga lá me esperando . Esta mangueira tambem foi lugar de esconderijo , reunião de amigos para contar seus problemas sua aventuras. Hoje Juju ñ existe mais isto vamos continuar nos deliciando com nossas reminicencias. Amiga obrigada pelos textos vc esta fazendo uma setentona mais feliz .Brssss Therezinha. Agora vou ler o outro texto e comentar!!!!!!